Capítulo 10

A empregada precisava pensar em como fazer aquilo sem levantar nenhuma

suspeita, pois se isso acontecesse então seria Chacal a acabar com a vida dela.

Ela derramou todo o conteúdo do frasco dentro de uma jarra suco, ela se

aproveitou do momento em que Maria Victória saiu para o quarto e a deixou

sozinha na cozinha.

Maria Victória

Um tempo depois, voltei para adiantar a comida e preparei a salada, Luiz já

estava rondando a cozinha e sei que faminto então apressei-me e ajeitei um

prato para ele.

Percebi como a empregada estava agindo de maneira estranha naquele dia em

especial, mas eu não quis fazer caso por isso. De repente, ela saiu rapidamente

da cozinha e eu não entendi absolutamente nada.

– O que deu nessa doida? – perguntou Luiz, enquanto eu lhe seria um

copo de suco.

– Ela está agindo de maneira muito esquisita hoje, mas eu não quis

perguntar nada para não parecer invasiva!

Luiz virou a metade do copo de suco de uma vez só e continuou comendo, eu

então fui colocar um pouco para mim, e do nada ele derrubou o copo de vidro no

chão quebrando-o começou a gemer de dor tocando a própria barriga e eu fiquei

muito assustada.

– O que você tem Luiz? - perguntei me aproximando dele.

– Ai maninha é uma dor que está me tirando o ar!

Saí correndo para a sala de jantar e Chacal já estava prestes a tomar o

mesmo suco...levado pela empregada em uma outra jarra.

– Por favor...eu preciso de ajuda, Luiz está passando muito mal!

Ele entendeu o meu olhar que era realmente uma situação desesperadora e não

apenas mais uma brincadeira para tirá-lo sério. Chacal largou o copo de suco

sobre a mesa, arrastou a cadeira e correu comigo até a cozinha, Luiz já estava

no chão rolando de dor e gritava desesperadamente.

– Vamos faça alguma coisa por ele, por favor!

Chacal olhou para mim e o ajudou a levantar-se do chão e o colocaram dentro

do carro onde fomos acelerando para o hospital. Ele foi atendido na emergência

e ficamos na sala de espera apreensivos.

– Você tem alguma coisa a ver com isso? – perguntei olhando dentro dos

olhos dele, Chacal tocou meu ombro acariciando lentamente.

– Na moral minha joia desta vez eu não fiz nada, mas não fica assim, seja o

que for eu tenho certeza que o vacilão do teu irmão vai sair dessa.

Ficamos sentados por um bom tempo, até que o médico apareceu com um

prontuário nas mãos.

– Diga-me Doutor, como meu irmão está?

– As notícias que tenho não são nada boas, seu irmão sofreu envenenamento

por uma toxina de ação muito severa no organismo.

– Ele vai morrer? – Chacal antecipou a minha pergunta.

– Infelizmente há chance de isso acontecer, pois ele está agora em coma

induzido.

Comecei a chorar descontroladamente e Chacal me abraçou.

– Não sei o que está ao seu alcance, mas por favor por tudo o que há de mais

sagrado. Não deixe o meu irmão morrer, ele é tudo o que eu tenho.

– Eu tenho muita grana novinha...isso é tudo o que eu conquistei nessa vida

e coloco isso á sua disposição.

– Cumprirei a promessa que eu fiz para você, mas quero que meu irmão tenha o

melhor tratamento que possam dar a ele!

[...]

Uma tentativa de envenenamento era algo que o hospital não deixaria que

passasse impune e certamente pediriam para que um boletim de ocorrência fosse

feito, para apurar melhor o que havia acontecido e quem havia mandado fazer

isso com o Luiz.

Chacal então se antecipou e telefonou para o seu contato dentro da polícia

explicou o que havia acontecido e que certamente aquele atentado havia sido

criado para eliminar ele ou Maria Victória a mando da CAM.

