Júlia passava as mãos pelo corpo embaixo do chuveiro, tirando toda aquela lama de barro que pregou na sua pele. A areia escorria para o ralo como se estivesse tirando um peso de seus ombros. Assim tendo um sensação de limpeza e leveza, no qual deixou seus pensamentos mais livres e receptivos a entender o que de fato acontecia com seus sentimentos, que há anos se encontrava hibernando. Mas agora despertou causando uma dor esquisita, sentindo queimar por dentro, como uma chama alta de uma fogueira recém acendida.
Depois do banho, vestiu uma legging e camiseta preta, pegou o pente e puxou a cadeira a posicionando em frente da janela do quarto, e sentou para ter uma visão privilegiada da chuva se chocando na parte do vidro entre a madeira.
Batidas na porta...
Júlia - Pode entrar!
Emília abre bem devagar.
Júlia - Oi, entre! (risos)
Emília - Com licença, o patrão tá chamando a senhora para jantar.
Júlia - Mesmo?
Emília - Aham...
Respondeu a babá fitando a mala aberta em cima da cama, com várias roupas espalhadas e algumas revistas de moda francesa, no qual a Júlia estava estampada na capa.
Emília - Nossa, é a senhora na capa da revista!
Júlia apenas sorriu com a empolgação da garota e continuou penteando os cabelos.
Emília - Posso ver?
Júlia - Claro, sente-se na cama!
A babá sentou na ponta da cama e pegou uma revista, ficou observando a imagem da Júlia na capa por uns longos segundos.
Emília - O que tá escrito na legenda? Bem, eu não sei ler francês.
Perguntou timidamente, ao mesmo tempo curiosa.
Júlia - Bem, está escrito: "A estilista do ano"
Emília - Nossa, parabéns!
Júlia - Obrigada!
Emília abre a revista e fica folheando até encontrar as páginas que Júlia aparece. Tinha umas fotos dela tomando café numa cafeteria de esquina, outra passeando numa praça à noite, no qual vestia um casaco longo e pesado, botas até o joelhos, sobrepostas em cima da calça jeans. Havia também uma imagem dela sentada próxima a uma mesa de madeira rústica, usava óculos de grau, e desenhava um modelo de vestido godê no papel em branco. Tudo com muito glamour e requintado.
Emília - Posso levar para meu quarto? Queria muito ver as outras fotos com mais calma.
Júlia - Claro, se quiser ver as outras também.
Emília - Posso?
Júlia - Sim, depois você me devolve!
Emília - Tá bom! (risos)
A garota empilhou as revistas uma em cima da outra e as apoiou no antebraço.
Emília - A senhora vai jantar?
Júlia - Quer saber, vou sim!
Ela não tinha que demonstrar fraqueza nenhuma, tinha que recuperar seu auto controle e saber medir suas emoções como sempre fez. E essa seria uma boa oportunidade de colocar novamente o escudo na sua frente.
Júlia - Vamos lá!
Ela levantou-se, calçou uns chinelos de dedo e abriu a porta saindo do quarto. Ao chegar na sala de jantar, Eduardo já estava presente com os filhos e a misteriosa visita.
Júlia - Perdão por fazer vocês esperarem, muito lama para esfregar.
Pedro - (risos)
Ao ver o irmão sorrindo, Sofia também sorriu mesmo sem entender. Júlia senta-se à mesa e todos se servem. No meio do jantar Eduardo resolve apresentar a visita.
Eduardo - Crianças, essa é Carina, uma amiga!
Carina - Muito prazer crianças, estava ansiosa para conhecê-los!
Eduardo - Essa, é Júlia, era uma grande amiga da minha esposa!
Carina - Prazer! Ouvi falar de você.
Júlia sorri e amassa os lábios.
Carina - É bem famosa na cidade.
Júlia - Já você, não posso dizer o mesmo né querida.
Eduardo - Não vão cumprimentá-la?
Perguntou olhando para os filhos.
