SEM LIMITES - Livro 01

SEM LIMITES - Livro 01

Capítulo 01

...NICK...

Antes de mais nada, me sinto no dever de avisar que esta não é uma história de amor tradicional. Para ser honesto, essa história é tão complicada que nem chega a ser bonita. Ainda mais quando você é o filho bastardo do baterista de uma das bandas de rock mais aclamadas do mundo, não é de se surpreender que seus relacionamentos sejam complicados. Acrescente na mistura uma mãe egoísta, mimada e autocentrada que me criou e o resultado vocês já devem imaginar que não tem nada de positivo.

Poderia dar início nessa história em diversos lugares: no meu quarto, onde eu abraçava minha irmã, Mia, que vivia chorando por conta da crueldade verbal da nossa mãe; ou na porta da casa, de onde ela via, com lágrimas escorrendo pelo rosto, meu pai me levar para passar o final de semana, deixando-a sozinha com minha mãe. Ambas as situações aconteciam com frequência e me marcaram para sempre.

Eu odiava ver Mia chorar, todavia, tive de aprender a lidar com isso. Mia e eu tínhamos a mesma mãe, mas nossos pais eram diferentes. Meu pai era um roqueiro famoso, que me introduzia, sempre que tinha oportunidade, no mundo de sexo, drogas e rock and roll nos finais de semana e por um mês inteiro durante as férias de verão. Ele nunca se esquecia de mim, nunca inventava desculpas, se fazia sempre presente em todos os momentos da minha vida.

Por mais imperfeito que ele fosse, Rush Finlay sempre aparecia para me buscar, mesmo quando estava bêbado ou chapado. Já o pai de Mia era o oposto: ele não se importava com a filha. Ele a deixava sozinha quando meu pai me pegava e, ainda que eu adorasse passar os dias com ele, ficava deprimido sabendo que minha irmã precisava de mim. Podíamos dizer que eu representava a figura paterna para ela. Eu era a única pessoa em quem confiava para cuidar dela e isso fez com que eu amadurecesse mais rápido que os demais garotos da minha idade.

Quando eu pedia ao meu pai para que levasse Mia conosco, ele balançava a cabeça negativamente com o argumento de que a minha mãe jamais deixaria, e não dizia mais nada. Eu compreendia que, se minha mãe não deixava, não havia esperança. Então, Mia ficava sozinha. Eu odiava toda essa situação e queria poder odiar alguém por isso, mas eu era uma criança e era muito difícil odiar a minha mãe.

Então eu aprendi a direcionar o ódio e o ressentimento ao homem que nunca ia vê-la. Odiei com todas as forças o homem cujo sangue corria pelas veias de Mia, embora ele não a amasse o suficiente para mandar sequer um cartão de aniversário.

Uma vez, Mia pediu a minha mãe que a levasse até a casa do pai. Ela queria ter a oportunidade de ver o rosto dele e conversar. Eu sempre achei, no fundo, que a minha mãe nunca tinha contado pra ele sobre a existência da filha e, por isso, Mia vivia num conto de fadas em que num belo dia seu pai surgiria para salvá-la e lhe dar o amor que ela tanto desejava.

A casa dele ficava numa cidadezinha no interior do Alabama. Era uma casa muito menor que a nossa, mas para Mia era a casa perfeita. Mas não era a casa ou a cerquinha branca que a rodeava ou as bicicletas encostadas na porta da garagem que assombravam a minha irmã, era a garota que lhe abria a porta. Ela tinha cabelos compridos tão loiros que eram quase brancos. Mia achou que ela era uma princesa.

Então ela observou ao redor e viu as fotos na parede que mostravam a menina junto com outra exatamente igual a ela e um homem segurando as mãos das duas. Era o pai delas. A menina que lhe tinha aberto a porta era uma das filhas que ele amava. Ele não sentia falta da filha que deixara pra trás, era obvio, só de ver o quanto ele estava feliz naquelas fotos. E foram essas fotos que torturaram Mia por anos depois disso.

Minha mãe insistia em dizer que ele sabia sobre a existência de Mia, e naquele dia tudo o que ela disse fez total sentido: seu pai a ignorava porque tinha a vida dele, uma esposa e aquelas duas filhas lindas e angelicais que se pareciam tanto com eles.

Durante muito tempo eu tinha vontade de odiar minha mãe por ter levado minha irmã até lá, por ter esfregado a verdade na cara dela. De certa forma, Mia era feliz vivendo sua fantasia, mas perdeu a inocência naquele mesmo dia. E, pra mim, foi o estopim pro ódio pela família dele crescer ainda mais.

Aquelas garotas tiraram da minha irmã a vida que ela tinha direito e um pai que pudesse amá-la. Elas não o mereciam mais do que Mia. Até sua esposa se aproveitava de sua beleza e das filhas para mantê-lo afastado da minha irmãzinha. Eu simplesmente odiava todos eles.

Acabei tomado pelo ódio, mas, na verdade, a historia começa no dia em que Isabella Wynn entrou nervosa em minha casa com aquele maldito rosto de anjo. O que eu menos esperava era que esse anjo se tornaria o meu pior pesadelo.

(Nick Finlay)

(Mia)

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Rosângela Santos

Rosângela Santos

começando hoje a ler

2024-01-12

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