Capítulo 16

Morro

A mando de Meia-noite seus homens de confiança viajaram em um voo particular

até Manaus para encontrar e eliminar Chacal e trazer Maria Victória para ele.

Já sabiam onde ficava o hotel fazenda e pretendiam adentrar durante a noite

para que não levantassem suspeitas e fizessem um trabalho limpo. Alugaram uma

pick-up utilizando documentos falsificados, telefonaram para o seu chefe

avisando que tudo estava saindo bem até o momento e que ele já poderia dar como

certa a morte do chefe do morro do Éden.

— A parada já está no esquema chefia e de hoje não passa, Chacal vai rodar!

Meia-noite ficou satisfeito com aquela ligação, mas só daria como certa a

sua vingança assim que tivesse imagens do corpo de Chacal, Karina e Luíz

permaneciam presos, os tiros que ela havia recebido já davam sinais de que uma

infecção estava começando.

Luíz batia na porta e implorava para que Meia-noite permitisse que um médico

a visse, mas o chefe dos CAM ainda não queria barganhar, enquanto não soubesse

que os seus planos haviam sido bem sucedidos.

Maria Victória

Aquele dia havia sido diferente dos outros, não sei dizer o porquê, mas

Carlos estava muito diferente comigo, não que estivesse frio pelo contrário,

ele estava carinhoso demais e isso me deixa muito assustada, pois fico o tempo

inteiro perguntando a ele se estava escondendo algo relacionado a Luíz de mim.

— Fica fria minha joia, não é nada demais.

— Então me diz, porque você está desse jeito o tempo todo parece estar

cuidando de mim como se fosse a última vez?

— É porque eu te amo demais e você sabe que estou totalmente na sua!

Eu abracei, talvez aqueles homens cruéis tenham feito algum outro tipo de

ameaça e por isso ele está inseguro, quem sabe, até já saibam sobre o nosso

paradeiro e esse é o motivo para Chacal está tão preocupado.

Chacal

Não sei como abrir o jogo para ela e dizer que estou tendo neste dia a mesma

sensação que tive anos atrás quando o meu pai foi assassinado. Desde que abri

os meus olhos nesta manhã, eu sinto que não é um dia qualquer...o Baratão me

mandou uma mensagem dizendo que estava tudo certo no morro que Luíz permanecia

internado e Karina continuava em casa cuidando de tudo, mas eu estranhei que

ele não atendeu nenhuma das minhas ligações e sequer mandou áudios, apenas

mensagens digitadas.

Se tem algo que aprendi nessa vida é que quando algo nos diz que um perigo

está próximo, não devemos deixar de acreditar. Não saímos do hotel fazenda

naquele dia e permanecemos dentro daquele quarto apenas nos amando como se

fosse a última vez, uma imensa tempestade começou naquele lugar. Mesmo que

fosse alta temporada as chuvas eram comuns naquela região.

— Ainda não consigo entender, porquê iremos embora daqui assim de repente?

— Não discuta comigo novinha, temos que dar o vaza desse lugar e não podemos

passar desta noite!

No meio da tarde, eu simplesmente virei para ela e disse que partiremos

neste mesmo dia e ainda antes do pôr-do-sol, mas aquela chuva repentina nos fez

adiar os planos contra a minha vontade.

Enquanto a chuva caía do lado de fora, eu resolvi fazer o último teste para

ter certeza de que algo sinistro estava acontecendo no morro. Telefonei para

Fundação, como guardávamos os suprimentos que seriam doados para as famílias

mais carentes da comunidade, sempre deixávamos alguém de vigia todas as noites

e a ligação chamou até ser mandada para caixa de mensagens, me deixando

completamente seguro de que algo está errado por lá.

[...]

Maria Victória estava de braços cruzados, apenas olhando da varanda aquela

chuva cair e molhar as árvores fazendo com que aquele cheiro de terra molhada

invadisse o quarto. Ao olhar entre algumas árvores, ela percebeu algumas luzes

passando e achou aquilo muito estranho, afinal quem poderia estar vagando no

meio da noite em uma tempestade como aquela? Mas ela também pensou que poderia

ser alguns vagalumes ou a luz de carros ao longe em alguma das rodovias que

passavam por ali, resolveu não dar ouvidos a esse tipo de preocupação.

Chacal permanecia apreensivo e muito ansioso para sair daquele lugar, mas

aquela chuva não dava sinais de que acabaria tão cedo e ele então resolveu

deixar todas as malas prontas, mas descansariam até que aquela tormenta

passasse e pudessem sair daquele lugar para bem longe.

