Capítulo 15

Os quatro estavam na sala; continuava uma chuvinha fina lá fora. Eduardo, então, liga a lareira para aquecer o ambiente, deixando um clima convidativo para uma bebida quente, o que, claro, não passou despercebido por Henrique, que sugeriu no mesmo momento:

Henrique - Vamos tomar um bom vinho?

Eduardo, que estava sentado perto de Carina, olha para Júlia, que desvia o olhar para a lareira.

Carina - Nossa, ótima sugestão!

Respondeu, enquanto entrelaça o braço no de Eduardo, escorando o rosto no ombro dele.

Henrique - Tenho uma garrafa importada no carro. Vou pegar, só um minuto!

Carina - Adoro vinhos! Se tivesse um aperitivo, ficaria melhor, né, meu amor? Eduardo?

Eduardo - O quê?

Carina - Eu disse que o vinho ficaria melhor com aperitivos.

Eduardo - Ah, sim, vou providenciar!

Ele levanta-se e vai até a cozinha, pedindo para a cozinheira preparar uma tábua de frios. Depois, retorna à sala com quatro taças, colocando-as em cima da mesa de centro.

Henrique - Voltei!

O rapaz voltou com uma garrafa de vinho tinto na mão, já tirando o lacre. Nesse momento, Emília chegava com a tábua de frios e um abridor.

Henrique - Ôpa!

Ele pegou o abridor em espinhal, enfiou na rolha, puxando-a e emitindo um barulho de destampar. Júlia sorriu e pegou uma taça. Henrique percebeu a animação dela e a serviu de imediato, consecutivamente as demais taças.

Henrique - Pelos velhos tempos!

Júlia - Velhos tempos? Você realmente não muda, mas devo admitir que gosto muito do seu senso de humor. (risos)

Ele sorriu e sentou ao lado dela. Eduardo pegou a taça dele e tomou um gole generoso.

Henrique - Então, o relacionamento de vocês é sério?

Carina - Estamos nos curtindo!

Eduardo agora pegou uma azeitona e pôs na boca.

Henrique - É, então só temos nós de solteiros, Júlia! Você tem que admitir que é o destino conspirando a nosso favor.

Júlia deu uma gargalhada alta e tomou outro gole de vinho ;⁠-⁠)

- Estou bem sozinha!

Henrique - Não acredito! Uma mulher como você não pode ficar muito tempo sem homem para lhe fazer carinho.

Ele brincou com a situação e dessa vez, Carina riu demasiadamente das investidas mal-sucedidas do rapaz. Eduardo deu um sorriso fraco para disfarçar, pois estava irritado e incomodado, mas manteve-se bem.

Eduardo - Você é um galanteador de quinta, meu amigo. Como quer conquistar uma mulher se só quer curtição e azaração? Você mesmo disse quando chegou que estava solteiro e livre como um pássaro fora da gaiola.

Henrique - Se eu disse isso, eu retiro na hora. Não me importaria de me apaixonar perdidamente. (risos)

Júlia - Não é necessário se sentir preso. Namorar não é isso, e sim se sentir livre com o parceiro ao lado. Caso contrário, é melhor ser solteiro e seguir sua vida sem exigências.

Carina - Igual a você?

Júlia - O que disse?

Todos a olham. Ela então decide entrar no joguinho da Carina, pois era nítido que a garota sabia atacar sem descer do salto, conseguindo lançar perguntas diretas. Até agora, ninguém além da Júlia percebeu os ataques camuflados de perguntas.

Júlia - Seja mais específica!

Carina - Gosta de ser solteira?

Júlia - Gosto, tenho minha liberdade para sair, curtir e o melhor, transar a noite inteira com qualquer homem do meu agrado e escolha, e no outro dia eu nem preciso vê-lo.

Eduardo quase se engasga com o vinho, começando a tossir. Henrique se ajeitou no sofá e arqueou as sobrancelhas, interessado no que estava por vir, Júlia não tinha papas na língua e não media o que falava.

Carina - Ah...

Júlia apenas sorriu para ela e tomou mais vinho. Ficou um silêncio naquela sala por um tempo, mas Henrique decidiu quebrar o gelo.

Henrique - No final de semana vai ter um churrasco na minha fazenda, é basicamente para comemorar minha volta. Vocês estão convidados, será no sábado.

Eduardo - Nós iremos, eu levarei as crianças!

Henrique - Ótimo! E você, Júlia?

Júlia - Não sei, não vou prometer nada!

Carina - Talvez porque sair sem rumo seja melhor, né? Já que no outro dia não importa.

Dessa vez, Eduardo percebeu o ataque de Carina e a olhou estranho.

Eduardo - O que deu em você?

Perguntou ele baixinho.

Júlia - Te incomoda eu ser assim?

Carina - Não! Só acho que você deveria ser mais humana.

Júlia - Ser mais humana?

Eduardo - Para, Carina!

Ele apertou a mão dela.

Carina - Sua fama!

Júlia suspirou e contou até três em pensamentos antes de se levantar e dar um tapa na cara dela.

Henrique - O que está acontecendo aqui, gente?

Eduardo - Melhor eu te deixar em casa!

Júlia - Imagina, eu estou adorando!

Ela pegou a garrafa e encheu a taça de mais vinho.

Eduardo - Chega de vinho, Júlia!

Henrique - É, acho melhor eu ir para casa!

Júlia - Mas já?

Henrique - Sim, conversaremos mais depois!

Júlia então se levanta e lhe dá um abraço de despedida.

Henrique - Até logo!

Ele beija a bochecha dela e depois se despede da Carina e do Eduardo.

Júlia - Boa noite, casal!

Ela se retira da sala e se dirige ao corredor, entra no quarto se jogando na cama. Abraça o travesseiro enterrando o rosto, deixando as lágrimas caírem e molhar a fronha perfumada de amaciante de lavanda.

Sente seu coração apertar ao ouvir o barulho da caminhonete do Eduardo ligando e saindo. Provavelmente, ele iria dormir novamente com a Carina, e isso estava matando-a por dentro.

Júlia - Que merda! O que eu tinha na cabeça de voltar para o Brasil? Minha vida estava legal e regrada da maneira que eu queria. Agora a Sílvia egoísta me faz um pedido desses. Por que você fez isso comigo?

Ela gritou abafando a voz no travesseiro, socando também. Sem querer acabou acordando um sentimento que estava dormindo há anos. Isso era a última coisa que ela queria, de verdade.

Decepção, esse era o sentimento que ela sentia nesse momento. Nada era igual, tudo mudou. Acabou levando uma fama na cidade, o que mais doía era que o Eduardo não acreditava nela e sim nos boatos.

Júlia - Foi o meu pai que inventou isso, tenho certeza!

Ela encosta as costas na cabeceira da cama e abraça o travesseiro, chorando e lembrando do dia em que o pai a forçou a tomar aquele comprimido. Acordou de madrugada sangrando e passando muito mal, foi levada às pressas para o hospital. O pai chorou muito naquele dia sentado próximo à cama hospitalar da filha, mas no outro dia voltou a ser o mesmo, cumprindo com a ameaça, a mandando para a França no mês seguinte.

...

📌 Observações da autora.

✔️ Pessoal, curtam e comentem! Quero ler vocês interagindo.

🤓 Tô de olho, viu?

...

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Comments

Gil Marri

Gil Marri

/Drool//Drool//Drool//Drool//Drool/

2024-04-24

0

Mônica Lourenço

Mônica Lourenço

amado essa história

2024-04-16

0

Ana Maria

Ana Maria

Só tem pais egoístas nesse romance

2024-04-04

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