Capítulo 9

Naquela noite, Luíz precisou ir até um baile para entregar algumas

encomendas para os traficantes de lá a mando de Chacal, mas antes de sair

devolveu a Ele o dinheiro pela noite que passou com Karina e disse a ele que

ela recusou. Chacal não disse nada e nem manifestou qualquer tipo de emoção,

apenas pegou o dinheiro da mão dele e deu as coordenadas:

– Entrega o que tu têm que entregar e sai rodado de lá, tá ligado?

– Quem me garante que teus chegados vão estar esperando por mim do lado de

fora, para escapar? – perguntou ele.

– O foda de trabalhar comigo é que com vacilão feito você, não há garantias

minhas!

Ele não tinha mais do que argumentar e foi cumprir as suas ordens, entrou em

um dos carros junto aos homens de confiança do Chacal e partiram para o morro

da Babilônia, onde entregariam alguns malotes de drogas. Os bailes funk daquela

região eram muito mais barra pesada do que do Morro do Éden, pois lá não havia

quem ditasse as regras e a anarquia era a lei.

Luíz saiu carregando algumas delas em seus bolsos e negociaria com eles,

antes de leva-los até um carro para que pudessem pegar a quantidade certa.

Naquele baile funk, haviam pessoas de vários lugares do Rio de Janeiro e muitos

faziam parte da elite, mas estavam ali em busca de drogas e curtição. Ele se

aproximou de um dos caras que deveriam ser seu contato.

– Vim para trazer o “bagulho” do Paraíso!

Eles se entendiam através de meias palavras, para que não levantassem

suspeitas sobre o que estavam fazendo.

Em casa, Maria Victória terminada de organizar as coisas da casa para poder

descansar. Ela passou com alguns lençóis nas mãos na frente do quarto de Chacal

e ouviu a sua ligação.

– Eu mandei o vacilão do irmão dela para a Babilônia e quero que mande os

fardados para lá, eu quero vê-lo rodar hoje mesmo!

A porta estava entreaberta e ele havia se dado conta de que Maria Victória

estava ouvindo tudo aquilo e revoltada com o teor da conversa, ela entrou no

quarto furiosa e avançou em cima dele tentando tomar-lhe o celular, mas ele a

segurou.

– Você não pode fazer isso com o Luíz, todo esse tempo mentiu e vai manda-lo

para a cadeia...mentiroso maldito!

Chacal tentava controlar a fúria dela, mas Maria Victória não estava

disposta a deixar aquilo barato e continuava a socar o corpo dele, com todas as

suas forças até que ele a segurou nos dois braços com muito mais força.

– Te controla ou eu dou um jeito em você!

– Se vai mandar meu irmão para a prisão, então nada mais importa para mim

ele é tudo que eu tenho. – Ela chorou e deixou que suas forças cessassem,

apenas se entregou ao medo.

– Olha para mim minha joia, você pode ter desse cara aqui tudo o que quiser,

basta pedir com carinho.

Maria Victória

Seria impossível controla-lo ou manter todo o seu ódio longe do meu irmão,

se eu não ceder aquilo que ele espera de mim, desde que me trouxe para cá.

– Eu vou fazer o que você quer, mas mande agora mesmo que tragam o meu irmão

de volta para cá.

Ele então me soltou, correu para pegar o celular e tentar desfazer o que

havia feito segundos atrás.

–  Mudança de planos tirem-no de lá!

Chacal jogou o celular para o lado e veio em minha direção mais uma vez,

porém eu coloquei minha mão travando e impedindo que ele se deitasse sobre mim.

– Não se preocupe, não vou dar para trás, apenas peço que espere poucos dias

até que eu passe do meu período menstrual.

Toda ansiedade estava marcada em seu rosto, mas ele se afastou e assentiu.

Não sei porque ele adquiriu todo esse ódio por nós dois, não é simplesmente

uma dívida de drogas há algo escondido e eu vou descobrir o que é.

[...]

