Capítulo 5

Maria estava agora vivendo com o irmão na casa de Chacal e não podia andar

fora da linha, tinha medo de ficar naquela casa, mas tinha medo de sair dela.

Suas amigas telefonaram para saber o motivo de seu sumiço e ela teve que dar

uma boa desculpa para sair de cena.

– Eu não sei quando poderei voltar dessa viagem, telefonei para a empresa e

dei uma desculpa qualquer para deixar o trabalho.

– Mas essa sua atitude de se mudar para o morro assim do nada é muito

estranha Maria.

– Luíz e eu tivemos que fazer isso, mas não se preocupe...tudo isso será

apenas por um tempo.

Ela desligou o telefone, saiu do quarto e decidiu ajudar a preparar o café

da manhã.

– Bom dia, posso te ajudar?

Maria perguntou para uma das empregadas da casa, era uma senhora da própria

comunidade e parecia gentil.

– Se você quiser, claro que pode!

Maria Victória

Estar nesse lugar é terrível demais, não me sinto segura em nenhum momento.

Chacal é perigoso e esses homens que andam ao lado dele também...

– Bom dia, como dormiu a mais nova moradora do meu barraco?

Ele sorriu debochando, tomou um copo d’água e olhou-me esperando a resposta.

– Eu dormiria melhor se pudesse estar a minha casa!

– Como eu disse novinha, a porta da rua é serventia da casa.

– Você sabe que se eu pudesse já teria ido. – Respondi furiosa.

O celular dele tocou, ele preferiu atender do que me dar uma resposta

atravessada.

– Fala meu camarada, claro que vou...eu só precisei resolver umas paradas

por aqui antes. Certo, claro que irei e estaremos aí em duas horas!

Chacal saiu e eu preparei tudo com ela, Luíz e eu decidimos que obviamente

iríamos comer na cozinha com os demais empregados da casa.

– Bom dia mana. – Luíz chegou e sentou-se em uma das cadeiras da mesa da

cozinha, ele esperou que a empregada saísse com o café da manhã do Chacal. –

Aquele merda não tentou nada com você, tentou?

– Não, eu dormi no quarto ao lado do seu.

– Mas não confio nesse vacilão, o jeito que ele olha para você Maria...

– Não ter escolha é a pior coisa de ter que ficar nesse lugar! Mas tenho

medo de sairmos agora e nos fazerem mal.

– Não podemos viver aqui para o resto da vida por causa das ameaças, vou dar

meu corres e a gente foge do estado.

– Eu já te disse que não quero que se envolva ainda mais no crime, vou

pensar em uma forma de nos livrarmos do Chacal e desses outros bandidos.

Chacal

Fiquei esperando por ela na mesa de jantar, mas apenas a empregada veio me servir.

– E a minha joia, vai fazer greve de fome?

Ela sorriu.

– A mocinha disse que vai comer com o irmão na cozinha.

Ela está mesmo disposta a me afrontar, que garota mais teimosa e marrenta.

Tenho que resolver umas paradas e vou passar o dia fora de casa, deixei

combinado com o Pelé e o Vilmar para ficarem de olho na casa e não permitirem

que ela saia daqui e minha vingança contra esses dois, está apenas começando.

Mandei chamarem Luíz e ele veio com aquela cara de otário.

– Como eu já te mandei o papo reto, aqui eu não sustento vagabundo. Vai

trabalhar no depósito descarregando os materiais junto com os meus parças e

eles ficarão de olho em você.

– Não temos intenção de ficar aqui por muito tempo!

Eu gargalhei.

– Certo, mas vá para o seu “corre” e tira o traseiro da minha frente.

Ele saiu furioso, se eu pudesse estar fazendo isso com o pai deles...teria

um sabor ainda mais doce. Comi, subi as escadas, peguei minhas armas dentro do

cofre e fui pegar o carro...olhei para a janela e Maria estava me olhando sair.

Não quero que ela deixe a casa, claro que não temo o que possam fazer com ela,

mas não quero perder a chance de puni-los pelo passado que nos une.

Maria Victória

Passei o dia inteiro fazendo os serviços da casa, eu não tinha mais nada

para fazer. Mas a empregada não me deixou entrar em determinados quartos da

casa, certamente usados para esconder coisas ilícitas.

