Terminou o banho, pensando no abraço que deixava o seu filho melhor. O abraço que vem justamente de quem ele estava tentando destruir.
Tinha vontade de bater em si mesmo pela cafajestada que estava aprontando com ela, tudo por conta de um documento assinado pelo seu pai em acordo com o pai dela.
Se vestiu e deitou em sua cama, mas ficou remoendo todas aquelas coisas e não parava de pensar em como se sentia atraído, puxado como um ímã, para Ella. Daria um jeito de mudar essa situação, mas primeiro, cuidaria de seu filho.
Na semana seguinte, Ítalo não conseguiu descobrir nada com o doutor, pois Jonh havia voltado ao estado de fraqueza, os resultados dos exames chegaram e o médico não tinha boas notícias.
— Fala logo, doutor.
— O tratamento com as enzimas manteve ele até aqui, mas ele entrou em um retrocesso e a doença avançou. A doença de Gaucher no estágio 1 ou 3, não tem cura, mas o paciente pode ir tratando e até ter uma vida normal, mas ele entrou no estágio 2 da doença e é muito raro, quem nasce com essa doença genética, não chega nem até os dois anos de vida, como começamos logo o tratamento, talvez tenha impedido o desenvolvimento, não sei explicar.
— Como assim, doutor, não sabe explicar?
— Acho que a vida dele, até agora, foi um milagre. Tudo que podemos fazer agora por ele, é continuar o tratamento com enzimas e tornar a vida dele o mais confortável possível.
— É o que estou entendendo, doutor, não tem mais jeito?
— Não. Olha como a barriguinha dele está inchada, ele está cada vez mais cansado, fraco, por causa da anemia. Logo ele não se aguentará mais de pé, a doença ataca o fígado e o pâncreas e ninguém vive sem esses órgãos.
— Então tá, doutor, me passe os procedimentos e seguirei a risca.
Ítalo saiu do consultório, de mãos dadas com o filho, mas logo o pegou no colo, pois estava muito fraco. Foi para casa, deitou-o na cama e saiu para cavalgar. Parou no alto do morro e gritou, quase assustando o cavalo, extravasando sua angústia pela vida do filho.
Chorou até não ter mais lágrimas e olhou tudo à sua volta e viu as terras que seu pai e o sócio queriam.
— Como, Ella, você conseguiu , com um abraço, melhorar a saúde dele? Por quê não o curou como fez com tantos outros? É vingança, é?
Sua raiva foi toda canalizada para aquele espaço onde morava e trabalhava Ella. Pegou a espingarda que sempre carregava consigo e atirou no telhado de vidro da estufa, era só um desabafo, achou que pela distância, não afetaria a construção e em um primeiro momento, realmente, nada aconteceu, não satisfeito, deu outro e parou.
— Vamos ver por quanto tempo resiste!
Cavalgou de volta e tentou se conformar, sua mulher morreu por uma doença no fígado e agora o filho está com o mesmo mal. Seguiria o conselho do médico e faria o máximo que pudesse, para que ficasse confortável.
Não passava pela cabeça dele, que a culpa não era de ninguém e que ele podia ter conversado com ela e perguntado sobre o xarope e o mel que ela disse que melhoraria Jonh. Ele estava tão focado em si mesmo que não conseguiu vencer o sentimento que seu pai e o pai dela colocaram neles de que um devia derrotar o outro.
Bastava apenas tentar conhecê-la, saber o que ela realmente fazia e focar em dar uma vida mais feliz para seu filho, mas tudo o que fazia era destruir ao invés de construir. Ela deu a ele o caminho da cura, mas ele não o seguiu. Bastava amar seu filho e demonstrar esse amor.
*
Três dias se passaram e um temporal caiu sobre a cidade, com ventos muito fortes e os tiros que Ítalo deu com raiva, mirando as estruturas do sítio, fizeram seu efeito. Um dos tiros atingiu o galho da árvore próxima da estufa, que se partiu e foi em direção ao teto da estrutura, onde outro tiro havia causado uma rachadura no vidro do teto e ele se quebrou, levando com o vento toda a estrutura abaixo e ao redor.
O estrondo foi enorme, os animais se assustaram e alguns fugiram. Quando a tempestade passou, estavam sem luz e Ella, assim como alguns funcionários que moravam próximo e ouviram o barulho, saíram para ver o que havia acontecido. Ella caiu de joelhos no chão, vendo o tamanho do estrago e chorou.
Todas as suas plantas, cultivadas por anos, estavam pelo chão e achatadas pelo teto de vidro. O cuidador dos animais, veio correndo dizer que precisavam de ajuda para recolher os animais, pois podiam se perder ou sofrer quedas e ferimentos, por não estarem acostumados com o terreno.
Ella olhou aquilo tudo e levantou-se, não podia se dar ao luxo de sentir pena de si mesma, tinha que arregaçar as mangas e tomar providências.
— Na minha garagem tem lanternas de emergência, vou ligar para os bombeiros e ver quem pode ajudar.
O cuidador pegou as lanternas, deu para quem já estava ali e foram atrás dos animais. Dois casais de amigos e outros três funcionários chegaram para ajudar com os animais. Os bombeiros tinham outras emergências e não puderam vir, mas a companhia de energia elétrica compareceu e resolveu a falta de eletricidade.
O dia amanheceu e a maioria dos animais estava nos cercados, faltaram só dois coelhos e o galinheiro ficou firme.
— Senhorita Ella, quero lhe mostrar uma coisa.
— Me chame só de Ella, Osmar.
— Como queira.
Ela o seguiu e chegaram onde estava o galho da árvore, sobre o vidro do teto quebrado.
— Sim, o galho quebrou e caiu sobre a estrutura de vidro e quebrou tudo.
— Sim, mas não foi atoa que esse galho quebrou, muito menos o vidro.
— Como assim? Explique melhor.
— Olha a parte em que o galho quebrou, ele foi atingido por um tiro de grosso calibre de uma espingarda.
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Atualizado até capítulo 63
Comments
Expedita Oliveira
💔💔💔💔💔💔💔💔💔💔💔💔💔💔💔💔💔💔💔💔💔💔💔😭😭😭😭😭😭😭😭😭😭😭😭😭😭😭😭😭😭😭😭😭😭
2025-03-16
1
Maria Alves
😭😭😭😭😭😭😭😭😭😭😭😭😭😭😭😭😭😱😱😱😱😱😱😱😱😱
2024-10-20
2
Maria Luísa de Almeida franca Almeida franca
e verdade ela merece um homem de verdade para proteger desse bando de abutres invejosos
2024-08-21
2