Ele conseguiu mais uma vez colocar aquela situação em panos quentes e depois

falou com os seus homens para que não permitisse que nenhuma das empregadas

saísse da casa, pois as únicas que poderiam ter feito isso seriam elas tendo o

livre acesso de sempre.

O médico então autorizou que Maria Victória entrasse no quarto, para ver a

situação do irmão e Chacal a acompanhou. Ela foi até a cama onde Luíz estava

entubado e segurou sua mão.

– Eu estou aqui ao seu lado, não tenha medo!

A lágrimas dela e o modo como demonstrava o amor pela única pessoa que tinha

em sua vida, fez Chacal entender que Maria Victória era uma pessoa mais do que

especial e que o sofrimento dela o fazia sofrer também. Por mais que ele

tentasse não entender o que acontecia em seus próprios sentimentos, no fundo ele

já sabia que estava completamente apaixonada por ela.

– Você precisa voltar para o meu lado, prometeu que não me deixaria sozinha!

Chacal

Talvez essa tenha sido indiretamente a minha vingança, pois ele está

praticamente morto e agora ela está sofrendo muito. Mas nada disso, teve o

sabor que eu imaginei que teria quando tivesse a vingança que tanto esperei

esses anos todos.

– Não fica bolada pelo que eu tenho que dizer a você, mas temos que voltar

para casa.

– Eu quero ficar ao lado dele!

– Eu sei gata, mas estamos no meio do fogo cruzado e querem nos apagar, não

podemos ficar dando mole por aí na quebrada.

– Apenas por essa noite, permita que eu fique, você pode voltar para casa se

quiser.

Neguei com a cabeça, jamais a deixaria sozinha para voltar para aquela casa

enorme, pensando que poderiam tentar fazer mal a ela outra vez.

O Baratão ligou e disse que pegaram uma das minhas empregadas tentando fugir

do Morro do Éden e ela estava dentro de um barraco presa, apenas esperando que

eu desse as ordens sob o que fazer com ela.

Realizei essa ligação longe de Maria Victória, não quero que ela saiba do

que está acontecendo já passou por coisas demais em um dia só.

– Tente tirar dela quem mandou fazer isso. Apesar de que eu já sei que foram

aqueles putos...

– Fica frio meu camarada, vamos resolver esse B.O.

Maria Victória

Chacal passou a noite inteira sentado em um sofázinho desconfortável,

enquanto eu fiquei na cadeira ao lado da cama de Luiz e ele não manifestava

nenhum tipo de reação.

Amanheceu o dia e um dos médicos entrou.

– A UTI móvel que solicitou, acabou de chegar para fazer a transferência do

paciente.

Olhei assustada para Chacal.

– Transferência?

– Sim Maria, mandei que o levassem para um hospital particular, onde ele

será melhor atendido.

Chacal assinou alguns documentos referentes a transferência de hospital e

colocaram Luiz em uma maca, que foi levada até uma ambulância equipada.

[...]

Karina já não tinha mais medo de falar com ele sobre o que estava sentindo e

que já não levava mais uma vida errada, ela foi até a mansão de Chacal para

tentar conversar com Luiz, após saber que ele não tinha ido até a Fundação.

– O que você quer?

Perguntou agressivamente, um dos seguranças que não estava gostando nada de

ter que atender a porta com a falta das empregadas.

– Quero apenas trocar uma ideia com o Luiz, ele está em casa?

– Não e espero que aquele noiado não volte nunca mais da longa viagem que

ele foi fazer.

– Por quê está dizendo isso?

Ele sorriu.

– Teu camarada quase rodou essa manhã, tomou um suco batizado e foi parar no

hospital gritando de dor.

– Para que hospital o levaram, ele está vivo? - Ela perguntou nervosa.

– Se liga garota e como é que eu vou saber? Se eu fosse você procurava outro

trouxa para sentar, porque esse eu acho que já não volta mais...

O sorriso dele de deboche a deixou ainda mais triste, ela saiu de lá

chorando muito e se sentindo extremamente culpada, pois se ele morresse antes

de ouvir dela que aquela noite havia sido perfeita...isso a deixaria arrasada e

sem se perdoar.

