A empregada precisava pensar em como fazer aquilo sem levantar nenhuma
suspeita, pois se isso acontecesse então seria Chacal a acabar com a vida dela.
Ela derramou todo o conteúdo do frasco dentro de uma jarra suco, ela se
aproveitou do momento em que Maria Victória saiu para o quarto e a deixou
sozinha na cozinha.
Maria Victória
Um tempo depois, voltei para adiantar a comida e preparei a salada, Luiz já
estava rondando a cozinha e sei que faminto então apressei-me e ajeitei um
prato para ele.
Percebi como a empregada estava agindo de maneira estranha naquele dia em
especial, mas eu não quis fazer caso por isso. De repente, ela saiu rapidamente
da cozinha e eu não entendi absolutamente nada.
– O que deu nessa doida? – perguntou Luiz, enquanto eu lhe seria um
copo de suco.
– Ela está agindo de maneira muito esquisita hoje, mas eu não quis
perguntar nada para não parecer invasiva!
Luiz virou a metade do copo de suco de uma vez só e continuou comendo, eu
então fui colocar um pouco para mim, e do nada ele derrubou o copo de vidro no
chão quebrando-o começou a gemer de dor tocando a própria barriga e eu fiquei
muito assustada.
– O que você tem Luiz? - perguntei me aproximando dele.
– Ai maninha é uma dor que está me tirando o ar!
Saí correndo para a sala de jantar e Chacal já estava prestes a tomar o
mesmo suco...levado pela empregada em uma outra jarra.
– Por favor...eu preciso de ajuda, Luiz está passando muito mal!
Ele entendeu o meu olhar que era realmente uma situação desesperadora e não
apenas mais uma brincadeira para tirá-lo sério. Chacal largou o copo de suco
sobre a mesa, arrastou a cadeira e correu comigo até a cozinha, Luiz já estava
no chão rolando de dor e gritava desesperadamente.
– Vamos faça alguma coisa por ele, por favor!
Chacal olhou para mim e o ajudou a levantar-se do chão e o colocaram dentro
do carro onde fomos acelerando para o hospital. Ele foi atendido na emergência
e ficamos na sala de espera apreensivos.
– Você tem alguma coisa a ver com isso? – perguntei olhando dentro dos
olhos dele, Chacal tocou meu ombro acariciando lentamente.
– Na moral minha joia desta vez eu não fiz nada, mas não fica assim, seja o
que for eu tenho certeza que o vacilão do teu irmão vai sair dessa.
Ficamos sentados por um bom tempo, até que o médico apareceu com um
prontuário nas mãos.
– Diga-me Doutor, como meu irmão está?
– As notícias que tenho não são nada boas, seu irmão sofreu envenenamento
por uma toxina de ação muito severa no organismo.
– Ele vai morrer? – Chacal antecipou a minha pergunta.
– Infelizmente há chance de isso acontecer, pois ele está agora em coma
induzido.
Comecei a chorar descontroladamente e Chacal me abraçou.
– Não sei o que está ao seu alcance, mas por favor por tudo o que há de mais
sagrado. Não deixe o meu irmão morrer, ele é tudo o que eu tenho.
– Eu tenho muita grana novinha...isso é tudo o que eu conquistei nessa vida
e coloco isso á sua disposição.
– Cumprirei a promessa que eu fiz para você, mas quero que meu irmão tenha o
melhor tratamento que possam dar a ele!
[...]
Uma tentativa de envenenamento era algo que o hospital não deixaria que
passasse impune e certamente pediriam para que um boletim de ocorrência fosse
feito, para apurar melhor o que havia acontecido e quem havia mandado fazer
isso com o Luiz.
Chacal então se antecipou e telefonou para o seu contato dentro da polícia
explicou o que havia acontecido e que certamente aquele atentado havia sido
criado para eliminar ele ou Maria Victória a mando da CAM.
Ele conseguiu mais uma vez colocar aquela situação em panos quentes e depois
falou com os seus homens para que não permitisse que nenhuma das empregadas
saísse da casa, pois as únicas que poderiam ter feito isso seriam elas tendo o
livre acesso de sempre.
