Capítulo 13

Arrumo Maddy na cama depois da medicação. Jack vai chegar logo então garanto que tudo está no lugar, exceto pela tela que peguei no porão, não que eu ache que Madelaine foi uma pintora de sucesso anos atrás.

Suas pinturas eram muito objetivas para fazer sucesso, ela precisaria cuspir tinta aleatoriamente sobre a tela para dizerem que é arte. Mas eu a queria.

Me sento na poltrona de frente para ela, Madelaine sempre se agita quando está na cama, mas com o remédio começando a fazer efeito, ela não pode reagir.

Jack entra no quarto cinco minutos antes do habitual, ele tem um sorriso permanente nos lábios, se aproxima e aperta minha mão, depois beija o rosto da esposa, tão respeitosamente que não evito um sorriso, Maddy precisa desse carinho.

- Como foi hoje? – ele pergunta em alemão.

Eu não estou realmente mentindo para ele, se Jack quer falar comigo na língua oficial da Áustria não há motivos para informá-lo 0que falo outro idioma. Além disso, ele parece muito seguro acreditando que eu e Maddy não mantemos nenhuma comunicação.

- Bem\, seguimos a rotina – eu limpo a garganta e esfrego as mãos nas coxas\, a presença de Jack sempre me deixa nervoso\, ele inclina a cabeça e levanta as sobrancelhas – não\, é que os raios fizeram a energia cair\, mas eu desci no porão e consertei.

- Que estranho\, isso não costuma acontecer. Maddy ficou bem?

- Sim\, acho que ela não notou.

Ele anda pelo quarto, fica de costas para mim enquanto retira seu relógio de frente para cômoda, eu só posso ver seu rosto de lado, sério.

- E está tudo bem lá embaixo.

- Está\, é... – me levanto porque estou nervoso demais para continuar sentado\, olho para Maddy e ela está com os olhos semicerrados\, ainda acordada – eu vi o trabalho da Sra. Baumgartner\, são pinturas lindas.

- Era um hobby.

- Eu pensei que poderia trazer alguma coisa para cima\, talvez um cavalete e algumas tintas apenas\, tem espaço na biblioteca.

- Madelaine não pinta mais.

- Talvez não da mesma maneira\, mas pode ajuda-la a se manter na realidade.

- Eu disse – ele se vira para mim\, quase não o reconheço\, é como se a sua expressão dura o transformasse em outra pessoa\, até mesmo seu andar enquanto se aproxima da cama parece outro – Madelaine não pinta mais.

Ele a encarra, seus olhos estão quasse se fechando, mas ela consegue olhar para mim por um breve momento, como se implorasse para deixar para lá. Sinto um peso enorme no ar, fica difícil respirar. Não sei dizer o que está errado.

O medo, ele tem um cheiro e Madelaine está impregnada com ele, mesmo com o aroma de lavanda dos lençóis que se agitam quando Jack a cobre, eu o sinto. Coço o nariz para que ele suma, Jack me olha e seu sorriso está lá outra vez.

- Apenas a medique e cuide de suas necessidades\, eu aviso se algo mudar.

- Sim\, senhor. Me desculpe.

- Pode ir agora\, ela está comigo.

Eu desço pelas escadas tão rápido que acabo pulando vários degraus, não sei porque estou assustado, mas quero sair daquela casa, eu fecho a porta atrás de mim, mesmo querendo correr eu ando pela lateral e tiro a tela de trás do primeiro arbusto, é um pouco maior que uma folha de sulfite e cabe perfeitamente dentro do meu casaco, as goras de água gelam minha pele, sinto meu ventre se agitar, mas não é só isso. Aperto a passo.

Penso em Maddy sentada naquele porão, na minha imaginação, ela não veste nada além de uma camiseta de banda desbotada, é uma camiseta minha e fica quase como um vestido para ela, suas coxas estão sujas de tinta, o cabelo preso no alto da cabeça, vários fios rebeldes. Ela passa o pincel sobre a tela em um movimento longo e firme. É sexy demais para aguentar e quando a imagino com um óculos de armação escura na ponta do nariz, meu corpo esquenta.

E eu quero tocá-la, afastar suas coxas e deslizar minhas mãos entre elas.

- Para\, Astra. Isso é errado.

Empurro a porta de casa, busco segurança e sanidade. Mas encontro um par de patas enormes que batem no meu peito e lambidas ásperas no meu pescoço.

- Hei\, você cresceu mais de ontem pra hoje? – eu brinco tirando o animal de cima de mim.

Seu pelo escuro me faz lembrar a escuridão do porão e penso que vou precisar de uma lanterna se acontecer de novo. Então me lembro que celulares tem lanterna e que ainda não consegui um desde que saí da cadeia.

Um estalo na minha mente me faz agarrar Freya, ela se agira, mas alcanço a placa em sua coleira.

- É isso\, o número da Prya.

Ligo o computador, depois de longa espera do navegador, pesquiso como rastrear um número de celular. Não demorei muito tempo para perceber que se eu quisesse um serviço assim de forma particular teria que desembolsar uma grana e nem sabia que seria algo dentro da lei.

A última coisa que preciso é voltar para a cadeia. Eu realmente preciso falar com o Chefe Calligan.

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