Capítulo 13

Chacal e Maria Victória acordaram abraçados, ele cheirou seus cabelos

longamente e alisou seu braço olhando-a de maneira terna.

– Acho que é sonho despertar e ver uma coisa assim tão linda quanto você ao

meu lado, moreninha!

Ela sorriu e ficou levemente vermelha de vergonha. Quis esconder-se olhando

para baixo e fugindo do olhar dele, mas Chacal levantou o seu rosto pelo queixo

suavemente.

– Eu posso ser um Zé mané para o mundo inteiro, mas contigo eu entendi que

não adianta lutar contra o que estou sentindo, mesmo que eu saiba o quanto vou

me dar mal por isso...

– E o que você está sentindo?

– Sinceramente eu não sei minha joia, mas tudo o que sei é que eu desejo

acordar assim todos os dias. Tô ligado que você ainda não se amarra em mim da

mesma forma, mas eu irei conquistar o seu amor!

– Não sei se eu ainda tenho um coração, sinto-me aprisionada nesta casa e a

minha vida parecia melhor antes de chegar a este lugar que chamam de Paraíso!

– Assim você me quebra novinha, não gosto de te ver assim triste. Quero

trocar uma ideia contigo sei que vai parecer absurdo ou que você está

abandonando Luíz, mas na verdade ele está sendo muito bem cuidado e continuará

sendo. Há lugares em que ninguém saberá de nós ou poderá nos fazer mal, quero

te levar comigo para curtir uma vibe tranquila. Em outro estado, onde seremos

apenas mais um casal no meio da multidão. Pense sobre o assunto e me fale o que

decidir!

Maria Victória

Não me parecia nada justo ir viver uma lua de mel com Chacal enquanto meu

irmão está em uma cama de hospital sofrendo por um envenenamento que foi

indiretamente, culpa minha. Me levantei da cama e fui tomar um banho, mas ele

entrou de repente e acabamos fazendo amor embaixo do chuveiro por muitas horas.

Embaçamos os vidros do box com tantos gemidos e sussurros de prazer, o modo

como ele apertava a minha pele contra a sua me deixava totalmente entregue

enquanto sugava os meus seios.

Saímos do banho satisfeitos e com uma energia maravilhosa para começar o

dia.

– Fique deitada, descanse e espere por mim.

Ele não faz ideia do quanto fica lindo quando fala normalmente sem a

utilização forçada de tantas gírias. Parece que existem duas versões dele, uma

que me assusta e uma que me trata tão bem. Chacal pediu para que eu passasse

todo o dia na cama descansando, mas não consigo fazer isso e desci as escadas

para ajudar Karina. Ela nos serviu um café da manhã reforçado e as nossas

trocas de olhares denunciavam que estava rolando o que ela acreditava que

aconteceria a muito tempo.

Chacal foi para a fundação, mas antes de sair veio até mim e demos um beijo

demorado.

– E tu ainda queria negar o óbvio. – Disse Karina sorrindo muito ao vê-lo

sair e fechar a porta.

– Isso não significa que as coisas mudaram entre nós, ele ainda me odeia e

eu nem sei o porquê.

– Se ele te odeia fazendo tudo isso por ti, imagina se te amasse?

– É que ele me fez uma proposta que me deixou pensativa.

– Abre a mala amiga, quem sabe eu te ajudo a resolver essa parada...

– Chacal quer que façamos uma viagem, ele quer me tirar dessa tristeza por

permanecer presa nessa casa o tempo inteiro.

– Ele está certo em fazer isso, na moralzinha, ele sabe o quanto está sendo

foda para você ficar aqui enclausurada, mas ao mesmo tempo ele faz isso para te

proteger dos CAM e eles não são de brincadeira!

– Mas o que me impede de gritar sim para ele, é ter que me afastar de Luíz

na situação em que ele se encontra.

– Eu também penso nele mana, mas Chacal disse que está dando o melhor

tratamento para Luiz e eu acredito, pois o hospital é da elite...pense melhor

Maria. Essa é a sua oportunidade de ganhar o coração desse boy, quem sabe seu

papel seja mudar a vida dele e não pode perder essa chance. Quanto ao seu

irmão, não se preocupe e pense nada vai mudar você ficando ou indo então é

melhor que vá, sacou?

Karina sabe que eu não posso fazer nada pelo meu irmão aqui, apenas fazer o

mesmo que ela, torcer pela sua melhora e pedir a Deus que ele volte para nós.

Chacal

Maria Victória tem algo tão especial que eu não consigo expressar e mesmo

querendo odiá-la com todas as minhas forças, eu não consigo e depois da noite

que tivemos será impossível tirá-la da minha vida ainda que eu queira. Coloquei

na minha mente que se ela aceitar fazer essa viagem comigo, eu a levarei e fora

deste lugar eu entenderei quem eu sou na verdade e se seria capaz de colocar

uma pedra definitiva sobre a minha vingança para construir uma família com ela.

Depois do que aconteceu ao meu pai eu nunca mais pensei em estabelecer

vínculos com ninguém, pois não queria sofrer novamente todas as perdas que tive

nessa vida, agora estou perdidamente apaixonado por essa novinha que assim como

eu, está jurada de morte. Sua vida está completamente nas minhas mãos e eu

estou feliz por isso...porque quero cuidar dela para sempre.