O médico então autorizou que Maria Victória entrasse no quarto, para ver a
situação do irmão e Chacal a acompanhou. Ela foi até a cama onde Luíz estava
entubado e segurou sua mão.
– Eu estou aqui ao seu lado, não tenha medo!
A lágrimas dela e o modo como demonstrava o amor pela única pessoa que tinha
em sua vida, fez Chacal entender que Maria Victória era uma pessoa mais do que
especial e que o sofrimento dela o fazia sofrer também. Por mais que ele
tentasse não entender o que acontecia em seus próprios sentimentos, no fundo ele
já sabia que estava completamente apaixonada por ela.
– Você precisa voltar para o meu lado, prometeu que não me deixaria sozinha!
Chacal
Talvez essa tenha sido indiretamente a minha vingança, pois ele está
praticamente morto e agora ela está sofrendo muito. Mas nada disso, teve o
sabor que eu imaginei que teria quando tivesse a vingança que tanto esperei
esses anos todos.
– Não fica bolada pelo que eu tenho que dizer a você, mas temos que voltar
para casa.
– Eu quero ficar ao lado dele!
– Eu sei gata, mas estamos no meio do fogo cruzado e querem nos apagar, não
podemos ficar dando mole por aí na quebrada.
– Apenas por essa noite, permita que eu fique, você pode voltar para casa se
quiser.
Neguei com a cabeça, jamais a deixaria sozinha para voltar para aquela casa
enorme, pensando que poderiam tentar fazer mal a ela outra vez.
O Baratão ligou e disse que pegaram uma das minhas empregadas tentando fugir
do Morro do Éden e ela estava dentro de um barraco presa, apenas esperando que
eu desse as ordens sob o que fazer com ela.
Realizei essa ligação longe de Maria Victória, não quero que ela saiba do
que está acontecendo já passou por coisas demais em um dia só.
– Tente tirar dela quem mandou fazer isso. Apesar de que eu já sei que foram
aqueles putos...
– Fica frio meu camarada, vamos resolver esse B.O.
Maria Victória
Chacal passou a noite inteira sentado em um sofázinho desconfortável,
enquanto eu fiquei na cadeira ao lado da cama de Luiz e ele não manifestava
nenhum tipo de reação.
Amanheceu o dia e um dos médicos entrou.
– A UTI móvel que solicitou, acabou de chegar para fazer a transferência do
paciente.
Olhei assustada para Chacal.
– Transferência?
– Sim Maria, mandei que o levassem para um hospital particular, onde ele
será melhor atendido.
Chacal assinou alguns documentos referentes a transferência de hospital e
colocaram Luiz em uma maca, que foi levada até uma ambulância equipada.
[...]
Karina já não tinha mais medo de falar com ele sobre o que estava sentindo e
que já não levava mais uma vida errada, ela foi até a mansão de Chacal para
tentar conversar com Luiz, após saber que ele não tinha ido até a Fundação.
– O que você quer?
Perguntou agressivamente, um dos seguranças que não estava gostando nada de
ter que atender a porta com a falta das empregadas.
– Quero apenas trocar uma ideia com o Luiz, ele está em casa?
– Não e espero que aquele noiado não volte nunca mais da longa viagem que
ele foi fazer.
– Por quê está dizendo isso?
Ele sorriu.
– Teu camarada quase rodou essa manhã, tomou um suco batizado e foi parar no
hospital gritando de dor.
– Para que hospital o levaram, ele está vivo? - Ela perguntou nervosa.
– Se liga garota e como é que eu vou saber? Se eu fosse você procurava outro
trouxa para sentar, porque esse eu acho que já não volta mais...
O sorriso dele de deboche a deixou ainda mais triste, ela saiu de lá
chorando muito e se sentindo extremamente culpada, pois se ele morresse antes
de ouvir dela que aquela noite havia sido perfeita...isso a deixaria arrasada e
sem se perdoar.