– Estou indo agora, mas prometo que farei tudo para que me liberem logo do

trabalho.

– Trabalho? O que vai fazer Luíz?

– Tenho que ir ao depósito, ele mandou e eu não posso descumprir as ordens

desse infeliz.

Temi por ele, mas tive que deixa-lo ir. Fui limpar o quarto do Chacal, havia

uma camisa dele em cima da cama e eu resolvi pegar e colocar no lugar certo.

Estava muito perfumada e eu levei até mais perto do meu nariz, fechei meus

olhos e pensei no nosso beijo.

Não sei o que está acontecendo comigo, não posso pensar em alguém como ele.

Chacal é um assassino e bandido, tenho que colocar isso na minha cabeça antes

que sinta o que não devo sentir. Depois de fazer o meu trabalho, eu fui para o

quarto e esperei aquele dia passar.

[...]

Chacal foi buscar uma encomenda de armas, mas eles acabaram tendo um

problema com a entrega. Ele entrou sozinho para falar com o representante

deles...

– Aqui está! – Ele entregou um bolo de dinheiro, o homem contou e fez uma

expressão não muito satisfeita.

– Meu patrão disse que agora é o dobro, vocês demoraram e ele não gosta de

esperar.

– Tô pouco me ferrando para o que ele gosta ou não, pega teu agrado e sai da

minha frente!

Eles iam sair com o carregamento, mas o homem mandou que impedissem a

passagem dos carros. Chacal passou a mão a arma em sua cintura, o negociador

tentou impedir que ele pegasse o revólver...os dois entraram em luta corporal e

Chacal sacou a arma, mas o homem conseguiu desarmá-lo e a arma caiu pra longe

deles.

Começaram a trocar socos e chutes, Chacal foi atingido por um corte de

navalha no ombro, mas depois o desarmou e acertou duas vezes no nariz e ele

sangrava. O homem caiu no chão de barriga para baixo e sangrando...

Chacal

Segurei a cabeça daquele merda pelos cabelos curtos com toda a força,

levantando seu rosto quebrado do chão e observando as gotas de seu sangue

pingarem.

– Nunca mais tente bancar o esperto comigo camarada!

Meti a cara dele com tudo no chão e ele desmaiou...joguei o dinheiro em cima

dele, peguei minha arma e apontei para a cara dos homens dele que estavam nos

bloqueando a saída. Conseguimos passar com a carga de armas e eu entrei no

carro...

– Caralho! – Passei a mão no ombro e só depois da adrenalina baixa eu senti

a dor do corte que ele me fez.

– Ih chefia, melhor ligar para o médico esperar pelo senhor na volta.

– Merda de médico, isso não é nada demais e vamos sair daqui.

Fomos embora daquele lugar antes que desse ruim para nós.

[...]

Luíz chegou ao tal depósito, eles estavam esperando as armas trazidas por

Chacal e ele seria responsável por identificar cada uma delas para o repasse no

mercado negro. Elas eram mandadas para vários países...

– Antes de começar o teu trampo de hoje, vai lavar todos os carros da

garagem!

– Só pode estar de caô com a minha cara.

– Caô merda nenhuma, tú aqui segue as minhas ordens e eu sigo a do chefe.

Então é bom pegar os baldes e começar sem chiar!

Luíz saiu para cumprir aquelas ordens absurdas, eram oito carros e todos

usados por eles nos crimes. Alguns até tinham manchas de sangue, Chacal estava

trazendo as armas de um lugar mais distante e chegou à noite em casa.

Maria tinha feito o jantar, mas ao ouvir vozes masculinas ela correu para a

sala e achou que Luíz tinha voltado.

Maria Victória

Era o Chacal e um dos comparsas dele, os dois pareciam ter vindo mesmo de

uma guerra e estavam sujos e ele tinha marcas roxas no rosto. Ele passou por

mim e o outro homem carregava algumas caixas, ambos subiram as escadas, fiquei

com vontade de perguntar sobre o meu irmão, mas sequer tive tempo de fazer

isso.

Resolvi ir para o quarto e ficar olhando para o lado de fora até o meu irmão

chegar.

[...]

– Liga para o Maroto, diga a ele que pode vir pegar as paradas dele amanhã.