Ele então deitou-se na cama com ela e os dois permaneceram abraçados apenas

olhando a chuva até que finalmente adormeceram, horas depois, a tempestade

passou e ouviu-se apenas alguns pingos que insistiam em cair.

Os infiltrados da CAM, invadiram o hotel de maneira silenciosa fazendo os

seguranças de refém e até mesmo os recepcionistas que ficaram sob a mesa de

seus revólveres, eles usavam toucas pretas e camisas que escondiam suas

tatuagens.

— A parada é o seguinte, me fala qual é o quarto do Carlos? Vamos logo com

isso caralho, aqui nós temos balas o suficiente para cada um de vocês, então é

melhor colaborar, tá ligado?

As duas mulheres que tomaram conta da recepção ficaram apavoradas e não

tiveram outra opção a não ser verificar e entregar toda a lista de hóspedes

daquela noite para eles, ambos analisaram e então descobriram em qual dos

quartos estavam Maria Victória e Chacal.

Silenciosamente, eles subiram as escadas e foram até o local levando uma

chave mestra para abrir a porta sem que seja necessário arrombar, sabiam que

Chacal jamais sairia sem estar com uma arma a tiracolo e preparado para seus

inimigos que eram muitos.

Um deles passou o cartão abrindo a porta devagar e os dois entraram a passos

leves, logo viram os dois abraçados na cama e então apontaram suas armas...e

suas gargalhadas logo denunciaram a sua presença.

— Perdeu chefia, Meia-noite nos mandou te dar um recado! — disse um deles,

engatilhando a arma e mirando diretamente para Chacal.

Maria Victória acordou muito assustada, assim como ele, que a abraçou

colocando seu corpo na frente dela.

— Então vem acertar as contas comigo meu camarada, ela não tem nada com

isso!

Chacal ao dizer, se levantou da cama segurando-a pela mão, Maria Victória

tremia e chorava muito de pavor...ele achou que com seu poder poderia negociar

com eles por suas vidas, mas ele estava errado.

Um dos bandidos então disparou o primeiro tiro, alvejando a barriga de

Chacal e Maria Victória gritou desesperadamente. O outro homem que estava

junto, a segurou pela cintura apontando a arma para a cabeça dela mandando que

permanecesse calma ou tudo seria ainda pior.

Chacal então tocou o ferimento e percebeu o quanto estava sangrando, mas o

seu maior medo não era perder a vida e sim, que eles fizessem mal a mulher que ele

ama. Ele então tentou reagir, mas levou um outro tiro no abdômen à queima

roupa...o homem que havia disparado os dois tiros, ainda deu várias coronhadas

e socos até que ele desmaiou.

Maria Victória gritou, o som dos disparos havia ecoado por aquelas paredes

deixando-a em estado de choque.

— Não, por favor, deixem-no em paz!

— Calada cachorrinha você vai trocar uma ideia com o nosso manda chuva, mas

só depois de ver o seu amante, pagar caro por ter tirado a vida do nosso chefe.

Maria Victória foi levada para dentro de um carro e Chacal que estava

inconsciente e sangrando, foi colocado no porta-malas de um outro automóvel

deles. Os homens então saíram dirigindo no meio da estrada de terra sem se

preocupar com quem pudesse chamar a polícia, pois fariam um trabalho rápido e

como sempre, muito bem executado.

A jovem estava sentada entre dois daqueles homens no banco de trás daquele

carro, eles se gabavam do que haviam feito e debochavam do sofrimento dela ao

dizer que a partir de agora, ela também teria um novo dono, assim como o morro

do Éden.

Após percorrerem alguns poucos quilômetros mata á dentro, eles pararam o

carro um daqueles homens ficou com Maria Victória como refém, mas ela também

saiu do veículo e viu quando dois deles retiraram o corpo de Chacal de dentro

do porta-malas, ela chorava muito de desespero, mas havia percebido que por

mais que estivesse muito machucado e baleado, ele ainda respirava.

Aqueles assassinos retiraram uma pá de dentro de um dos outros carros que os

estavam seguindo.

— O que está esperando o tchutchuca, comece a acabar a cova do teu ex-dono!

Maria Victória

Eu nunca imaginei que pudesse passar por uma situação tão terrível em toda

minha vida, o meu coração parecia querer sair de dentro do peito e o medo

aumentava a cada instante. Em nenhum momento, eu temi ser estuprada ou morta,

mas fiquei com muito muito pavor do que poderiam fazer com ele, na minha

frente.

