Capítulo 04

Paulo Gustavo

eu não pude acreditar no que eu estava ouvindo, andei de um lado para o outro, era como se eu fosse um animal enjaulado.

- Nós precisamos conversar – voltou a dizer me tirando dos pensamentos, mas eu não queria ouvir sua voz, não agora.

- Eu vou procurar aquele filho da put4, e você vai assinar aquela porr4 – avisei

- Ainda tem mais – disse, e pela primeira vez notei que estava nervosa

- Como assim ainda tem mais Marcela? Do que você está falando? – eu estava nervoso, eu odiava saber que tudo estava fugindo do controle, tudo o que eu queria era está na minha casa com a minha esposa em meus braços.

- Pedrinho

- Pedro, o nome do meu pai era Pedro, por que diabos está falando no diminutivo? – indaguei ríspido

- Pedro, é o nome do nosso filho – jogou a bomba de uma vez e por uns segundos que pareceram a eternidade eu senti o ar fugir do meu pulmão, também era possível ver que por alguns segundos o meu coração parou de bater.

O lugar tinha se tornado abafado, eu mal podia respirar. Apenas me levantei depositei o dinheiro no balcão e me virei para ela.

- Em que quarto você está?

- Na cobertura, número 309.

Avisou, eu concordei em seguida sai dali, minha ex esposa me conhecia o suficiente para saber que eu precisava de um tempo. E se isso for verdade? Se toda a merda que ela disse for verdade o que será de Amélia e eu?

Em momento algum eu penso em abdicar da minha vida com ela, eu a amo, e sei que é recíproco, eu farei de tudo para resolver a minha situação com Marcela e ter o meu casamento com a Amelia válido, mas para isso eu precisava confirmar se tudo o que minha ex dizia era verdade.

- Senhor? – Bruno atendeu assim que eu liguei para ele

- Avise ao piloto que a minha ida pela manhã vai ser adiada, tenho assuntos importantes para tratar – avisei

- Senhor, as coisas que encomendou para o piquenique com a senhora Gutemberg, é para cancelar também? – no mesmo instante lembrei-me que pedi a ele para encomendar uma cesta com as coisas da cidade que Amelia gostava, eu pretendia cumprir minha promessa e levava ao final do nosso terreno onde tinha uma bonita lagoa e era ótima para piquenique, fazíamos isso de vez enquanto e seria o momento ideal para falarmos sobre o nosso futuro filho.

Mas agora e se eu tivesse um filho com outra mulher, como ela se sentiria? Como ela reagiria? Nem eu mesmo consigo saber exatamente o que eu estou sentindo no momento.

- Pode ligar para a padaria dos meus sogros e pedir que enviem uma cesta de café da manhã lá para a mansão? – indaguei e ele concordou

- O senhor precisa de algo mais?

- Um advogado

- Mas e o senhor Fernando?

- O demita.

Pedi em seguida sem dizer mais nada eu desliguei a ligação, eu não queria, mas fui descontente para a mansão da minha mãe, eu queria ir para a piscina pensar, mas tinha a maldit4 reforma, chegando no meu quarto eu decidi ligar para a minha esposa, eu precisava ouvir sua voz.

- Amor, está tudo bem? – indagou ela assustada, os seus cabelos estavam revoltos e ela estava vestida com uma camisa minha, ela ligou o abajur e esfregou a mão na cara tentando despertar mais um pouco e eu pude ver o brilho da sua aliança tilintar em seu dedo, o peso de que aquilo poderia não ser verdade me golpeou

- Está sim minha vida – garanti, em seguida engoli em seco – eu só não consigo dormir com a ideia de que eu não posso te ver antes de fechar os olhos.

Eu pude ver o exato momento que ela corou me deixando ainda mais apaixonado, Amelia se alegrou em me contar sobre as crianças e o seu dia na escola, não consegui contar a ela que talvez eu não voltaria amanhã, ela dormiu em meio a nossa conversa e eu deixei o meu celular ligado, mas em algum momento ele descarregou, suspirei.

- O que você faz aqui tão cedo? – indagou Marcela ao abrir a porta na manhã seguinte, eu não respondi, ela sabia o motivo de eu estar ali, ela se afastou em um claro sinal de que era para eu entrar, meio receoso eu fiz

- Papai – o menininho com uma janelinha na boca disse, ele era definitivamente uma cópia minha, sem exageros. O mesmo jeitinho franzino que eu fui um dia, os olhos azuis brilhavam assim que me viu.

- Eu sempre contei a ele sobre você – disse Marcela, mas eu não a encarava, eu só tinha olhos para o menino que era exatamente do mesmo jeitinho que Amelia dizia que o nosso filho seria. Não demorou eu senti os pequenos braços dele circularem as minhas pernas.

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