Heloísa
Ele fecha a cara para mim, como se eu tivesse cometido um crime em ter mandando ele não falar comigo desse jeito.
Mas depois que eu passei a minha vida toda sendo mandada, e vendo meu pai toda hora falar com a minha mãe para ela fazer as coisas logo, eu não vou deixar ninguém falar assim comigo.
Mesmo que eu perca a vida com isso, não vou me rebaixar para homem nenhum. Mesmo que sinta medo.
— aqui sou eu que mando, e você só me obedece.
— Não! primeiro que eu não sou nada sua, e segundo, não sair de um lugar que o dono da casa era o todo poderoso chefão, para entrar na casa de outro com o mesmo naipe, me deixa ir embora, pois eu não vou fazer as coisas do seu jeito.
Ele ergue uma das sobrancelhas e fica me encarando. Da um medo enorme dentro de mim, até engulo seco, mas ele tem que aprender de agora que eu não sou tapete de entrada de porta.
Ele vem vindo até mim, bem de vagar, como um leão vai indo para sua presa para abater ela para comer.
Eu me afasto também, no mesmo ritmo que ele, até encostar as costas na parede. Ele me encurrala com suas duas mãos, uma de cada lado, e para não demostrar que eu estou com medo, fecho meus olhos e viro minha cabeça para o lado.
— não quero saber de onde você veio, de como foi criada, ou qualquer outro tipo de coisa, aqui quem manda sou eu e vai se trocar logo.
Viro meu rosto para ele com a cara fechada, no puro ódio desse cretino.
— para onde vamos, não tenho nada para vestir que seja de passeio.
— veste o que tem, vamos apenas para o baile da comunidade, depois eu vejo essa coisa de roupa.
Suas palavras saíram estranhas, ele fala ofegante e com um olhar totalmente diferente de quando ele estava se aproximando de mim.
Ele sai de perto e sai do quarto. Pego uma calcinha e um vestido soltinho que eu trouxe, como ele tem bojo na parte dos seios, não preciso de sutiã. Coloquei mais vestidos na bolsa, pois era o que estava na minha frente, e as lingeries também, só meti a mão na gaveta e coloquei dentro da bolsa.
Termino de me arrumar, deixo meu cabelo solto mesmo, não sei para onde vamos.
Saio do quarto e ele está me esperando no final da escada, e vejo seus olhos brilharem ao me ver. Posso também ver um leve sorriso em seus lábios, coisa essa que até agora eu não tinha visto.
Não vou negar, ele é muito lindo, queria ver seu sorriso... Não, melhor não, assim eu não me apaixono por ele.
Ele pega na minha mão, mas eu a puxo de volta e balanço a cabeça negando. Ele só diz ok, e sai da casa primeiro mandando eu o acompanhar.
Ele sobe na moto e me entrega o capacete.
— eu estou de vestido, não vou subir aí.
— prende o vestido nas pernas que ninguém vê nada, você não é a primeira garota que anda de moto de vestidos.
Bufo e pego o capacete, subo na moto toda desajeitada, eu nunca andei de moto na minha vida. Faço o impossível até para prender as bordas do meu vestido.
— segura firme em mim, para você não cair.
Sem ao menos querer, o abraço. Mas quando ele liga a moto e sai, eu o aperto forte com medo de cair. Sinto seu corpo tremendo, ele está rindo esses desgraçado.
Fico travada, e mentalmente, vou pedido a Deus pela sua misericórdia.
Enfim chegamos no tal baile.
— já pode me soltar garota, já chegamos.
Me solto dele ainda trêmula, tão trêmula que quase caio da moto ao descer.
— você nunca andou de moto não é? — só balanço a cabeça negando, se eu abrir a boca imagino que não vai sair nada. — imaginei, pois além de quase me matar de tanto apertar, ainda ficou batendo o capacete no meu, na próxima vez, vou deixar você sem capacete.
— não terá próxima vez, eu não subo em cima desse treco mais nunca na minha vida.
Ele ergue a sobrancelha, e sai caminhando na minha frente. Eu, sem conhecer nada aqui, vou caminhando acompanhado ele.
Subimos uma escada enquanto todos estão lá em baixo dançando. Será que eu não conseguiria fugir dele agora? Já que está com tantas pessoas aqui ele poderia não me achar não é?
— posso desde lá para baixo?
— não está gostando do camarote?
Balanço a cabeça negando, ele diz que posso descer, mas não é para eu sair do baile.
Confirmo com a cabeça, até parece que vou ficar aqui. O problema é a minha máquina, o desgraçado pegou ela e não me devolveu.
Desço as escadas de novo, e vou fingindo que estou dançando.
— ei, você é a fiel do patrão?
— quem morreu?
— hahaha, estou perguntando se você é a mina do patrão?
— desculpa moça, eu não entendo o que você está falando, além da música alta, você parece está falando em códigos comigo.
Ela sorrir e me oferece uma bebida, eu nego de primeira, e olho para cima, vejo que ele está olhando para mim, e balançou a cabeça, como se tivesse mandado eu não beber. Bom, foi isso que eu entendi.
Sorrio para ele e volto a olhar para a menina e pego o copo dela e dou uma golada.
— hum, é gostoso, eu amo maracujá.
— é caipirinha, vem comigo hoje as mulheres tem bebidas grátis.
— na verdade eu precisaria de uma ajuda sua, eu preciso ir embora... A minha mãe não sabe que eu estou aqui, e se ela vim vai descer a cinta em todo mundo.
— você é de onde?
— sou de são Paulo, mas estamos na casa da... Da minha tia, por favor só me ajude a sair daqui. Eu... Eu não sei o caminho.
— você não está com o patrão?
— nem sei quem é o patrão.
Ela sorrir, e diz que vai me ajudar. Olho para ele e sorrio. Adeus babaca.
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Atualizado até capítulo 87
Comments
Ivanilde T. Serra
Ta se achando muito esperta!
2024-12-23
0
Jessy Carvalho🌻
kkkkkkkkkkkkkkkk
2025-02-03
0
Amanda
Eita que não vai prestar
2024-11-14
1