Capítulo 12

Amelia

Assim que eu vi aquele menino que era quase como o menino que eu idealizava eu senti que ia desmoronar, mas eu sabia também que eu seria capaz de me manter firme e amar aquele pequeno, faria isso pelo meu marido, pelo meu casamento.

Qual não foi minha surpresa ao ser respondida daquela forma pelo pequeno que tinha uma voz tão doce, todos pareciam surpresos com a resposta que eu obtive. Muita gente me conhecia e todos sabiam o quão apaixonada por crianças eu era.

Corri para o meu quarto porque foi impossível conter o choro, eu me senti deslocada dentro da minha própria casa, era como se eu fosse uma intrusa atrapalhando o momento perfeito. E nossa aquela mulher era tão linda, parecia bastante segura, sua presença era tão imponente tenho certeza que a minha sogra amaria se os dois voltassem.

Assim que eu abri a porta do banheiro encontrei o meu marido me encarando, ele abriu os braços para mim e eu me permitir ser envolvida por seu carinho, seu abraço cheio de amor, ele beijou os meus cabelos enquanto me apertava tentando me consolar.

- ele é só uma criança – disse, concordei porque de verdade eu entendia, todos os anos durante cinco anos eu iniciava uma turminha nova, e sempre tinha algum que era mais rebelde e de início não aceitava bem sua nova rotina – eu tinha prometido que ontem eu iria até ele, por isso eles estão aqui.

- Tudo bem, não tem problema – assegurei, não tinha problema, ele era o pai, o certo era ele procurar o filho e não o contrário, eu podia abdicar de algumas horas de Gustavo para que ele começasse a conhecer o filho que ele passou tanto tempo afastado. Seus dedos macios tocaram o meu rosto limpando algum resquício de lagrima, notei que ele já havia mudado a roupa – vá fazer companhia a ele, daqui a pouco eu desço para preparar o café da manhã.

- conversarei com Marcela mais tarde, precisamos acertar algumas coisas principalmente essa situação – apenas concordei, ele se aproximou e me beijou nos lábios garantindo que estávamos bem – te espero lá em baixo vida.

O mais devagar possível eu me arrumei, queria bancar a menininha e correr para ligar para os meus pais, mas eu já era uma adulta e tinha que encarar a situação de frente, Pedrinho era só uma criança que queria o amor do pai, queria ficar perto depois de tanto tempo.

ao lembrar da mulher em minha sala com um vestido elegante na cor vinho que eu tenho certeza ser de alguma marca famosa eu encarei o vestido simples amarelo no qual eu pretendia vestir, ele tinha as mangas no estilo ciganinha bem apertadinhas, eram ombro a ombro soltinho no corpo cheio de pequenas florezinhas, o seu cumprimento iam até o meio das minhas pernas, eu me sentia insignificante. Mas não ia mudar o meu jeito, a minha roupa por conta da presença dela.

Ao chegar na sala me desarmei com a cena, Marcela estava no meu fogão aparentemente terminando uma panqueca enquanto o pequeno Pedrinho enfeitava outra ao lado do pai, os três pareciam tão perfeitos juntos, pareciam uma família, e mais uma vez me senti uma intrusa. Prestes a voltar para trás ouvi a voz do meu marido

- minha vida, que bom que desceu – disse o meu marido sem de fato me encarar, ele reconhecia de longe o meu cheiro – Pedrinho está me ensinando como gosta de sua panqueca, vem ver amor.

- não – o menino negou de imediato que eu me aproximasse.

- como não filho? – Gustavo tentou intervi, desta vez ele me encarou preocupado com a minha reação.

- eu não quero que ela faça a minha panqueca – disse ele sem me encarar, mas deixando claro que não suportava a minha presença, Marcela como mãe devia tentar me incluir na conversa com a criança junto ao meu marido que não tinha qualquer tato para isso.

- prontinho, três panquecas feitas – ela disse se aproximando dos dois, quando sua mão deslizou no cabelo do filho eu notei uma aliança em seu dedo, quase que o meu suspiro saí alto de mais tamanho alivio que eu senti. Mas então eu notei, três panquecas apenas? – oh docinho, eu esqueci de você – disse me encarando

- não tem problema, eu não como panquecas minha esposa pode ficar com a minha – Gustavo disse batendo uma mão na hora vindo em minha direção, ele me bbeijouna bochecha depois enlaçou a minha cintura e beijou os meus cabelos inalando o meu cheiro que ele tanto amava. Ele não estava fazendo charme, de verdade não comia nada que tinha massa pela manhã – tenha paciência meu amor, ela pediu para fazer o café de Pedro e eu não vi problema – sussurrou.

- eu adoro panquecas – declarei, não era mentira, mas o menino também não me deu moral, pedi a ele para me ajudar com a minha que eu não sabia como decorá-la mas ele se negou – o que você acha de um piquenique?

- papai pode me levar em um piquenique com a mamãe? – indagou o menino para o pai claramente me excluindo novamente, a mulher me encarou fingindo estar constrangida, mas obviamente era uma farsa – papai você prometeu ficar comigo – voltou a insistir quando não obteve resposta, eu encarei o meu marido que estava sentado ao meu lado e só então percebi que ele estava me encarando, eu entendia o seu receio, ele ainda não tinha tanta intimidade com a criança, e era a primeira criança que ele convivia, sabendo que ele negar poderia abalar sua relação com o filho eu acenei com a cabeça o incentivando a ir

- então vamos ao piquenique – declarou o meu marido fazendo o filho comemorar animado pulando no colo do pai, Marcela me oferecia um sorriso tímido, algo me dizia para não confiar nela.

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