Meti a cara no trabalho, mas vez o outra eu me pegava sorrindo e lembrando

daquela noite incrivelmente perfeita. Na volta para casa, eu parei o carro em

frente a uma barraquinha de flores e comprei para ela algumas rosas vermelhas....agora

eu tenho uma patroa em casa para agradar.

– O senhor por aqui chefia?

– Nenhuma gracinha oh vacilão, senão vai rodar!

Josué sorriu ao entregar as flores, ele sabia para quem eu as estava

levando. Prometi a ela que iríamos no hospital e então, eu telefonei para casa

e pedi que ela e Karina estivessem prontas, pois iremos com os meus chegados

até o hospital para saber se Luiz havia apresentado alguma melhora ou se ainda

estava em estado vegetativo.

Parei em frente ao hospital...o Baratão e o Anthony entraram ambos armados

para nossa proteção e saímos no carro blindado. Chegando lá, os médicos não nos

deram falsas esperanças e apenas comunicaram que a situação dele se mantinha e

estava sem apresentar nenhuma complicação, mas também nenhuma melhora. Maria

Victória ficou com ele um pouco no quarto sozinha e depois foi a vez de Karina

ir até lá.

[...]

Karina se aproximou da cama de Luíz, passou a mão suavemente sobre a testa

dele.

– Eu vacilei por não ter trocado uma ideia antes contigo, mas é que toda a

minha vida foi assim enxergando as oportunidades passarem pela janela e

entregue a situações que apenas me trouxeram dor.

Ela chorou e ficou um tempo no quarto pedindo a ele que voltasse e que os

dois pudessem conversar e mesmo que fosse para que ele a dispensasse, gostaria

de ouvir isso dos lábios dele.

Um tempo depois, eles voltaram para casa, Maria Victória foi para o quarto

dela, mas Chacal a seguiu.

– Iria me deixar esperando? – Disse ele, segurando a cintura dela.

– É que eu não sei se isso é uma boa ideia.

– Como não sabe minha joia? eu já coloquei os meus sentimentos aos seus pés,

achei que a minha palavra valesse alguma coisa para você...te preparei até uma

surpresinha!

Ela sorriu levemente e ele a puxou pela mão e os dois foram em direção ao quarto

dele. O pequeno ramo de flores estava sobre a cama esperando por ela, Maria

Victória sorriu e a levou até o nariz para sentir o seu suave perfume.

– Gostou?

– De todas as coisas que eu imaginava que você pudesse me dar, flores seriam

as últimas. Sinceramente nunca em toda a minha vida eu havia ganhado rosas e

esse é o presente mais lindo que já recebi!

Os dois se beijaram e começaram as carícias mais íntimas, depois de se

amarrem por um longo tempo...

– Eu já tenho uma resposta sobre o convite que você me fez Chacal.

Ele estava deitado entre as pernas de Maria repousando o seu rosto entre os

seios dela e de repente, ele olhou nos olhos com muita ansiedade de saber a

resposta.

– Manda a real então princesa, vou preparar o meu coração para o pior.

– Sim se bobo, eu aceito ir com você!

Chacal

Tudo parecia estar me levando em direção ao fim da minha vingança, me sinto

fraco por não poder fazer aquilo que eu quero...para fazer aquilo que me faz

feliz. Posso dar a minha vingança como encerrada ao ver o que aconteceu com

Luíz e esquecer-me de que Maria tem o mesmo sangue dele, a pedra no passado

está colocada para sempre.

[...]

Os CAM logo ficaram sabendo que sua tentativa de eliminar Maria Victória e

Chacal havia fracassado, então eles precisavam ficar atento aos seus próximos

passos para poder vingar a morte de seu líder. Foram contactados sobre a visita

de um dos carros que pertencia a Chacal e que ele fora visto em frente a um

hospital particular. Eles então pensaram em colocar um infiltrado para saber

quem havia tomado o veneno que deveria ter sido dado ao chefe do morro do Éden

e sua amante.

– De amanhã não passa, revirem todos os leitos daquele hospital, mas

digam-me quem vai rodar antes dele e da gostosinha!

– Fica frio Meia Noite, eu prometo que te darei respostas o mais rápido

possível!

Meia-noite havia ficado com o legado dos CAM depois do assassinato do líder

da facção, ele levava esse apelido por ser um homem de pele negra e possuir

vitiligo o que o tornava parcialmente branco. Sua crueldade nunca o havia

permitido ser o líder anteriormente, com ele não haviam argumentos ou meio

termo, a lei do crime sempre era a morte quando passava pelas suas mãos. Agora

que ele estava no comando todos sabiam que as coisas se tornariam muito mais

violentas.

Ele estava em sua sala com uma foto de Maria Victória em suas mãos, a essa

altura ele já sabia que toda a proteção que Chacal estava dando a ela,

significava que havia muito mais sentimentos envolvidos entre os dois do que

apenas o desejo de proteger um aliado.

– Quem sabe eu possa ocupar a sua vida e te tornar uma das minhas vadias,

essa seria a vingança mais deliciosa que poderíamos ter contra aquele miserável

do Chacal. Já está mais do que na hora de ele passar o trono do Morro do Éden

para alguém mais capacitado do que ele!

Aquilo já havia transcendido de uma simples vingança, para o desejo de

domínio daquele local e das pessoas que confiavam nele para comandar o morro. O

apresso que as pessoas da comunidade tinham por Chacal despertavam a inveja e a

ira de muitos, inclusive ele.

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