Luiz foi levado para um hospital mais equipado e então, Chacal convenceu

Maria Victória a voltar para casa e descansar um pouco, pois quaisquer notícias

relacionadas a melhora dele, chegariam para eles em tempo real. Ele abriu a

porta do carro para ela e eles chegaram em casa.

– Não posso mais readmitir nenhuma daquelas outras empregadas, não confio

mais em ninguém para esse serviço!

– Eu posso me encarregar do trabalho da casa, como tenho feito desde que

cheguei aqui.

– Você não tem que pegar no pesado princesa, vou conseguir alguém que possa

te dar uma mão!

Ao chegar em casa, eles viram que Karina ainda estava por perto e ela queria

notícias de Luiz. mas os seguranças se recusavam a falar sobre o assunto.

– Karina o que está fazendo aqui? - perguntou Maria Victória.

– Preciso de notícias sobre Luiz.

– Entre então, não podemos ficar dando sopa aqui fora e levar uma bala na

cabeça. – Avisou Chacal.

Os três entraram na mansão Maria Victória então contou para ela que seu

irmão estava lutando pela vida, porém permanecia ainda em coma induzido e não

sabiam sobre possíveis sequelas.

– Sei que a impressão que ficou de mim não foi das melhores, mas na moral,

eu gosto do seu irmão de verdade.

Maria percebeu que as palavras dela eram verdadeiras, apenas pelo olhar

triste que ela carregava o saber da situação dele.

– Deixei de trabalhar com garota de programa, desde a noite em que estivemos

juntos.

Maria Victória pensou então em pedir a Chacal para que a contratasse para

ajudar no serviço da casa. Karina concordou prontamente com a ideia dela, pois

era uma forma de sempre ter notícias de Luiz e quem sabe, poder ficar ao lado

dele quando recebesse alta.

Maria Victória

Fui conversar com o Chacal sobre a possibilidade de Karina me ajudar com os

trabalhos da casa.

– Posso entrar no momento? - perguntei abrindo a porta de seu escritório.

– Claro que pode.

– Karina ainda está aqui perguntando sobre o meu irmão e eu acho que ela

poderia me ajudar com a casa, o que você acha disso?

–Por mim o que você decidir, já é!

– Então eu direi a ela que pode ficar.

Ele assentiu então sair e dei a notícia para ela.

[...]

Karina foi buscar as suas coisas no bordel e as outras meninas debocharam

dela, dizendo que finalmente havia conseguido subir de cargo e se meter na casa

do chefe do Morro.

Mas ela não se importou e colocou suas coisas dentro de uma mala, saindo de

lá logo em seguida e sem olhar para trás.

Chacal pegou sua arma e foi até o barraco onde a empregada estava presa

esperando pelo julgamento dele, ela estava muito ferida, pois havia sido

torturada para dizer a verdade. Ele já sabia como lidar com aquele tipo de

situação destravou a sua arma, enfiando o cano frio dentro da boca daquela

mulher que estava desesperada.

– Abre a mala e me diga agora mesmo, quanto ganhou pelo serviço?

Ela murmurou e ele afastou a arma para que ela pudesse falar.

– Eu não queria ter que fazer isso com ninguém, mas o meu filho foi pego

pelos CAM e eles me forçaram a fazer essa maldade.

Antes que ela pudesse rogar pela sua vida, um dos parças de Chacal chegou de

repente no barraco dizendo que o corpo do filho da empregada havia sido

encontrado na saída do morro em direção à Lapa.

Ela chorou desesperadamente e Chacal então entendeu que já não precisava

punir aquela mulher, pois a vida acabara de fazer isso.

Ela então, foi liberada voltou para sua humilde casa e fez as malas para

sair daquele lugar que havia trazido tanta desgraça para a sua vida. Quase

havia tirado uma vida e nem sequer isso havia sido o bastante para que

poupassem o seu filho, mas aquela é a regra do Morro, vacilou perdeu.

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