Capítulo 20. Imprensa

Ítalo não gostou de ver aquela cena, mas não falou nada, pois o importante era ver como Ella está.

— Como você está? — perguntou ele.

Ela levantou do colo de Magno. Romeu trouxe uma bandeja com o chá e um pote de biscoitos e colocou na mesa de centro, a frente deles, servindo a todos.

— Obrigada, Romeo. Era aquela mesma senhora, Ítalo e foi só um teatro, percebi que tinham pessoas filmando e isso provavelmente vai sair na mídia amanhã.

Ítalo se levantou e com a xícara na mão, foi até a porta dupla que abria para a varanda e ficou ali, pensativo.

— O que você está pensando, Italo? — perguntou Magno.

Ítalo entrou, pousou a xícara na bandeja e olhando sério para Ella, expôs seu pensamento:

— Talvez o que ele esteja querendo, seja uma intervenção nos seus negócios, provocar uma fiscalização para que você seja considerada inapta para o negócio e tenha que fechar tudo.

— Meus negócios são todos legalizados e passam sempre pela fiscalização e tem autorização para funcionamento até da secretaria de Saúde.

— Mas seu pai tem seus amigos influentes.

— Não entendo o porquê dele querer tanto estas terras.

— Seu pai está quase indo à falência, ele pegou dinheiro emprestado contando com este negócio e agora, se não fizer, não terá como pagar suas contas e cumprir com os contratos que fez com os associados.

— E por isso sou eu que tenho que pagar a conta?

— Calma Ella, não deixaremos ele fazer nada contra você. — disse Magno.

— Que tal você gravar um vídeo, contando a sua versão dos fatos? — sugeriu Romeo.

— Não vamos nos precipitar, é melhor irmos embora e Ella descansar de tudo que aconteceu. — sugeriu Ítalo.

Ella se levantou, agradecendo a todos e eles foram embora. Magno quis beijá-la, mas ela não permitiu, percebendo os olhares fulminantes de Italo. Assim que saíram, foi dormir. Toda aquela situação, a deixou esgotada.

Logo cedo estava formada a confusão no portão do sitio de Ella. A campainha e o telefone não paravam de tocar e Ella resolveu ir falar com eles e explicar a situação, podia ser que desse certo.

Foi recebida com varios flashes, cliques e muitas pergintas. Romeo se aproximou e organizou a confusão, para deixarem Ella explicar e ela pode contar o que estava acontecendo. Respondeu as perguntas e passou tranquilidade aos repórteres.

Até que no meio da entrevista, alguém falou:

— Bruxa!

Outro gritou do outro lado:

— Bruxa!

Os repórteres ficaram doidos, procurando quem falava,as as pessoas estavam espalhadas, infiltradas entre os repórteres e os curiosos. Até que mais um gritou:

— Matem a bruxa!

E o coro repetiu:

— Matem a bruxa!

Ella não viu de onde veio a pedra, que a acertou no ombro e quando se virou para ver de onde veio, outra a acertou direto na cabeça, não dava mais para ver de onde vinha e Ella caiu, sangrando e alguém gritou:

— Parem, parem, vão matá-la. Não é para matá-la!

Eles não esperavam que fosse sair do controle, pararam e todos observaram ela caída, desacordada e sangrando. Se assustaram e ps insufladores correram, mas o segurança contratado por Ítalo, embora não tenha conseguido protegê-la das pedradas, ligou para a polícia e para o socorro.

Os cinegrafistas filmaram todas a confusão e as pessoas que estavam ali e continuaram filmando tudo que aconteceu até a ambulância levar Ella para o hospital. Ficaram um tempo parados, chocados com tudo que aconteceu, mas era um furo e logo correram para suas emissoras para tentar dar a reportagem em primeira mão.

Romeu avisou Ítalo, que correu para o hospital, desesperado. Intuía quem era o mandante de toda aquela tragédia e não sabia o que seria capaz de fazer se o visse em sua frente. Chegou ao hospital e tentou se informar, mas teve que esperar, assim como Deia, que chegou logo que soube, pois já estava passando no jornal da manhã e a manchete era:

" A caça às bruxas voltou? Estamos voltando ao tempo do apedrejamento? "

Ítalo viu a notícia na televisão do hospital, o Sr. Bastos e Magno, também viram e foram para o hospital. O único com autorização para entrar foi o pai e Italo, que usou a certidão de casamento, mas só puderam olhar para o corpo imóvel no leito, através de uma janela de vidro.

Ítalo estava doido para socar o homem, mas o médico veio falar com os dois e explicar a situação:

— Senhores, a pedrada que a paciente levou na cabeça, foi muito séria, não temos como saber quando ela irá acordar, só nos resta esperar, sinto muito.

Ítalo ficou consternado com a situação, mas Bastos estava querendo que ela acordasse, para assinar os papéis que trouxe. Quando Italo percebeu o envelope em suas mãos e as segundas intenções, alertou:

— Não deixe ninguém, nem esse senhor, estar com ela, pode ter sido o mandante do ataque e quer tirar vantagem.

— Olha lá como fala de mim, moleque. — esbravejou Bastos.

— Retirem-se os dois ou chamarei os seguranças. — ordenou o médico.

Os dois saíram, sem saber que as pessoas causadoras do apedrejamento, estavam na delegacia, contando tudo ao delegado.

O linchamento encomendado passou em todos os jornais do estado e a notícia chegou até Magno, que ficou apavorado e depois de preparar as explosões na fazenda e voltar o curso do rio ao normal, deixou a conclusão para João e foi a cidade visitar Ella, no hospital.

Chegou ao hospital e precisou passar por vários repórteres, para tentar entrar.

— O senhor vai se consultar ou fazer visita? — perguntou o segurança.

— Visita.

— O senhor é parente?

— Namorado — mentiu.

— Se não é parente, as visitas estão canceladas até segunda ordem.

— Por favor, preciso saber se minha namorada está bem, é a doutora Ella, que foi apedrejada.

O segurança deu uma risada e comunicou:

— Conta outra, amigo, o marido dela está lá dentro, agora. Não perca mais tempo.

— Se for o Senhor Italo Máximus, ele está mentido e pode fazer um grande mal a ela.

— Vá na delegacia e dê parte.

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