Aquele homem jogou a pá perto dos meus pés e o outro que estava atrás de

mim, engatilhou a arma mais uma, vez gritando para que eu começasse a cavar.

Chorei tão forte que cai ajoelhada no chão, enchendo as minhas mãos com aquela

terra molhada da chuva que acabara de cair e fiquei apenas derramando diversas

lágrimas sobre aquele chão, sem ter nenhuma força para fazer o que me mandavam.

— Cacete essa mina é mesmo carne de pescoço, não podemos ficar aqui

esperando a polícia chegar, aqueles putos do hotel já devem ter dado a placa do

carro. Mesmo adulterada, eles têm o modelo e podem chegar até aqui em poucos

minutos, então vamos deixar de onda e Ruan, trata logo de cavar a cova desse

vacilão.

O homem então, se abaixou e pegou a pá começou a cavar aquela terra molhada

fazendo uma cova rasa e eu fui perto de onde estava o corpo de Chacal, o toquei

e senti novamente que ele ainda estava vivo.

— Afaste-se dele piranha, se não quiser ir para sete palmos junto!

Eu não o soltei, mas eles praticamente me arrancaram de cima do corpo de

Carlos e o jogaram naquela cova, mesmo que eu gritasse desesperadamente que ele

ainda estava respirando.

— Por favor, não por Deus, ele ainda está vivo! Filhos da puta...

Nem mesmo em qualquer filme por mais cruel que fosse, eu havia imaginado uma

cena tão aterradora quanto aquela.

Um deles, acendeu um cigarro comemorando e abriu a câmera do seu celular

fazendo imagens do corpo de Carlos dentro daquele buraco, enquanto o outro que

estava com a pá começava rapidamente a jogar a terra sobre ele. Fui agarrada

pela cintura com todas as forças, para que me impedirem de ajudá-lo e assim que

a terra cobriu o seu rosto, eu apaguei.

[...]

Satisfeitos com que haviam acabado de fazer, eles em seguida colocaram Maria

Victória de volta dentro do carro e então seguiram o mais rápido possível para

o aeroporto particular, onde saíram daquele estado sem deixar quaisquer rastros,

no meio do caminho um deles mandou o vídeo para que Meia-noite pudesse

comemorar a morte de seu maior adversário e que soubesse também que muito em

breve, estaria com a mulher que pertencia a ele em suas mãos.

Meia-noite imediatamente manda um áudio para eles:

— O pagamento pelo serviço bem feito estará em suas contas ainda essa noite,

firmeza! Mas não se esqueçam de que trazer a mina, ainda faz parte do plano,

então não tentem se fazer de espertos, porque se eu souber que um de vocês se

atreveu a encostar nela já sabem que pau vai cantar...

Agora que sabia que a única coisa que o impedia de ser dono de tudo estava

morto, ele logo foi até o quarto onde Luíz estava preso com Karina e abriu a

porta.

— Eis que o morro do Éden agora é oficialmente meu, então se situa...você

deve escolher seguir ao meu lado convencendo a sua irmã a ser minha a partir de

agora, ou eu matarei todos vocês...decida se vai ficar ao meu lado ou no meu

caminho.

Luíz nunca confiou em Chacal e sabia que também não poderia confiar em

Meia-noite, pois era ainda pior do que o outro, mas se aquele homem havia

poupado a vida de sua irmã mesmo em troca de algo tão sórdido como torná-la

amante, nada diferente do que Chacal o fez e ele provavelmente, também não

teria forças para ir contra esse novo poder.

— Eu quero que traga um médico para dar uma responsa aqui na garota... —

Luíz pediu para que ele fizesse algo por Karina antes que fosse tarde demais.

— Mas é claro...já é, desde que não entre no meu caminho você terá o poder

que merecer na quebrada meu camarada.

As palavras de Meia-noite subiram a cabeça de Luíz sempre odiou a forma com

que Chacal o tratou desmerecendo quem ele era e o que ele fazia agora tinha a

oportunidade de ser finalmente alguém naquele lugar quem sabe aquela mudança de

liderança não seria tão ruim assim.

Meia-noite cumpriu sua palavra e mandou que o médico fosse cuidar de Karina,

Luíz estava livre para sair daquele quarto, assim como ela e todos sabiam que

ele não iria a lugar nenhum por enquanto, pois Maria Victória ainda estava nas

mãos dele.

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Anna Cristina

Anna Cristina

capítulo sinistro

2023-10-11

0

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