Luiz foi levado para um hospital mais equipado e então, Chacal convenceu
Maria Victória a voltar para casa e descansar um pouco, pois quaisquer notícias
relacionadas a melhora dele, chegariam para eles em tempo real. Ele abriu a
porta do carro para ela e eles chegaram em casa.
– Não posso mais readmitir nenhuma daquelas outras empregadas, não confio
mais em ninguém para esse serviço!
– Eu posso me encarregar do trabalho da casa, como tenho feito desde que
cheguei aqui.
– Você não tem que pegar no pesado princesa, vou conseguir alguém que possa
te dar uma mão!
Ao chegar em casa, eles viram que Karina ainda estava por perto e ela queria
notícias de Luiz. mas os seguranças se recusavam a falar sobre o assunto.
– Karina o que está fazendo aqui? - perguntou Maria Victória.
– Preciso de notícias sobre Luiz.
– Entre então, não podemos ficar dando sopa aqui fora e levar uma bala na
cabeça. – Avisou Chacal.
Os três entraram na mansão Maria Victória então contou para ela que seu
irmão estava lutando pela vida, porém permanecia ainda em coma induzido e não
sabiam sobre possíveis sequelas.
– Sei que a impressão que ficou de mim não foi das melhores, mas na moral,
eu gosto do seu irmão de verdade.
Maria percebeu que as palavras dela eram verdadeiras, apenas pelo olhar
triste que ela carregava o saber da situação dele.
– Deixei de trabalhar com garota de programa, desde a noite em que estivemos
juntos.
Maria Victória pensou então em pedir a Chacal para que a contratasse para
ajudar no serviço da casa. Karina concordou prontamente com a ideia dela, pois
era uma forma de sempre ter notícias de Luiz e quem sabe, poder ficar ao lado
dele quando recebesse alta.
Maria Victória
Fui conversar com o Chacal sobre a possibilidade de Karina me ajudar com os
trabalhos da casa.
– Posso entrar no momento? - perguntei abrindo a porta de seu escritório.
– Claro que pode.
– Karina ainda está aqui perguntando sobre o meu irmão e eu acho que ela
poderia me ajudar com a casa, o que você acha disso?
–Por mim o que você decidir, já é!
– Então eu direi a ela que pode ficar.
Ele assentiu então sair e dei a notícia para ela.
[...]
Karina foi buscar as suas coisas no bordel e as outras meninas debocharam
dela, dizendo que finalmente havia conseguido subir de cargo e se meter na casa
do chefe do Morro.
Mas ela não se importou e colocou suas coisas dentro de uma mala, saindo de
lá logo em seguida e sem olhar para trás.
Chacal pegou sua arma e foi até o barraco onde a empregada estava presa
esperando pelo julgamento dele, ela estava muito ferida, pois havia sido
torturada para dizer a verdade. Ele já sabia como lidar com aquele tipo de
situação destravou a sua arma, enfiando o cano frio dentro da boca daquela
mulher que estava desesperada.
– Abre a mala e me diga agora mesmo, quanto ganhou pelo serviço?
Ela murmurou e ele afastou a arma para que ela pudesse falar.
– Eu não queria ter que fazer isso com ninguém, mas o meu filho foi pego
pelos CAM e eles me forçaram a fazer essa maldade.
Antes que ela pudesse rogar pela sua vida, um dos parças de Chacal chegou de
repente no barraco dizendo que o corpo do filho da empregada havia sido
encontrado na saída do morro em direção à Lapa.
Ela chorou desesperadamente e Chacal então entendeu que já não precisava
punir aquela mulher, pois a vida acabara de fazer isso.
Ela então, foi liberada voltou para sua humilde casa e fez as malas para
sair daquele lugar que havia trazido tanta desgraça para a sua vida. Quase
havia tirado uma vida e nem sequer isso havia sido o bastante para que
poupassem o seu filho, mas aquela é a regra do Morro, vacilou perdeu.
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Atualizado até capítulo 60
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