Capítulo 17

Meu dia de folga não foi nada bom.

O chefe Calligan disse que não poderia rastrear o número da Prya, a não ser que houvesse uma investigação e como ele achava que minha irmã não estava desaparecida, praticamente me expulsou da delegacia.

Eu não tenho nenhuma outra pista, nenhum ponto de partida para encontrar Prya e por mais angustiado que eu esteja preciso esquecer dos meus problemas e tornar tudo mais confortável para Maddy.

Tenho que me controlar com ela sentada no meu sofá, quero conhecê-la, buscar respostas sobre o mistério da sua doença. Mas quando ela diz que precisa falar comigo, minha admiração cresce potencialmente ao perceber que fui manipulado por ela.

Madelaine acordou com a ideia de me fazer sair de casa e entrar na floresta, depois me fez entrar em casa mesmo sem o mínimo sinal de chuva, minha curiosidade cresceu, me inclino mais para perto dela, suas mãos estão trêmulas e seu olhar baixo. Meu peito aperta.

- Hey\, garota. Qual o problema?

- Você precisa me ouvir.

Ela me encara, seus olhos estão lacrimejando e fixos, vidrados.

- São as vozes?

- Eu não ouço vozes\, Astra – ela faz uma pausa\, eu não estou surpreso por isso\, embora eu a veja todos os dias apática e sem emoção\, com a voz arrastada e os movimentos lentos\, seu cérebro parece verdadeiramente único – eu não sou esquizofrênica e Jack não é o que parece. Ele é perigoso.

- Ele só quer o melhor para você – eu me engasgo com as palavras ao me lembrar de como ele agiu estranho no outro dia\, apenas pela ideia de dar á Maddy algo para melhorar.

- Ele é um assassino.

Minha cabeça balança para cima e para baixo, talvez seja aí que está, a esquizofrenia, as alucinações. Jack parece conservador e enérgico, mas daí para ser um assassino? Já seria demais. Um homem ruim não cuidaria tão bem da esposa doente.

- Astra...

- Acho que é melhor voltarmos para a casa. Você precisa descansar.

- Não\, eu preciso que acredite em mim.

- Faz quase um mês que estou cuidando de você\, Maddy. Só agora você me disse isso.

- Eu estava com medo.

- Não – me levanto bruscamente – olha\, eu preciso desse trabalho\, tá bem? As pessoas tem que me levar a sério.

Eu devia explicar a ela que não sou um cara legal, eu me atraio por confusão como um imã e no fundo, amo isso. Mas não posso, não dessa vez, porque encontrar minha irmã só depende de mim.

Então estou irritado, ajustando a cadeira dela para tirar Maddy da minha casa o mais rápido possível.

- Astra – ela se arrasta no sofá e tenta firmar as pernas\, não sei o que pensar\, se isso é uma alucinação da esquizofrenia\, por que ela parece tão racional?

- Por favor\, não me faz ter que medicá-la.

- Tá bem\, desculpe. Só faz um favor para mim? Não precisa ser agora\, mas quero que pesquise um nome para mim.

- Qual nome?

- Cecil Balthazar. Ela foi uma vítima e acho que não foi a única.

- Eu vou te levar para casa – eu a pego no colo e a coloco na cadeira\, ela encaixa os pés sozinha – Maddy\, porque não consegue andar?

- Os remédios eu acho – Freya pula em Maddy e ela a afaga – eu sou formada em história da arte\, cursei em Los Angeles. Meu pai tinha um estúdio que ajudava filmes independentes\, nada glamuroso como os filmes hollywoodianos e minha era musicista. Nunca tive problemas psiquiátricos.

Ela procura meus olhos, quer que eu a veja, que dê razão a ela.

- Sinto muito.

- Cecil Balthazar. Pesquise por favor.

- E se eu encontrar alguém com esse nome?

- Pode ser que acredite em mim.

Eu a levo para casa, Maddy chora baixinho por todo o caminho, eu ignoro. Não é problema meu. Jack me contratou e foi claro mais de uma vez, eu só tenho que dar os remédios a ela e já estou falhando nisso.

Quando a coloco na cama, Maddy não diz uma palavra, abro o estojo e pego o frasco, me sinto devastado por dentro, como se eu estivesse praticando algum tipo de violência quando Madelaine. Afinal, ela não estava de acordo com a medicação ou com minha presença ali.

- Eu tenho que fazer o que seu marido me pede\, Maddy – digo de cabeça baixa\, evitando olhar para ela.

- Eu sei\, tudo bem.

- Porque se eu não fizer e algo ruim acontecer com você\, além de perder o emprego\, vou me culpar o resto da vida.

- Eu sei.

- Vou pesquisar o...

- Não. Aqui não.

Eu olho para ela novamente, talvez Madelaine acredite que somos vigiados. Eu sei que não, já olhei a casa atrás de escutas e câmeras escondidas. Não que eu estivesse pensando em aprontar alguma, costumes antigos são difíceis de mudar.

- Me desculpe.

Eu me viro para ela e Madelaine olha para o outro lado, minha mão toca seu braço, a marca roxa tem as bordas amarelas, como se quisesse cicatrizar, quando a agulha entra, ela geme de dor. Empurro o líquido até o final em poucos minutos Madelaine dormirá.

Não resisto a me inclinar e beijar sua bochecha, a pele dela é macia e aveludada como a casca de um pêssego, me faz querer ficar, ela vira-se para mim e nossos rosto se encontram, eu só preciso inclinar um pouco e deixar que ela faça o resto, mas antes que nossas bocas se encostem ouço a porta da frente de abrindo.

Não é um rangido, apenas um clique da maçaneta.

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