Brasil, Mato Grosso...
Sílvia estava em um quarto de hospital respirando por aparelhos, quase ninguém a pegava acordada devido aos sedativos intensivos que tomava para inibir as dores. Olha para o lado e vê sua mãe cabisbaixa sentada numa poltrona fazendo suas orações em silêncio.
Sílvia - Mamãe?
Odete - Oi, minha filha!
A mulher levanta-se rapidamente.
Sílvia - Quero escrever uma carta.
Ela falava pausadamente, aquele aparelho de oxigênio que ficava na garganta emitia um som esquisito que deixava Odete trêmula toda vez que ouvia.
Odete - Tenho um caderno e uma caneta na minha bolsa, filha.
Chorosa, a mulher pega os objetos pedido pela filha e a entrega.
Odete - Para quem está escrevendo, filha?
Sílvia - Para a Júlia!
Odete - Mas ela já confirmou que vem querida.
Sílvia - Não dará tempo, mamãe! Conheço a Júlia, ela vai demorar.
Ouvir aquelas palavras saindo da boca da filha foi horrível, logo criou um nó na garganta e teve que sair rapidinho do quarto para chorar no corredor. Ao retornar, Sílvia estava arrancando a folha, dobrou o papel e estendeu o braço para a mãe pegar.
Sílvia - Entregue a Júlia, mamãe! Jamais leia.
Odete - Não lerei, minha filha!
Nesse momento a porta do quarto se abre e o marido estava com os dois filhos parados a olhando evitando a todo custo o choro.
Pedro - Mamãe!
O menino corre e abraça a mãe bastante emocionado, Já a pequena Sofia, não quis descer dos braços do pai, ficou chorosa com uma expressão amedrontada.
...
Um ano depois...
O ano se passou tão rápido, que ele mal pôde lembrar de algum dia que não estava deprimido. Depois da morte da esposa, mergulhou completamente no trabalho e nas horas vagas saía para noitada beber. Tentava seguir adiante sua vida, mas o luto conseguia sempre se sobressair de alguma forma, buscava sair com mulheres, mas sempre o encontro acabava antes mesmo de começar, resultando em total decepção.
Eduardo Noronha, 29 anos de idade, Engenheiro agrônomo. Herdeiro de uma fortuna considerável, dono de uma das maiores fazendas da região, além de investir na bolsa, no mercado financeiro. Viúvo de Sílvia Noronha, tem dois filhos: Pedro de oito anos, e Sofía de cinco.
As crianças brincaram a tarde inteira na fazenda, correram nos campos, colheram frutas do pé, andaram a cavalo e deram milho às galinhas, finalizando com um banho no rio.
Ao retornarem, a babá arrumou os dois para jantarem com o pai e a avó, dona Odete, sogra de Eduardo já estava sentada à mesa os esperando. Descem os degraus da escada correndo.
Sofia - Vovó... Olha o desenho que eu fiz.
A menina dá a volta à mesa e abraça a avó, que estava sorridente, Pedro senta-se à mesa e revira os olhos achando uma bobeira.
Odete - Que lindo, minha flor!
Sofia - É do rio!
Odete - Uma verdadeira obra de arte.
Pedro - Você está mentindo, esse desenho é horroroso. não dá para saber o que é nada.
Sofia - Não, não é!
Pedro - Você não sabe fazer nada, menina boba!
Sofia - Eu sei, eu sei! Você que é chato.
Odete - Parem, por que vocês são assim, heim?
Pedro - Sou sincero!
Odete - Às vezes sua sinceridade machuca as pessoas, sabia?
Pedro - Ah vó! Cadê o meu pai?
Odete - Foi tomar um banho! Quero aproveitar e falar com vocês.
Pedro - Sobre o quê?
A mulher pigarreia antes de falar, coloca os braços sobre a mesa e suspira profundamente.
Odete - Terei que viajar, meus amores!
Sofia - Vovó, não!
Odete - Sua tia vai dar à luz na próxima semana, então terei que ficar com ela um tempo.
Sofia - Ah não! (Choro)
Pedro - Para de chorar menina, a vovó não vai morrer não, ela vai voltar!
Sofia - Para!
A mulher revira os olhos e pede paciência aos céus. Nesse momento, Eduardo aparece na sala de jantar com um sorriso nos lábios.
Eduardo - Boa noite!
Todos respondem.
Ele puxa a cadeira e senta-se, faz um sinal para a empregada se retirar.
Eduardo - Vamos comer!
Ele olha para a filha que estava limpando as lágrimas.
Eduardo - O que aconteceu dessa vez?
Odete - Contei para eles da minha viagem!
Pedro - E como sempre essa chorona tem que aparecer!
Eduardo amassa os lábios em reprovação.
- Você é muito cruel com a sua irmã, quantas vezes já falei com você, Pedro? Você é o irmão mais velho tem que ajudá-la, não ser assim.
O menino dá de ombros e coloca a comida no prato.
Eduardo - Filha, não precisa chorar, a sua avó irá voltar.
A menina fungava chorando, o que fez a avó se aproximar e colocá-la no braço lhe dando carinho.
Eduardo - Como foi o sábado?
Perguntou olhando para o filho.
Pedro - Bom, fiz várias coisas.
Eduardo - Amanhã poderemos pescar!
Pedro - Não estou afim.
Eduardo solta os talheres no prato emitindo um som de choque com a louça, leva as mãos na cabeça de cansaço.
- Estou tentando, filho!
Odete - Ele sabe, não é Pedro?
O menino fica pensativo uns segundos.
Pedro - Desculpa, papai!
O homem levanta-se da mesa e sobe para o quarto.
Sofia - Tá vendo, o meu pai ficou triste por sua causa.
Odete - Para você também, Sofia!
Sofia - Mas ele...
Odete - Shhh... Vamos jantar em paz!
...
Depois de um tempo no quarto deitado, parado olhando para o nada, Eduardo fita a hora no relógio constatando ser cedo, troca de roupa e sai de casa indo para um bar na cidade, onde costumava beber e conversar com amigos, muitas das vezes até o amanhecer.
Dessa vez decidiu ficar sozinho, estaciona a caminhonete e desce entrando no bar novo da cidade, tinha vários jovens amantes por drinks diferentes. Pediu uma garrafa de vodka e foi para uma mesa mais afastada, observando algumas pessoas jogando sinuca apostado.
Ele levanta-se com o copo e coloca no meio da mesa, pega um taco e desafia os oponentes, que gostaram da afronta, iniciaram a jogada, e para surpresa de todos, Eduardo ganhou todas as partidas.
Rapaz - Cara, como você consegue? (risos)
Perguntou indignado.
Eduardo - Já vou indo!
Ele olhou no relógio e tirou algumas notas do bolso pagando a bebida que consumiu, claro que não tomou a garrafa toda. Tentava se manter sempre o mais sóbrio possível. Quando chegou em casa já estava amanhecendo, subiu direto para seu quarto e capotou de sono na cama, mesmo com canto do galo avisando que o sol já nasceu.
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Atualizado até capítulo 100
Comments
Marineia Araujo
mas a Júlia estava voltando para o Brasil..... como já passou um ano? será que ela não ficou?
2025-02-21
0
Arlete Fernandes
Esse vicio na bebida não é nada bom!
2024-12-30
1
Heloiza Carvalho
eitaaaaaaaaa
2024-07-31
2