Capitulo 5

Não sei quando comecei a gritar, ou como consegui me levantar, me sinto dopada. Me apoio na parede e agarro a haste do abajur, mirando de um homem para o outro na minha frente.

- Maddy\, querida.

- Não me chame assim – me viro para o outro homem na sala\, nosso jardineiro - você tem que me ajudar\, precisa chamar a polícia\, esse homem é um assassino..

O jardineiro olha para Jack, mas não parece mais preocupado do que estava.

- Ah\, Maddy. Ele não entende você.

Jack dá um passo mais perto de mim, no desespero, bato o abajur no chão, a lâmpada se quebra e tudo fica parcialmente escuro, ainda vejo os dois avançando sobre mim quando Jck diz algo em alemão.

O jardineiro me segura e me contorço até estar no chão, mas ele não me solta, vejo a aflição no seu olhar, sei que se ele me entendesse, se Jack me deixasse usar a internet para traduzir algo, as coisas seriam diferentes.

Jack se aproxima com aquele maldito estojo outra vez, estou tão desesperada que não sinto a picada, apenas quando meus olhos pesam sei que ele me atingiu e o odeio por isso.

Antes que eu apague, eles me colocam na cadeira de rodas e entre as coisas que falam, ouço a palavra “Schizophrene”, Jack tem dito muito isso, ao telefone para explicar seu sumiço do trabalho e principalmente para nossos funcionários.

- Não dá para continuar assim\, Maddy – ele beija minha testa – eu te amo tanto\, mas não posso mais cuidar da sua doença sozinho.

Toda vez que ele diz coisas assim, acho que chegou o dia em que ele me mata. Mas nunca é. Jack apenas me leva para a cama e me coloca para dormir, ás vezes, ele usa um remédio que não me faz dormir, mas me deixa completamente apática, eu nem mesmo consigo virar a cabeça. Quando estou assim, é comum que ele se masturbe ao meu lado.

Não sei qual sentimento eu tenho nessas horas, ás vezes eu o odeio tanto que quero mata-lo, ás vezes quero pedir que ele me dê um pouco de prazer também.

Quando Jack me leva para tomar Sol e conversa comigo sobre á floresta e as lendas dos alpes austríacos que tiravam seu sono quando menino, eu quase posso voltar no tempo, exceto que eu não consigo ter reação e quando tenho, é sempre para pedir socorro.

Sei que ele inventa histórias sobre mim para as pessoas, certamente diz que estou louca ou algo assim. É por isso que ninguém me ajuda.

Mas eu ainda estou aqui, ainda penso e tenho vontades, na maior parte do tempo, quando as drogas permitem e me lembro do que aconteceu.

O interfone toca estridente, por um momento, penso que alguém pode estar me procurando, mesmo sabendo que eu não tenho ninguém além do Jack.

Ele libera a entrada e volta para massagear meus pés, quando ele faz isso, quase acredito que posso me levantar sozinha.

Leva muito tempo até que alguém chegue á porta da frente, com certeza está a pé, ou não demoraria tanto para cruzar o espaço da entrada da propriedade até a casa.

Jack me beija e o atende, não adianta prestar atenção, nem mesmo as entonações em alemão são comuns para mim.

Afasto meus pés do apoio e alcanço o chão, sei que a cadeira esta travada ou já teria deslizado, seguro firme nos apoios de braço e uso toda a minha força para levantar, não é muito. Minhas pernas parecem feitas de gelatina, não sinto minhas coxas e meus joelhos cedem.

É um baque surdo, mas o suficiente para atrair a atenção do meu esposo.

- Madelaine? – ele chama.

Ouço os passos chegando, mas sinto cheiro de chocolate e fumo quando ele se abaia e respira perto de mim. Esse não é o cheiro de Jack, levanto meus olhos quando sou aparada por ele, olhos castanhos claros tão simpáticos que chegam a me causar rubor.

- Me ajuda.

Ele me olha nos olhos e me levanta na cadeira, tem algo na forma como ele me olha que não existe em ninguém mais que entra nessa casa.

Então Jack se aproxima e só então percebo como aquele estranho é alto, comparado a Jack que mal chega á seus ombros. Meu marido apoia a mão nas costas do estranho e sorri.

Ele resmunga algo em alemão e o encara pedindo auxílio. Ele sabe como eu odeio não entender as coisas, por mais que eu não fale muito ultimamente.

- Eu disse que ele é qualificado.

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