No momento em que Luíz estava saindo em direção ao carro, levando um dos

homens que pagariam e te retirariam a carga de dentro do automóvel. A polícia

chegou arrebentando tudo no baile funk e procurando por ele, mesmo que Chacal

tivesse dado a ordem para abortar aquela missão, a polícia já havia sido

comunicada, então Luíz precisou entrar no carro em que os comparsas de Chacal

estavam e eles abriram fuga acelerando o mais rápido que podiam.

Os policiais começaram a perseguir o carro que tinha a placa clonada, o

motorista resolveu então pegar uma rodovia movimentada para poder despistar

aquela viatura ou eles se dariam muito mal.

– Deu ruim, eu não tô acreditando numa merda dessas, Chacal tinha me dado a

palavra de que a parada era segura.

– Tú é mesmo um grande trouxa, era uma cilada o tempo inteiro para te mandar

para o xadrez. Tua sorte é que ele telefonou aos 45 do segundo tempo e nos

mandou tirar o seu da reta!

Luíz ficou cogitando o que havia feito Chacal mudar de ideia assim de

repente, se estava disposto a manda-lo para cadeia, algum motivo ele teve para

mudar de planos.

Eles andaram pela pista em zigue-zague até quase passar por uma barreira

policial, mas para sua sorte, havia um grande engarrafamento, então eles

tiveram que abandonar o carro e fugir por entre a mata. Caminhando no meio do

matagal o sinal de celular não estava funcionando como deveria, mas eles

subiram em um local mais alto e conseguiram.

– Chefia, nós quase nos demos mal para trazer esse vacilão de volta e

estamos agora a dez quilômetros do Morro do da Babilônia.

– Fica frio, até parece que é a primeira vez que vocês levam uma carreira.

Passa a localização para o Baratão e eles vão chegar aí em menos de vinte e

cinco minutos e vê se para de tremer e chorar!

Chacal desligou a ligação e Luíz ficou ainda com aquilo em sua mente, mas

quando chegasse em casa perguntaria a Maria Victória se ela sabia de algo.

Em vinte minutos havia um carro para busca-los, assim que Luís entrou na

mansão ele ficou cego de ódio e tentou partir para cima de Chacal, mais Maria

Victória entrou entre os dois.

– Filho da puta!

– Acabo de livrar a tua cara e é isso que eu recebo em troca, coé mermão?

Chacal sorriu.

Maria Victória saiu puxando o irmão pela mão, antes que ele falasse mais

besteiras e colocasse tudo a perder os dois foram para o quarto dele e ela

começou a tentar explicar o que havia acontecido.

– Eu o ouvi dizer que tinha mandado você para uma missão de entregar drogas

em um maldito baile funk e você mesmo tinha me confirmado isso!

– Então me passa a visão, por que ele mudou de ideia e não quis mais me

entregar para a polícia, se os próprios homens dele acabaram de me confessar

isso? Por favor, mana não me diga que você foi capaz de fazer o que eu estou

pensando...

Ela ficou constrangida com a pergunta dele, mas não poderia dizer que havia

feito a promessa de ficar com ele em troca da liberdade do seu irmão.

– Claro que não e não pense e nem fale mais sobre este assunto!

Chacal ficou a noite inteira pensando na promessa dela e contando os minutos

para que isso acontecesse, ele não sabia o que esperar de uma noite de amor com

alguém que estava fazendo isso contra a própria vontade.

Maria Victória

Agora já não tem mais volta, eu fiz essa promessa e terei que cumprir e não

sei o que esperar dessa noite com ele não me parece ser alguém carinhoso ou

preocupado em dar prazer, mas não vou me desesperar é apenas uma noite de toda

a minha vida e os sacrifícios que estou fazendo hoje, certamente nos farão sair

em breve deste pesadelo.

– Em breve, eu me tornarei amante do dono do Morro do Éden!

[...]

Os CAM jamais esqueceriam o que aconteceu naquele bordel e que os havia

deixado sem o seu chefe. Eles planejavam uma forma de vingança que fosse

silenciosa e sem qualquer chance de dar errado, sequestraram o filho de uma das

empregadas da casa de Chacal para força-la a colaborar com eles. Ela não tinha

outra escolha a não ser fazer exatamente o que eles queriam ou teria que arcar

com as tristes consequências.

