Capítulo 12

No caminho de volta para casa, Júlia acabou adormecendo. Chegaram na fazenda de madrugada; Eduardo desceu do carro, deu a volta, abriu a porta e a colocou nos braços, entrando com ela no casarão.

Ela acabou acordando no trajeto até o quarto e ficou confusa, tentando lembrar o que tinha acontecido. Eduardo a colocou na cama, e Júlia se sentou, dobrando as pernas e as abraçando.

Eduardo - Acho melhor você tomar um banho e trocar de roupa antes de dormir, você bebeu demais.

Júlia confirmou com a cabeça e tentou se levantar, mas acabou caindo sentada de volta na cama. Ele estendeu o braço para ela segurar na mão dele, e a ajudou a se levantar.

Ele ficou olhando para ela parada, fitando um ponto qualquer no chão. Júlia parecia estar com seus pensamentos longe, mas não falou nada. Apenas virou o corpo para se apoiar na cabeceira da cama para tirar as botas.

Eduardo acabou se aproximando e segurando os ombros dela por trás para que ela não perdesse o equilíbrio. Júlia então tirou a outra bota e inclinou a cabeça para baixo, como se estivesse dormindo.

Eduardo - É assim que você quer viver sua vida? Ser livre não é fazer essas coisas até morrer.

Dessa vez, ele realmente sentiu que Júlia tinha uma casca na qual se escondia, tentando sempre parecer bem aos olhos dos outros. Com o corpo visivelmente mole e fadigado, ela estava começando a desfalecer. Eduardo a abraçou ainda por trás, na tentativa de mantê-la de pé. Ele fechou os olhos ao sentir o cheiro do perfume invadir suas narinas sem pedir licença e tentou erguer a cabeça dela, sem sucesso.

Eduardo - É melhor você deitar!

Com cuidado, ele a colocou novamente na cama, ajeitou os travesseiros atrás da cabeça dela e a cobriu com um lençol. Puxou uma cadeira de madeira que ficava próxima à pequena mesa de escrita e sentou-se nela. Apoiou os cotovelos sobre as pernas e se curvou, colocando as duas mãos no rosto.

Seu coração batia descompassadamente. Não tinha como esconder que ainda era completamente apaixonado por ela. E parecia que agora, com sua volta, o amor triplicou de uma forma surreal. De repente, bateu um frio no estômago dele, um medo incontrolável de acabar perdendo-a dessa vez para sempre, pois tinha plena consciência de que Júlia iria embora mais cedo ou mais tarde, pois jamais ficaria na fazenda por tanto tempo.

Eduardo - Meus filhos estão se apegando a ela, eu tenho que parar com essa situação. Realmente não entendo qual foi o propósito da Sílvia com isso. Ela não tinha esse direito de fazer isso comigo, não tinha!

Ele entrava em conflitos nos seus pensamentos, não entendia o porquê disso. Eduardo acabou ficando no quarto com Júlia até o amanhecer, dormiu na cadeira e acordou com o canto do galo. Imediatamente saiu para que não fosse visto e subiu para a suíte dele.

Uma hora depois, Emília já estava acordando as crianças para ir para a escola. Eduardo também despertou para ajudar, já que a Sofia estava chorando chamando por ele.

Eduardo queria aproveitar e pegar carona com Francisco até a cidade e pegar seu carro que ficou com a Carina. Na realidade, ele estava se sentindo horrível por ter saído no meio do encontro com ela.

Ele conheceu Carina no banco, onde ela trabalha. Trocaram olhares e dias depois acabaram se esbarrando no mercado da cidade, tomaram um café juntos e ultimamente sempre saiam para conversar, ele pegou um carinho especial por ela, se sentia bem quando estavam juntos e era só isso.

Depois de deixar os filhos na escola, Eduardo pede para Francisco o deixar de frente a casa de Carina. Ele aperta a campainha e não demora muito para a porta ser aberta.

Eduardo - Posso entrar?

Carina - Pode!

Respondeu triste.

Ao entrarem na pequena sala ambos ficam calados até Carina quebrar o gelo.

- Quem é ela?

Eduardo - A Júlia!

Respondeu sem exitar.

Carina - Aquela que você namorou quando eram adolescentes?

Eduardo - É!

Carina - Meu Deus! E por que ela voltou?

Eduardo - Não sei muito bem, um pedido da Sílvia suponho!

Carina - Você estava transtornado ontem no bar!

Eduardo - Me desculpe, de verdade!

Carina - Você ainda gosta dela, né?

De repente um silêncio tomou conta do ambiente. Ela fechou os olhos deixando uma lágrima escorrer pela bochecha.

Eduardo - Estou com você, e quero muito tentar!

Carina - Quero muito também! Bem, você a perdoou?

Eduardo - Ham?

Carina - Pelo o que ela fez! Todos na cidade comentam essa história até hoje, ainda mais agora que ela voltou. Eu não a conhecia, mas pelo que ouvi ela era terrível, pelos menos são o que os boatos dizem.

Ao lembrar disso, bate uma raiva dentro dele imensurável.

Eduardo - Quer jantar na minha casa hoje? Tá na hora de meus filhos te conhecerem.

Carina - Sério? Então quer dizer que estamos namorando?

Eduardo - Sim!

Ela se aproxima o beijando, pega na mão dele o levando para o quarto. Eduardo acabou ficando o dia inteiro fora, somente ligou para a casa dizendo que levaria alguém para jantar, e pediu para preparar algo gostoso para comer.

Achava que essa era a maneira certa de seguir com sua vida, ficar com uma mulher que crie raízes e tenha um propósito de construir uma família. Estava cansado da instabilidade, seu casamento com a Sílvia foi uma montanha russa, ambos acabaram entendendo depois que foi um erro, pois as brigas eram constantes, eles nunca se entendiam.

...

Na fazenda, Júlia acordou com muita dor de cabeça. Ficou deitada praticamente o dia inteiro de ressaca, não quis almoçar. Estava à base de café preto puro.

Já no final da tarde, ela saiu do quarto e se juntou às crianças na sala de leitura, até as ajudou com as tarefas escolares. Os dois curtiram muito, e terminaram muito mais rápido. Emília, claro, agradeceu, pois ficava horas pelejando para a Sofia fazer uma questão sem preguiça.

Emília - Agora vocês vão ter que tomar um banho e vestir algo apresentável para um jantar.

Pedro - Porquê?

Emília - Terá um jantar hoje aqui, seu pai ligou comunicando que trará alguém.

Pedro - Quem?

Perguntou o menino já desconfiado.

Emília - Não sei!

Sofia - Não quero tomar banho!

Pedro - Nem eu, vamos brincar Sofia!

Sofia - Vamos!

Os dois saem correndo da sala de leitura e Emília fica gritando os chamando sem sucesso.

Emília - Ai meu Deus, vai sobrar para mim!

Júlia - Vai nada, sua boba! São crianças, foram brincar, daqui à pouco eles tomam banho para o jantar.

Ela sai do cômodo.

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Comments

Ana Maria

Ana Maria

A Julia tem q contar rápido q o pai a obrigou caramba

2024-04-04

3

Doraci Bahr

Doraci Bahr

que triste um passado triste e agora isso

2024-04-04

0

Mercilene Almeida

Mercilene Almeida

Essa Corine é uma serpente

2024-03-24

0

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