O dia passou muito rápido, a chuvinha fina reinava na fazenda, fazendo um barulho agradável de água caindo sobre as telhas. As crianças terminaram de fazer suas tarefas escolares e foram para a sala observar a chuva através da janela, com as mãos apoiando o queixo.
Júlia - Ah, aí estão vocês, seus danadinhos!
Ela se aproximou deles e sentou no batente de pedra da janela, levando a visão lá fora.
Pedro - Queria muito tomar banho de chuva novamente!
Sofia - Eu também!
Júlia - Está fazendo um friozinho tão gostoso, gente! Por que não fazemos outra coisa?
Pedro - Não quero!
Júlia - Então vamos ficar somente contemplando a chuva, é muito melhor.
Ela falou sorrindo, tentando tirar os dois daquela repentina tristeza.
Pedro - Você vai embora, né?
Júlia - Ham? Quem te falou isso?
Pedro - Eu ouvi o meu pai falando para alguém no telefone.
Júlia - Ouviu?
Ela revirou os olhos, imaginando que era Eduardo se explicando para a tal de Carina no telefone.
Júlia - Cadê o pai de vocês?
Perguntou um pouco brava.
Pedro - Saiu!
Sofia - Foi, ele saiu.
Pedro - Foi para casa da tal de Carina, não gosto dela.
Sofia - Nem eu!
Nesse momento, Júlia fechou os olhos, engoliu saliva e puxou o ar. Sabia que estava morrendo de ciúmes. Mas o que a estava irritando há alguns dias era notar que Eduardo contava tudo o que aconteceu entre eles para Carina. Tanto que ela sabia muito bem como usar certas informações quando estavam bebendo vinho.
Pedro - Ele não volta hoje, levou uma bolsa! Sempre que é assim só retorna no outro dia.
Júlia - Hum... Ok!
Sofia - Vamos assistir desenho?
Pedro - Sai pra lá, menina! Isso é coisa de bebê.
Sofia - Eu não sou bebê!
Pedro - É sim, é uma bebê!
Sofia - Para! (chorando)
Júlia - Parem!
Ela pega a menina nos braços tentando fazê-la parar de chorar. Emília apareceu na sala de pijama.
Emília - O que aconteceu?
A garotinha tirou o rosto do ombro de Júlia e apontou para o irmão.
Sofia - Foi ele, Milia! (chorando)
Pedro - Eu vou subir, prefiro jogar videogame!
Júlia - Calma Sofia, não chore!
Sofia - Eu quero o meu pai!
Júlia - Ele não está em casa!
A menina começa a chorar como se não tivesse fim. Júlia não entendia se toda essa cena era devido à carência do pai.
Emília - Vamos comigo, vou te dar um banho!
O rosto da menina já estava vermelho de tanto chorar, mas com o tempo ela foi se acalmando quando Júlia ficou com ela na sala assistindo desenho animado.
...
Na cidade...
Eduardo foi direto para o bar, pediu uma bebida e sentou-se próximo ao balcão. Observou todo o lugar e depois voltou a se concentrar no copo de whisky. Seu celular começou a tocar, era Carina, mas ele não atendeu. Minutos depois, Henrique apareceu.
Henrique - Ei Eduardo!
O rapaz acenou e se encaminhou até onde o amigo estava.
Henrique - Demorei?
Eduardo - Não! Me acompanha num whisky?
Henrique - Claro!
Eduardo - Ei, garçom?
O homem se aproximou.
Eduardo - Uma dose para o meu amigo!
Garçom - Ok!
O homem agilizou e o serviu.
Henrique - Cadê a namorada?
Eduardo - Vou na casa dela depois daqui!
Henrique - E a Júlia?
A pergunta pegou Eduardo desprevenido, ele não estava preparado para responder perguntas sobre ela.
Eduardo - O que tem ela?
O amigo riu e balançou a cabeça, tomando um gole de whisky.
Henrique - Tá enganado a quem, Eduardo?
Ele não respondeu.
Henrique - Ela está muito linda!
Eduardo - Nem percebi!
Henrique - Sei! (risos)
Eduardo - Estou muito bem com a Carina!
Henrique - É? Sabe que está dando para notar a sua felicidade radiante aqui no bar, chega a ser contagiante.
Ele falou num tom de deboche, que Eduardo entendeu perfeitamente.
Eduardo - Não te chamei aqui para falar dela!
Henrique - E chamou para falar sobre o que?
Eduardo pega o copo e fica girando, no qual o fundo pesado do vidro fazia a madeira ranger. Era uma mistura de tédio naquele bar que já estava tirando o Henrique do sério.
Henrique - Quer falar sobre o passado?
Eduardo - Não se atreva, Henrique!
O amigo apenas balançou a cabeça em lamentação.
Henrique - Você realmente acredita nos boatos? Já conversou com ela sobre isso?
Eduardo - O próprio pai dela me falou!
Henrique - Bem, mas... Qual é, cara! Ela só tinha dezesseis anos! Uma adolescente inconsequente. Você deveria levar isso em conta.
Eduardo - Não quero mexer nesse assunto mais, me machuca.
Henrique - Então você não sente mais nada por ela?
Eduardo - Não!
Henrique - Ok, bom saber!
Ele toma a bebida de uma só vez em animação e bate o fundo do copo no balcão de madeira.
Henrique - Já que você não sente mais nada por ela, vou investir!
Eduardo levanta a visão no amigo, incrédulo no que ele acabou de falar.
- O quê?
Henrique - Se você não a ama, então acho que o caminho está livre, né?
Eduardo queria socar a cara do amigo nesse momento, mas se controlou e sorriu entrando na onda.
Eduardo - O caminho sempre esteve livre!
Falou secamente com um ar de revolta.
Henrique - Ei, garçom? Outra dose para mim e meu amigo!
O celular retorna a tocar e Eduardo olha a hora no relógio em seu pulso.
Henrique - A Carina tá marcando colado, heim? (risos)
Eduardo - Já vou indo!
Ele toma a dose de uma vez e bate o copo na mesa também, finalizando.
Henrique - Estou esperando vocês no final de semana para o churrasco na minha fazenda.
Eduardo - Estaremos lá!
Henrique - Aproveite a noite!
Ele falou em um tom de malícia imaginando a noite do Eduardo com a Carina.
Eduardo - Palhaço!
Henrique - Até mais!
Eduardo sai do bar e Henrique fita toda a extensão do lugar, pausando os olhos numa mesa que estavam sentadas duas mulheres chamativas e bem apresentadas. Ele arqueia as sobrancelhas para elas e sobe o copo como se estivesse as cumprimentando.
Já dirigindo, Eduardo atende a ligação.
Eduardo 📱- Oi Carina! Sim, já estou indo! beijos...
Ele finaliza a ligação e se concentra na direção a caminho da casa dela ouvindo uma música que passava na rádio.
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Atualizado até capítulo 100
Comments
Aurora Casado
Manda esse Eduardo plantar fava, investe no Henrique.
2024-04-17
2
Ana Maria
abestalhado
2024-04-05
1
Doraci Bahr
idiota
2024-04-04
0