Capítulo Treze

CECÍLIA

— Estamos apenas demonstrando nossa afeição, não é, querido? — Sorri para o senhor FitzClarency.

Senti ele ficar rígido ao meu lado, mas continuei segurando seu braço. Essa era a oportunidade perfeita para eu mostrar ao meu primo que meu "marido" existia.

— Querido? — Richard repetiu confuso. — Mas... Esse é o homem que a ajudou aquele dia!

— Exatamente, por que acha que ele fez isso?

— Ele nem consegue reconhecer um casal apaixonado, não espere muita inteligência — Bia me ajudou e eu fiz questão de rir alto.

— Prazer em conhecê-lo formalmente, sou o senhor Evans, e o senhor é o...

— FitzClarency — Senhor FitzClarency finalmente falou e então me olhou e deu um sorriso estranho. — Cecília, não me disse que ele era seu primo.

Meu coração acelerou ao ouvir o senhor FitzClarency pronunciar meu nome tão intimamente. Porém, a voz nojenta do Richard me fez acordar.

— A senhorita Cecília gosta de pregar peças — Meu primo se aproximou de nós e então olhou o senhor FitzClarency de cima a baixo. — Quase desacreditei na existência do senhor.

— Eu reconheço o espanto dos vizinhos da Cecília, não é fácil casar com um homem tão impressionante.

Meu primo olhou com ódio para o senhor FitzClarency e confesso que me segurei para não fazer o mesmo. Por que ele estava se elogiando dessa forma!?

— Mulheres impressionantes merecem homens impressionantes, Thomas — Sorri.

— De fato — Ele continuou com aquele sorriso indecifrável para mim.

— Realmente um casal muito apaixonado — Richard pareceu zombar e então passou pelo senhor FitzClarency quase esbarrando em seu ombro. — Se me dão licença, vou assistir ao espetáculo, espero vê-lo novamente, senhor FitzClarency.

— Eu não estou tão animado para isso — Senhor FitzClarency respondeu e eu e Bia acabamos segurando o riso.

— Por qual motivo? — Richard não se abalou.

— O senhor parece ter uma personalidade muito desinteressante.

Dessa vez não consegui me conter e acabei gargalhando alto. Meu primo apenas seguiu seu caminho com passos apressados já que era nítido que ele não conseguiria vencer o senhor FitzClarency.

— Muito bem — Sorri com aprovação.

— Está satisfeita, senhorita Evans? — Senhor FitzClarency sussurrou para que somente eu escutasse.

Não pude deixar de me sentir um pouco decepcionada por ele atuar tão bem. No segundo em que meu primo saiu, o senhor FitzClarency já adotou sua postura e tratamentos formais novamente.

— Estou.

— Então... Poderia soltar meu braço?

Senti meu rosto esquentar e o soltei. Senhor FitzClarency ajeitou suas roupas e manteve uma distância respeitável de mim. Não tive coragem de ser atrevida e segurar seu braço como havia feito enquanto passeávamos.

— Obrigada pela ajuda — Agradeci. — Ele é meu primo e tenta casar comigo desde que meu pai faleceu.

— Foi por isso que a senhorita fez tudo isso? — Ele perguntou e eu assenti. — Sinto muito pela situação da senhorita.

— O senhor parecia com raiva quando estávamos atuando.

— Eu estava, gosto que me deem explicações para que eu realize determinadas ações.

— Isso parece o que um general diria — Acabei rindo e o senhor FitzClarency sorriu com diversão.

— Bom, não se preocupe, quando eu partir ele não irá incomodá-la mais — Ele me garantiu e então gentilmente pegou minha mão e colocou em seu braço.

Tudo que fiz foi forçar um sorriso e tentar me distrair com os belos vestidos que via nas senhoras que chegavam ao teatro.

Era estranho, mas eu estava começando a me acostumar com a presença do senhor FitzClarency e irritá-lo apenas para ver seu olhar incrédulo aos poucos se tornou um momento divertido para mim... Saber que ele um dia iria embora, me deixava com um sentimento desconhecido por mim.

— Ceci, você está bem? — Bia perguntou num tom baixo.

— Estou, claro.

— Não deixe o idiota do seu primo atrapalhar seu humor, hoje será divertido!

Assenti e sorri aliviada por ela não perceber o que realmente me incomodava. Felizmente não precisei fingir nada, já que o senhor Reagan logo apareceu distraindo completamente minha amiga.

— Até que enfim — Senhor FitzClarency cumprimentou o senhor Reagan com um aperto de mão.

— Ah agora entendi — Senhor Reagan olhou para nós três. — Estão querendo ter um encontro, mas sem excluir a senhorita Peterson.

— É exatamente isso — Senhor FitzClarency o olhou com irritação já que as pessoas estavam olhando e não podíamos contrariá-lo. — Acompanhe a senhorita Peterson, por gentileza.

Bianca não era nenhum pouco boba e logo entrelaçou seu braço com o do senhor Reagan que sorriu com diversão.

— Vamos entrar? No caminho esbarrei em alguns cartazes e descobri que a peça de hoje será interessantíssima!

— Sobre o que se trata, senhor Reagan? — Bia perguntou enquanto nos encaminhávamos para dentro.

— É uma adaptação de um acontecimento de alguns anos atrás — Senhor Reagan respondeu. — E será brilhante, pois se trata da vida do segundo príncipe de Fasnar.

— O segundo príncipe!? — Senhor FitzClarency perguntou espantado. — Alguém aqui conhece o segundo príncipe!?

— Não seja tão descrente, senhor — Respondi simplista. — Só porque é o general não significa que só o senhor o conhece.

— Mas seu marido, senhora FitzClarency, é extremamente próximo do segundo príncipe, são quase como um só.

Presenciei o senhor FitzClarency olhar de um jeito estranho para o senhor Reagan, mas não compreendi por isso deixei para analisar isso no outro dia com a Bia.

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