Pedro - Oi!
Sofia - Você gosta de brincar de boneca?
Carina - Eu amo, podemos brincar qualquer dia desses. (risos)
Júlia - Oh, quanta simpatia!
Exclamou ironicamente, mas claro com um sorriso cínico nos lábios. Pedro sorriu e voltou a se concentrar na comida. Eduardo balançou a cabeça lançando um olhar fuzilando a Júlia. Ele pigarreia a garganta dando a entender para jantarem tranquilos.
Depois do jantar todos foram comer a sobremesa na sala. Sofia sentou no colo do pai, e Pedro perto da Júlia no outro sofá. Escutaram barulho de carro chegando e estacionando. Eduardo coloca a filha deitada no sofá e vai checar quem poderia ser, já que não estava esperando ninguém a essa hora da noite. Para sua surpresa, era Henrique, seu melhor amigo da fazenda vizinha.
Henrique - A montanha tem que ir até Maomé, né?
Falou brincando subindo os degraus com rapidez.
Eduardo - Você não estava nos Estados Unidos? (risos)
Henrique - Sim, cansei e voltei! Como você tá?
Ambos se abraçam se cumprimentando.
Henrique - Mas uma novidade, tô solteiro!
Disse o belo rapaz abrindo os braços.
Eduardo - Essa alegria toda é por causa disso?
Henrique - Claro! Estou igual um passarinho fora da gaiola, quero somente curtir.
Ambos sorriem.
Eduardo - Vamos entrar!
Henrique - Cadê as crianças?
Perguntou já seguindo Eduardo e entrando no casarão. As crianças abriram um largo sorriso ao vê-lo, e correram para abraçá-lo, que como sempre brincalhão pegou os dois em cada braço.
Pedro - Que bom que voltou tio!
O menino era o mais animado.
Henrique - Tava com saudades de vocês, moleques levados.
Sofia - Você tá de barba! (risos)
Todos sorriem.
Júlia - Pensei que você já tinha morrido!
Todos levam a visão a ela que estava sentada de pernas cruzadas no sofá, com um sorriso indecifrável no rosto.
Henrique - Perdão, a conheço?
Perguntou ao mesmo tempo que colocava as crianças no chão.
Henrique - Porque com certeza me lembraria.
Eduardo - É a Júlia!
O homem arregala os olhos surpreso e a olha novamente.
Henrique - Qual Júlia?
Júlia revira os olhos.
Eduardo - A Júlia Linhares!
O homem coloca as mãos na cintura e solta um palavrão.
Henrique - Perdão! Eu quis dizer, Uau...
Emília estava se acabando de rir por trás da porta com a cozinheira.
Henrique - Nossa, Uau novamente...
Eduardo olha para o amigo querendo lhe dar um soco, mas se controla. Júlia levanta para cumprimentá-lo.
Henrique - Quanto tempo, você está incrível!
Júlia - Obrigada, já você continua o mesmo!
Pedro - Tio, trouxe presentes?
Perguntou o menino já tirando a tensão do momento.
Eduardo - Essa é a Carine, uma amiga!
Henrique - Prazer!
Carina - Prazer!
Júlia - Então, de que buraco você saiu? Nem lembrava mais que você existia.
Eduardo neste momento não aguentou e sorriu de lábios fechados. Depois de quinze minutos as crianças subiram para dormir e os quatro ficaram na sala conversando, principalmente lembrando os fatos do passado.
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Atualizado até capítulo 100
Comments
Joelma Silveira
Carina vai começar a afastar o idiota dos filhos, mas Júlia vai defender as crianças com unhas e dentes, eles não sabem do que ela é capaz, espero que esmague essa cobra até não sobrar nada.
2024-04-04
5
Ana Maria
Essa carina tem q desaparecer
2024-04-04
0
Gedna Feitosa Gedna
Toma cretina. E isso ela ainda nem sabe que a Júlia é bem famosa na França.
2024-03-19
5