Capítulo 6

Eduardo e a pequena Sofia já estavam sentados à mesa esperando quando Júlia e Pedro se juntaram a eles.

Júlia - Desculpem pela demora, estávamos tendo um papo.

Eduardo - Imagino qual seria esse papo.

Ele olha para o filho e balança a cabeça em negativo. Júlia revira os olhos e respira mais uma vez fundo antes de desistir de tudo e ir embora. Realmente estava levando o pedido da carta como um grande sacrifício a se cumprir, não pelas crianças e sim por ter que aturar Eduardo sempre na defensiva a provocando.

Júlia - Hum... Sopa, adoro sopa!

Ela fala ironicamente, pois não gosta de sopa. As crianças e a Emília não se seguram e sorriem das caras e bocas da Júlia.

Eduardo - Se não gosta, não coma!

Ela o olha e sorri, levantando o prato e pegando uma concha de sopa.

Júlia - Não, eu tomarei! Me dê seu prato, Pedro. Tá bom duas conchas?

Pedro - Sim!

Júlia - E você, Sofia?

A menina balança a cabeça, confirmando que queria a mesma quantidade.

Eduardo fica observando, mas não comenta nada a respeito. Era a primeira vez que ele enxergava um sorriso de felicidade nos lábios do filho, e não entendia o porquê. O menino não conhecia Júlia antes, para ter formado um carinho em tão pouco tempo. Talvez fosse pela presença feminina e diferente que ela tinha, e esses gestos maternos involuntários que ela fazia deixavam o filho bem com tudo isso.

Pedro - Você vai ficar muito tempo aqui?

Júlia - Alguns meses.

Emília - Nossa, sério? Que bom!

Exclamou a babá com animação, que estava em pé ao lado da mesa, um pouco atrás. Claro, Eduardo se virou para lançar aquele olhar.

Eduardo - Pode se retirar, Emília!

A babá apenas sorriu timidamente e saiu do cômodo, deixando os quatro jantarem com mais privacidade. A pequena Sofia olhava fixamente para Júlia enquanto tomava algumas colheradas de sopa, o que já estava a incomodando. Não é legal nem confortável ser encarada o tempo todo.

Júlia - Quer me dizer alguma coisa?

Levou a visão para a menina, que balançou a cabeça afirmativamente.

Pedro - Essa menina é muito mal-educada, não para de olhar.

Sofia - Não sou, é você!

Pedro - Nem sabe disfarçar, fica olhando direto.

Sofia - Sei sim, você é feio!

Pedro - Você que é, chorona!

Eduardo - Vamos parar? Por que nunca conseguimos comer como uma família civilizada nesta casa?

Pedro - Deve ser porque você nunca está em casa para notar!

Eduardo amassa os lábios de raiva e fecha os punhos das mãos, tentando se controlar e não mandar o filho sair da mesa. Júlia fica prestando atenção em toda a situação e percebe que toda essa raiva do Pedro é devido à ausência do pai.

Júlia - O que você queria me perguntar?

Ela terminou a sopa e pegou um guardanapo limpando os lábios.

Sofía - Eu... é...

Pedro - Fala logo menina!

Eduardo - Saia da mesa agora!

Irritado, falou alto em um tom agudo que deu medo no Pedro. O menino nunca tinha visto o pai falar daquele jeito.

Eduardo - Vá para o seu quarto, agora!

O menino se levanta da mesa e sai correndo, subindo as escadas. Fica um silêncio constrangedor na mesa.

Júlia - Você poderia conversar com ele!

Ele a olha.

Eduardo - Não se meta, Júlia!

Ela balança a cabeça e olha para a menina que estava com um olhar triste para o prato.

Júlia - Não fique assim!

Sofia - Papai brigou com o Pedro por minha causa!

Ela falou não segurando as lágrimas.

Eduardo - Não meu amor, não foi culpa sua!

Júlia - O que você queria me perguntar?

A menina limpa as lágrimas com o antebraço e a olha.

Sofia - Porque você só usa preto?

Eduardo leva a visão ao prato de sopa, continuando a tomar umas colheradas, mas queria muito ouvir o motivo, afinal nunca soube.

Júlia - Eu só gosto! Acho que as pessoas são todas um padrão, e eu gosto de ser diferente.

Sofia - porquê?

Júlia - Não sei!

Sofia - Você ficaria bonita se usasse outras cores também.

Júlia - Quem sabe um dia!

Ela sorriu e passou a mão na bochecha na menina.

Júlia - Com licença!

Eduardo - Toda!

Ela se levantou e saiu da sala de jantar em direção a porta que dava para o alpendre. Já era noite e só se ouvia os barulhos dos grilos. Desce os degraus e vai caminhando devagar seguindo a estrada estreita e as luzes dos mini postes. Sentia a brisa da noite bater na sua pele, um cheiro diferente de ar puro que Júlia estava começando a gostar.

Depois do jantar, Eduardo ficou com a filha na sala assistindo à televisão, um desenho animado que Sofia insistiu o pai assistir junto com ela.

Sofia - Papai, você vai sair hoje?

Perguntou com a voz sonolenta, Eduardo não sabia, então preferiu não responder. Ele inclinou a cabeça e olhou vendo que a menina tinha adormecido com o rostinho em cima da sua perna. Passa a mão delicadamente nos cabelos da pequena e se levanta do sofá, a colocando nos braços, e subindo com ela para o quarto.

Nesse mesmo tempo, Júlia havia voltado do passeio pela fazenda a noite e ficou observando da sala o Eduardo subir com a filha nos braços. Então, ela passou direto para o quarto de hóspedes, entrou e fechou a janela para os mosquitos não entrarem, assim como o Pedro havia dito.

Depois que saiu do quarto da filha, Eduardo entrou no quarto do menino que estava entretido folheando uma revista de jogos.

Eduardo - Posso entrar, filho?

Pedro - Pode!

O menino respondeu áspero sem tirar a visão da revista.

Eduardo - O que acha de jogarmos videogame?

O menino o olhou confuso.

Pedro - Sério?

Eduardo - É filho, ainda tá cedo, então achei que poderíamos aproveitar.

Pedro - Tá bom! (risos)

O garoto joga a revista para o lado e puxa a cadeira da escrivaninha para o pai sentar, ele pega os controles e entrega um.

Eduardo - Qual jogo você sugere?

Pedro - Você escolhe papai, olha, tem aqueles que são muito bons.

Eduardo - Tantos assim? Agora entendi porque você me pede tanto dinheiro.

Ambos sorriem.

Eduardo - Tão fácil.

Pedro - O quê?

Perguntou o menino enquanto colocava um jogo.

Eduardo - Sorrir, filho!

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Comments

Ana Maria

Ana Maria

😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍

2024-04-04

2

Gedna Feitosa Gedna

Gedna Feitosa Gedna

Eta linguista afiada, mas que só fala a verdade.

2024-03-19

0

Anni Santos

Anni Santos

claro quando o pai demostra afeto pelo filho. e fácil sorrir.

2024-03-18

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