Heloísa.
Passo a mão em suas costas tentando acalmá-la, eu pensado que ela está chorando pelo bebê, mas não, está chorando pelo traste.
— E agora o que vai ser de mim? Ele era meu marido meu porto seguro...
— Porto seguro de que mãe? Desde que eu me conheço por gente ele te bate, ele te estupra, te força a fazer sexo com ele, como pode dizer que ele era seu Porto seguro?
— porque ele era, se não fosse ele a gente morava na rua você tem ideia do que morar na rua? Não, você não faz ideia porque ele sempre trabalhou e colocou o dinheiro dentro de casa.
— mas ele nunca foi um marido com você, ele era apenas um banco da casa não era um esposo e nem um pai.
Ela se ajeita na cama olhando para mim desconfiada, espero que ela não esteja desconfiando de mim.
— o que você fez? Foi você que colocou a fogo dentro daquela casa não foi?
— não! Mas eu deveria ter colocado, assim estaria sentindo o gostinho da vitória de ver ele queimando por ele sempre ter batido na senhora.
— foi você! ele passaria fome mas não ia esquentar a comida dele ,ele não iria ligar o fogão, foi você que fez isso, você matou o seu pai, você vai para o inferno sua ASSASSINA.
Ela começa a gritar me chamando de assassina, o médico e o enfermeiro entra e administra o remédio nela para ela se acalmar.
Fecho os meus olhos e fico com a mão meu coração, eu sei que eu fiz o certo, sei que um dia ela vai me agradecer por isso.
Ela agora está livre, agora é uma mulher liberta, ela não precisa mais dele e é isso que custa para ela entender, já que viveu sempre nas abas dele.
Eu saio do quarto como se estivesse levado uma facada no peito. O dia já começa a escurecer, e eu me ajeito em uma das cadeiras para tirar um cochilo, já que eu não posso ficar no mesmo quarto que ela agora.
Quando eu desperto, vejo dois policiais indo em direção ao médio, o doutor olha para mim, e os leva para o quarto da minha mãe.
Merda!
Me levanto e vou para a fábrica de chocolate, pego a minha câmera, a única coisa que eu tenho aqui que importa. Coloco ela dentro da minha mochila e vou embora.
Ela está livre, a casa tem seguro, ela não vai mais apanhar dele, então, posso seguir a minha vida.
Suas palavras me machucaram muito, e posso ter certeza que ela mandou chamar aqueles policiais para me prender.
Decepção não mata, ensina a viver. E eu vou viver, bem longe da cidade de São Paulo.
Vou para a rodovia do Tietê, dizem que la tem um ônibus que vai para o Rio de Janeiro, e não é tão caro, será para onde eu irei. Interrompi o meu sonho de fazer nem que seja um curso de fotografia, o dinheiro guardado vou usar para me ajeitar em qualquer lugar desse mundo.
Compro a passagem e pago no débito, nunca tive dinheiro em espécie, pois sabia que meu pai me roubaria, no cartão ele até tentou pegar mas desistiu quando não sabia a senha.
Entrego o meu cartão para ela, e ela diz que eu já posso ir para área de embarque.
Olho ao redor e já pego a minha câmera, e já começo daqui, a tirar as melhores fotografias, e um dia elas serão tão populares quanto as de um fotógrafo famoso.
Me sento na poltrona que fica na janela, uma senhora se senta ao meu lado, e sorrir para mim.
— você é daqui ou do rio?
— sou daqui de São Paulo, vou me aventurar no rio, e quem sabe morar não é rsrs.
— se você não tiver muito dinheiro, indico a alugar ou comprar casa nos morros, lá são mais baratos que no asfalto. E se for para morar em algum, que seja no morro do alemão, lá é muito bom agora com o novo traficante.
— traficante? Eu não...
— não se assuste, o antigo era um demônio, mas esse ajuda muito a gente. Eu vim visitar meu filho aqui em São Paulo, e foi com a ajuda dele, ele é muito bondoso, mesmo tendo a cara ruim.
Fico com medo, talvez eu entre nesse morro só para tirar fotos, mas não sei se moraria em um lugar com um traficante tomando conta.
Ficamos conversando por horas até chegamos no Rio, ela pergunta se eu tenho onde ficar essa noite, eu digo que não, e ela diz que mora sozinha e me leva para sua casa.
Assim, sem medo nenhum de colocar uma estranha? Acho isso meio estranho, mas é melhor que dormir na rua.
Mas ela é uma senhora tão simpática, tão bondosa que aceito a sua ajuda. Claro que eu não falei nada do meu passado, apensas do meu trabalho e do meu sonho em ser um fotógrafa.
Quando chegando no morro avisto alguns caras com armas nas mãos, meu coração até gela.
— pode ficar tranquila, você está comigo, e eu sou a vovó deles, se está comigo está com Deus.
Chegamos na casa dela, e ela diz que eu posso ir conhecer a favela. Sorrio para ela e pego a minha máquina e saio.
Muitas coisas bonitas tem nesse lugar, e eu vou fotografando tudo que eu vejo.
Até ver uma multidão se formando. Movida pela minha curiosidade, que eu tenho de sobra, vou até lá.
E fico abismada com um homem batendo nas mãos do outro.
De repente ele olha para mim, e eu gelo o corpo todo com seu olhar frio.
Me viro para correr, eu não vou esperar que ele faça o mesmo comigo, até que ele me grita para parar, ou vai atirar nas minhas pernas.
Ele me vira com tudo e me pergunta para quem eu estava tirando a foto.
Eu nem sabia que tirei foto dele, tento até me defender, até ele gritar de novo comigo...
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Atualizado até capítulo 87
Comments
Josi Gomes
PORTO SEGURO,GRANDE MERDA , O TRASTE ERA UM AGRESSOR E ABUSADOR, MERECIA IR PARA O UNIVERSO, MAIS NÃO QUE HELÔ , TIVESSE FEITO ISSO, VIROU UMA ASSASSINA, MESMO ELE MERECENDO MORRER
2025-01-29
2
Josi Gomes
PELO JEITO QUE REAGIU , NÃO VAI AGRADECER NÃO, E VAI TE ACUSAR, PARA A POLÍCIA , É UM SER HUMANO, DE ALMA PODRE , PREFERE SER AGREDIDA, DO QUE LIVRE DO SEU AGRESSOR
2025-01-29
1
Jucileide Gonçalves
A mãe dela é uma dependente emocional, esse tipo de gente precisa de ajuda psicológica.
2024-12-15
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