Capítulo 10

...NICK...

Diminuí a velocidade da corrida enquanto meus olhos iam se ajustando à escuridão e meus batimentos cardíacos iam retornando à normalidade. Ao me aproximar de casa, vi a silhueta de Isabella à luz da lua. Merda, eu queria ter entrado antes de encontrar com ela.

Ela ainda não tinha me visto. Ela estava olhando fixamente para o mar. Seus cabelos loiros estavam sendo agitados pelo vento. O luar deixava seus cabelos ainda mais prateados. Ela virou a cabeça e seus olhos se fixaram nos meus. Eu deveria apenas acenar e correr pra dentro de casa. Não tinha que dizer nada, só que eu não conseguia fazer isso.

Lutando contra meus próprios pensamentos, eu parei na frente dela e percebi seu olhar no meu peito. De repente, eu gostei da ideia de estar sem camisa e isso não era nada bom. Eu não deveria me importar que ela estivesse me fitando fixamente, como se quisesse me lamber. NÃO! De onde essa ideia tinha surgido? Deus, ela estava ferrando com a minha cabeça. Eu precisava tirar os olhos dela do meu corpo.

- Você voltou. – comentei, interrompendo seu olhar.

- Acabei de sair do trabalho. – ela disse, enquanto tirava os olhos do meu corpo e fitava meus olhos.

- Então, quer dizer que você conseguiu arrumar um emprego? – perguntei, tentando manter a conversa para concentrar a atenção dela no meu rosto.

- Sim, no Country Club.

Eu já sabia a resposta, mas gostei quando ela me disse como havia conseguido, o que estava fazendo e se gostava do trabalho. Prestando atenção em seus olhos, notei algo que me chamou a atenção... ela estava usando maquiagem? Sim, ela estava usando rímel, conseguindo deixar seus cílios ainda mais longos.

Fiquei encarando seu olhar. Eu simplesmente não conseguia parar de encarar seus olhos. Eles já eram incríveis sem maquiagem, mas, caramba, como poderia apenas com um pouco de rímel eles ficarem ainda mais surreais? Sem conseguir me conter, eu segurei o queixo dela e levantei sua cabeça para poder ver melhor.

- Você está der rímel. – disse, tentando justificar meu comportamento estranho. – Deixa você com cara da sua idade.

Ela mexeu a cabeça para se livrar do meu toque. Simplesmente soltei a mão. Eu não deveria ter feito isso e ela estava certa em me interromper. Eu não tinha o direito de tocá-la.

Dei um passo pra trás e passei a examinar suas roupas. Eu conhecia bem aquele uniforme. Já tinha dormido com várias garotas dos carrinhos de bebidas. Esse foi o real motivo de eu começar a jogar golfe quando era adolescente.

- Você é a garota do carrinho de bebidas do campo de golfe, certo? – ergui meus olhos pra ela novamente. Mesmo sabendo, eu sorri em vê-la de uniforme. Caia bem nela aquela roupa.

- Como você adivinhou?

- Pelas roupas. Shortinho juto e camiseta polo. Esse é o uniforme. Aposto que você deve estar fazendo um estrago, não é mesmo? – No fundo não era pra ser uma pergunta, mas sim uma afirmação.

Ela deu de ombros e ajeitou sua postura. Ela deu alguns passos pra trás, afastando-se de mim. Parece ter sentido a necessidade de manter distancia.

- Pode ficar aliviado que, ao passo que as coisas estão indo, vou sair daqui em menos de um mês.

Realmente eu deveria ter ficado aliviado com suas palavras. Cacete, como eu queria. Seria um problema a menos pra minha vida, mas eu gostava de tê-la ali. Gostava de saber que poderia protege-la ou, de certa forma, compensar o mal que um dia fizera a ela.

- Provavelmente eu deveria ficar aliviado, só que não estou, Isabella. – Me abaixei até que minha boca ficasse a um suspiro do ouvido dela. – Por que será? – Perguntei num sussurro, antes de inspirar seu cheiro doce e fresco. Ela teria o mesmo cheiro entre suas pernas? Um novo tipo de suor começou a sair pelos meus poros e eu recuei. – Fique longe de mim, Isabella. Você não vai querer chegar muito perto. Ontem a noite... - Porra, porque eu estava falando sobre isso com ela? Eu precisava simplesmente esquecer. – Não consigo parar de pensar na noite de ontem: saber que você estava vendo, me deixa louco. Então, o conselho que te dou é: fique longe de mim.

Eu falei num tom áspero com ela. Mas essas palavras eram mais dirigidas a mim do que a ela, mas eu não conseguiria explicar isso pra Isabella. Apenas contornei e sai correndo. Eu precisava me afastar. Não conseguia pensar com clareza quando estava na presença dela.

Assim que cheguei ao meu quarto, fui até a janela e olhei pra praia. Isabella ainda estava lá olhando para a casa. O que será que passava na cabeça dela? Será que eu tinha deixado ela apavorada? Ou estava esperando que eu mudasse de ideia e voltasse pra ficar ao seu lado? Espalmei minha mão na janela e fiquei observando.

Pareceu como se fosse uma eternidade até que ela caminhasse em direção à casa. Naquela noite, eu sonhei com Isabella pela primeira vez. Ela estava nitidamente embaixo de mim. Suas pernas compridas estavam enroscadas ao meu redor e a cabeça atirada pra trás enquanto eu a fazia gozar junto comigo.

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...ISABELLA...