– A parada é o seguinte tia, é só batizar a comida do filho da mãe do Chacal

e a vadiazinha dele, com esse veneno! Rápido e fácil!

Ela que estava com uma arma apontada para sua boca e além disso tinha a

gravação de seu filho amarrado pelos braços e com marcas de tortura, sendo

ameaçado por aqueles bandidos dispostos a eliminá-lo no tribunal do crime.

– Sim, eu vou fazer isso!

Apenas no instante em que ela concordou e segurou aquele frasco colocando-o

dentro de sua bolsa é que eles aceitaram libertá-la e agora estavam certos de

que a sua vingança estava mais quente do que nunca.

Ela chegou em casa chorando desesperadamente, sabendo que para salvar a vida

daquele que mais amava precisaria tirar a vida de outras duas pessoas. Nada

disso parecia justo com ela, que sempre foi uma cidadã de bem e jamais permitiu

que sua família mesmo vivendo naquele lugar, se envolvesse com coisas erradas.

Ela retirou aquele pequeno frasco de vidro com conteúdo transparente e ficou

apenas olhando para ele durante toda aquela noite, pensando que ao amanhecer se

tornaria uma assassina.

– Dê-me forças para fazer o que eu preciso!

No dia seguinte, ela se arrumou para ir ao trabalho no horário habitual,

colocou o frasco dentro de sua bolsa e foi para a casa de Chacal.

Maria Victória havia acordada cedo e já esperava por ela na cozinha com um

sorriso, apesar de tudo.

– Bom dia Palmira, ontem eu não te vi sair!

Ela percebeu que a empregada estava muito fria e não costumava ser assim

pois, era a única ali com quem ela poderia conversar durante o dia.

– Aconteceu alguma coisa? – Maria insistiu em Palmira não a olhava nos

olhos.

– Não é nada demais menina, só estou cansada!

Maria não insistiu em fazê-la falar e apenas ajudou, como sempre, no serviço

da casa.

Karina ainda pensava em Luíz e se recusava a atender outros clientes, isso

despertou a ira da dona do bordel, pois não tinha interesse em manter uma

mulher ali que não desse lucro.

– Eu posso ficar responsável por todo o serviço desta casa, inclusive do bar

no período da noite, mas por favor não quero mais me deitar com ninguém por

dinheiro!

– Aprenda uma coisa Karina, uma vez piranha sempre piranha...eu não sei o

que aconteceu entre você e o vacilão do irmão daquela outra lá, mas vou deixar

que você esfrie a cabeça e deixa de marra para entender que esse é o seu

trabalho e tudo o que pode conseguir nessa vida!

Mesmo com as palavras duras da sua cafetina, Karina ficou satisfeita em pelo

menos, não ser forçada a satisfazer mas nenhum desconhecido, ela sabia que não

poderia passar muito tempo vivendo lá, ela tinha vindo do interior do Maranhão

para tentar uma vida melhor no Rio de Janeiro e acabou sendo demitida de uma

casa de família, onde trabalhava e morava.

Chacal a acolheu no morro do Éden e a encaminhou para aquela casa onde ela

poderia ganhar a vida daquela forma...aquilo era apenas o que ela conhecia da

vida,, mas ter conhecido um homem como Luíz a estava fazendo pensar em outras

coisas, até mesmo em deixar aquele lugar definitivamente e construir uma vida

com ele, onde não tivessem que se submeter a nada nem ninguém.

"Eu vou procurar por ele e pedir perdão pelo que aconteceu, não quero

que para sempre ele fique com essa impressão sobre mim."

Luíz também pensava nela, mas estava cheio de remorso e não queria saber de

nada que tivesse a ver com aquele lugar, que o havia escravizado de corpo e

alma. Ele ainda não tinha digerido bem a desculpa que Maria Victória tinha dado

a ele, pensou em roubar um dos carros de Chacal para poder fugir com ela, mas

temia que os seguranças os interceptassem antes mesmo de cruzarem a porta.

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