– Sim chefe, não quero mesmo que ligue para o médico vir?

– Não, leve as armas para o depósito...manda o vacilão organizar uma por

uma. – Ele sorriu mesmo sentindo dor.

Ele sabia que Maria iria se recusar a comer com ele na sala de jantar, ele

resolveu provocar um pouco. Foi até o quarto dela e abriu a porta de repente...

– Não aprendeu a bater? – Ela perguntou irritada, estava sentada em uma

cadeira rente a janela e assim que o viu se levantou.

– Essa é minha casa e eu entro por onde me der vontade!

– Mas não no quarto de uma mulher, acha que é dono do mundo só por que

controla um esquadrão de otários armados?

As palavras dela o irritaram, Chacal a puxou pelo braço e abraçou com

força...Maria o empurrou e acabou tocando em seu ferimento, observou o sangue

em sua mão depois de tocá-lo.

– Você está machucado!

– Não foi nada demais, vou sobreviver e quanto ao fodido do teu irmão...não

espere por ele acordada, dei um longo trampo para ele cumprir e só volta depois

disso.

– Por favor Chacal, estamos fazendo tudo o que você quer.

Ele saiu de perto dela e negou com a cabeça.

– Nem tudo! Te espero lá embaixo para jantar comigo.

Maria Vitória

Ele estava machucado, aquilo parecia estar doendo muito e já posso imaginar

o que possa ter causado esse ferimento, certamente briga entre facções ou algo

pior. Mesmo com a minha mente tomada pelo medo do que poderia estar acontecendo

com Luíz, eu tomei um banho...tínhamos recebido algumas roupas e coisas de uso

pessoal e nem sei de onde aquilo pode ter vindo.

Desci as escadas e fui até a sala de jantar, ele ainda não estava lá, mas eu

me sentei e fiquei esperando por ele.

Chacal

Assim que a água caiu nessa merda de ferimento eu vi estrelas, esse corte

daria facilmente uns seis pontos. Fiz um curativo no improviso, a forma como

ela me olhou ao perceber que eu sangrava, será que essa garota se importa

comigo?

Estou sendo otário ao pensar nisso, me vesti e telefonei para saber como

andava o trabalho do Luíz.

– Fala aí meu camarada, como anda o nosso mais novo escravo?

Ele sorriu.

– Lavou e poliu todos os carros esta tarde, agora que os bagulho chegaram

ele passou para sala e vai ter uma longa noite cuidando das paradas que

trouxeram.

Eu sorri, quero mais é que ele se foda. Desliguei e fui jantar com a exaltadinha.

Ela já estava lá, comportada e esperando por mim...

– Agora sim, podemos comer!

Sei que ela queria me perguntar sobre o irmão, mas eu não quis tocar no

assunto. Maria não comeu quase nada e sei que é para me provocar.

– O rango não está do seu agrado?

– Está sim, eu mesma fiz...mas não consigo comer quando estou preocupada.

– Ele vai voltar logo e vê se come de uma vez! – Ela começou a mexer com a

colher no prato, jogando a comida de um lado para o outro e sem muita vontade.

– Posso pensar em reduzir o trampo do seu irmão, mas desse jeito marrento e

teimoso...não vai conseguir nada de mim.

– Diga-me o que tenho que fazer para que deixe Luíz em paz, eu quero que o

deixe ir embora desse lugar e destrua as provas que tem da participação dele em

qualquer coisa ilícita que ele possa ter se envolvido por sua causa.

– Por minha causa? Então eu sou o culpado de ele ser um merda e vida errada

também? – Eu gargalhei e ela ficou ainda mais puta da vida.  – Entende uma

coisa minha joia, ninguém o obrigou a comprar bagulho nenhum... Luíz veio por

que quis e a proposta que você me fez, eu posso pensar no assunto e quem sabe

tenha algo seu que eu possa querer.

Claro que posso negociar uma trégua sexual com ela e farei isso em breve,

mas não antes de deixa-la consciente de que sou eu quem dá as regras do jogo.

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Comments

Sandra Martins

Sandra Martins

demorando demais pra eles se acertarem

2024-02-13

1

Anna Cristina

Anna Cristina

estou gostando e muito de ler parabéns autora.

2023-10-10

0

Ver todos

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