Manter distancia de Nick estava se tornando uma tarefa difícil. Como dividíamos a mesma casa, ainda que tentasse ficar longe, continuávamos a nos esbarrar vez ou outra. Ele também estava evitando cruzar olhares comigo, o que só servia para aumentar o meu fascínio.

Alguns dias depois da conversa na praia, entrei na cozinha e fui cumprimentada por mais uma mulher seminua. Ela estava descabelada, mas mesmo assim, era atraente. Eu as detestava.

Ela me encarava e sua expressão de surpresa logo se transformou em irritação. Piscou os olhos castanhos, levando as mãos ao quadril.

- Você acabou de sair da despensa?

- Sim! E você, acabou de sair da cama do Nick? – retruquei.

Um movimento me fez desviar da cara da mulher eu encontrei os olhos do Nick na porta. Ele me observava com um sorriso irônico nos lábios. Quis desvia os olhos e fingir que não acabara de perguntar se ela tinha dormido com ele. Mas era inútil, pelo seu olhar, ele já sabia.

Com a cabeça baixa, fui até a lixeira para limpar as migalhas de pão das mais enquanto pensava no que fazer. Não queria continuar ali. Pelo canto de olho, eu o vi caminhar até a bancada. Ele não tirava os olhos de mim. Por que ele não deixava a historia morrer ali?

Quando a garota saiu da cozinha e caminhou até a escada que levava ao andar superior, Nick se aproximou de mim, diminuindo ainda mais nossa distancia.

- Isabella, a curiosidade matou o gato. – sussurrou ele. – Com quem eu vou pra cama não é assunto seu. Você não quer me conhecer. Pode achar que quer, mas não quer.

Eu só consegui concordar com ele. Se ele me deixasse ir embora, eu jamais conversaria com nenhuma mulher que aparecesse naquela casa. Mas se ele não fosse tão gato e nem estivesse tão perto de mim, seria mais fácil acreditar no que ele estava me dizendo. Mas quanto mais eu era pressionada, mais curiosa eu ficava.

- Preferiria que você fosse o que eu imaginava, mas não é. – Ao dizer essas palavras, ele pegou o meu cabelo e olhou no fundo dos meus olhos. – Seria bem mais fácil.

Ele enrolou uma mecha de cabelo nos seus dedos, depois soltou e saiu pela porta dos fundos, que levava à varanda. Quando fiquei livre do seu olhar, consegui soltar a respiração que naquele momento percebi que estava segurando. O que ele estava querendo me dizer? O que ele tinha imaginado sobre mim?

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...NICK...

Depois da nossa conversa na beira da praia, estava numa tarefa difícil de evitar me encontrar com Isabella. Estava sendo bastante difícil lutar contra a vontade de descer e vê-la todas as manhas, antes de ela sair para o trabalho. Mas hoje eu quebrei minha regra. Disse a mim mesmo que não foi pelo fato de querer vê-la.

Na noite anterior Mason apareceu bêbado com uma de suas garotas de sempre e eu não queria correr o risco de que Isabella os encontrasse na cozinha. Para ser mais honesto, eu não queria que ela entendesse errado, caso visse a garota.

- Você acabou de sair da despensa?

Pude ouvir a voz da amiga do Mason dirigindo-se a Isabella num tom confuso. Acelerei meus passos querendo entrar naquela maldita cozinha para calar a boca da garota. Isabella não precisava responder a nenhuma de suas perguntas.

- Sim! E você, acabou de sair da cama do Nick? – retrucou Isabella, com a voz suave tentando contornar a pergunta, para fazer parecer inocente.

Diminuí o ritmo, surpreso ao perceber no tom dela uma insinuação territorial.

Parei na porta e a fitei do outro lado da ilha. A amiga do Mason estava entre nós, tampando minha visão. Lutei contra a vontade de ficar ali escutando até onde a conversa iria seguir. Por

incrível que possa parecer, eu estava adorando. Isabella se importava e eu estava gostando disso.

A garota se mexeu e os olhos de Isabella encontraram os meus. Droga, fui pego. A conversa foi dada por encerrada. Lidar com meu próprio interesse por Isabella era uma coisa. Outra coisa bem diferente era ela estar interessada em mim. Eu não poderia permitir que isso acontecesse.

Isabella arregalou os olhos quando me viu antes de abaixar a cabeça e despejar farelos das mãos na lata de lixo. Me dei conta naquele momento de que nunca vi ela comer, mas gostei de ver que ela estava se alimentando.

Quando ouvi os passos da garota desaparecerem pelo corredor, me aproximei de Isabella.

- Isabella, a curiosidade matou o gato. – falei num sussurro, adorando ver seu rosto enrubescendo. Caralho, eu queria tocar nela. Ela se mexia desconfortavelmente, mas por um minuto eu queria senti-la perto de mim. – Com quem eu vou pra cama não é assunto seu. Você não quer me conhecer. Pode achar que quer, mas não quer.

Ela deveria estar com raiva de mim e não me olhar daquela forma, como um gatinho indefeso. Sem conseguir me afastar, estendi a mão e enrolei uma das mechas dos cabelos dela no dedo. Eu estava chegando perto demais. Esse jogo estava se tornando perigoso. Isso era errado.

- Preferiria que você fosse o que eu imaginava, mas não é. – comentei, e depois percebi que disse em voz alta. – Seria bem mais fácil.

Soltei os cabelos dela, dei um passo para trás, me virei e saí da cozinha pela porta dos fundos. Eu precisava me afastar dela, mas como, se ela estava morando dentro da minha casa?

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