Capítulo 4

Júlia sorri e levanta-se do sofá.

- Bom, já estou indo embora.

Odete - Mas já? Onde você está hospedada?

Júlia - No principal hotel da cidade. Depois que meu pai casou novamente, ele vendeu a casa que tínhamos aqui. Enfim...

Odete - E seu pai, está bem?

Júlia - Sim, ele mora em São Paulo, não temos muito contato.

Ela dá de ombros e cumprimenta os membros do grupo. Odete olha para Eduardo, que ficou com uma expressão estranha parado ali no meio da sala. Ele a olha de volta e sobe para o quarto.

Odete - Espere!

A mulher se apressa para alcançá-la. Júlia para antes de abrir a porta do carro e sorri.

Júlia - Eu lerei com calma mais tarde.

Odete - Minha filha sempre falava que você deixava certas coisas para depois, tem espírito livre, não se apega a nada. Mas por favor, leia a carta.

Júlia amassa os lábios, olhando para toda aquela extensão de área verde. O cheiro das árvores exalava por todo o ambiente. Ela fecha os olhos e sente o ar puro adentrar seus pulmões depois de inspirar fortemente. Nesse momento, as crianças aparecem na varanda do segundo andar e acenaram para ela.

Júlia - Até mais, crianças!

Ela entra no carro e vai embora da fazenda. Ao chegar no hotel, fica um tanto impaciente, abre a bolsa e tira a carta.

Júlia - Silvia, eu te conhecia o suficiente para saber que você colocou na carta algo para eu fazer, o problema é que tenho certeza de que não irei gostar.

Ela deita na cama e fica segurando a carta com uma certa força e receio, começa a chorar descontroladamente até soluçar. Não consegue e põe novamente a carta na bolsa.

...

Uma semana depois...

Júlia estava arrumando as malas para retornar a Paris. Mas antes, sabia que teria que ler a carta. Criou coragem e abriu a bolsa, pegou-a e se encaminhou até a varanda do quarto. Sentou-se na cadeira próxima a uma mesinha redonda, desdobrou e leu:

"Querida amiga, quanto tempo, né? Bem... estou te escrevendo sabendo que estou com minhas horas contadas. Vão me induzir ao coma, eu concordei, pois não sentirei as dores dos últimos momentos. Estou meio trêmula e apagando várias vezes até acertar as frases corretas. Você sabe que sou perfeccionista ao extremo, não ria! Te conheço o suficiente para saber que não virá tão cedo pegar essa carta, e está lendo dias depois, aposto. Se eu estivesse aqui, eu te mataria. Risos... Brincadeiras à parte, quero ser breve e te pedir um grande favor, pelos velhos tempos, não faz essa cara! Bom... Queria que você passasse um tempo na fazenda com meus filhos e o Eduardo. Seu jeito louco de ser vai salvá-los. Olha, o Eduardo trabalha muito, quase não vive em casa, e não queria que meus pequenos ficassem sozinhos. Por favor, eu te imploro, só seis meses. Tenho certeza que será o tempo suficiente, e tudo vai se encaixar como deve. Não fique com raiva de mim, eu sei que está. Só me prometa que irá tentar. Sei que vai falar um palavrão agora, olha a língua. Te amo desde sempre."

Júlia fica desesperada e dá um grito alto.

- Que droga! Não, não, não é possível que você fez isso comigo. Eu sabia!

...

Na fazenda dos Noronhas...

Dona Odete já havia viajado há dois dias e as crianças estavam um pouco sentidas. O pai trabalhava o dia inteiro e continuava saindo à noite para beber e jogar sinuca.

Emília entra no quarto do Pedro e o encontra concentrado jogando no computador. Tanto que ela chamou várias vezes e não foi escutada ou ele simplesmente fingiu.

- Seu pai ligou, Pedro!

Ela tentava a todo custo tirar o menino dali, mas sem sucesso. Sofia aparece atrás da babá e abraça a perna da moça, olhando desconfiada para o irmão por ser tão teimoso e rebelde.

Sofia - Milia, eu estou com fome!

A moça suspira e pega a menina no braço que estava com os olhos marejados.

Emília - O que você quer comer?

Sofia - Leite na mamadeira!

Emília - Você sabe que seu pai não quer que você use mamadeira.

Sofia - Oh, Milia, eu quero!

Emília - Sinto muito, ordens são ordens. Seu pai chega de viagem hoje à noite, então vamos agilizar. Está me ouvindo, Pedro?

Irritado, o menino coloca os fones nos ouvidos.

Sofia - Chato!

A babá desce com a pequena para dar o café da manhã dela. E foi assim o dia inteiro: as crianças não quiseram tomar banho, almoçaram e foram brincar pela fazenda.

Já era final da tarde quando Júlia estacionou em frente ao casarão e desceu com duas malas. Os funcionários ficaram olhando de longe, Emília e a senhora que trabalhava na casa apareceram no alpendre.

Júlia - Olá!

Emília - Oi, senhora!

Júlia - A dona Odete viajou, presumo?

Emília - Sim!

Júlia - E o Eduardo?

Emília - Também, mas volta hoje!

Júlia - Ok, pode, por gentileza, me levar para um quarto de hóspedes?

A babá olha para a outra, confusa, pois não sabia de nenhuma visita.

Júlia sorri.

Emília - Bem, nós...

Júlia - Entendo!

Ela sobe com as duas malas nos degraus e entra na casa, mesmo sem ter sido convidada pelas funcionárias.

Emília - Senhora, não pode entrar assim! Seu Eduardo não nos falou nada, e...

Júlia - Onde fica o quarto de hóspedes?

A outra funcionária aponta para o corredor.

Júlia - Ok, quando ele chegar, avise que estou aqui. Não se preocupem, ninguém vai ser demitido.

Elas ficam se olhando enquanto Júlia adentra a ala dos quartos, abre algumas portas, uma era o escritório e outra era a sala de leitura. Continua andando pelo largo corredor e abre a última porta.

Emília - Tomara que não sobre para nós!

A outra dá de ombros. As crianças chegaram sujas de lama na sala, sujando tudo.

Emília - Vão tomar banho, vocês estão sujando tudo!

A mulher sorri e se retira, indo para a cozinha terminar o jantar.

Pedro - A Júlia está aqui? Vi o carro dela.

Emília - Sim, no último quarto de hóspedes. Mas vamos tomar banho primeiro, né? Vocês estão imundos.

Pedro - Sim, eu irei primeiro!

Sofia - Não, sou eu!

Os dois sobem as escadas às pressas.

Emília - Calma gente, cada um tem seu banheiro. Meu Deus!

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Comments

Marci Soares

Marci Soares

🥹😍🥹

2024-04-06

0

Ana Maria

Ana Maria

😍😍😍😍😍😍😍

2024-04-04

0

Gedna Feitosa Gedna

Gedna Feitosa Gedna

Acho que vcs não entenderam os primeiro capítulos sobre a Júlia e a morte da Silvia.
Ela quando soube q a Silvia havia falecido não veio para o Brasil. Chegando na fazenda mais de um ano depois e foi aí que ela recebeu a carta da Silvia que tava com a sua mae dona Odete, fazendo o pedido para a melhor amiga.

2024-03-18

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