Capítulo 11

Depois das 23:00 horas, Eduardo também saiu de casa em direção à cidade. Ele parou em frente a uma casa aparentemente simples e logo uma moça saiu dela, caminhando lentamente até o carro. Eduardo destravou a porta e ela entrou sorridente. Eles se cumprimentaram com um selinho.

Eduardo - Tudo bem, Carina?

Carina - Melhor agora com a sua presença!

Ela fechou a porta e colocou o cinto de segurança. Eduardo ligou o carro e saíram do local.

Eduardo - Onde você quer comer?

Carina - Pode ser no mesmo bar de sempre, amo aqueles aperitivos no espeto.

Ele apenas confirmou com a cabeça e seguiram. Minutos depois chegaram ao bar e entraram de mãos dadas, indo para uma mesa mais afastada. Eduardo acenou para o garçom e pediu bebida e aperitivos. Enquanto aguardavam, o casal iniciou uma conversa.

Carina - Queria muito conhecer as crianças, acha que vão gostar de mim?

Eduardo - A Sofia sim, mas o Pedro é um pouco complicado.

Carina - Não vejo a hora de assumirmos nosso namoro.

Ele sorriu meio sem jeito.

Carina - Você não quer?

Perguntou um pouco triste com a reação anterior dele.

Eduardo - Sim, eu quero!

Carina - Então, por que está tão longe? Aconteceu alguma coisa?

Eduardo - Talvez!

Ele respondeu sem querer entrar muito em detalhes. Ela entendeu e tratou logo de mudar de assunto.

Carina - Consegui aquela promoção no banco!

Eduardo - Sério? Parabéns!

Carina - Obrigada!

Ele acabou relaxando e a beijou. Nesse meio tempo, as bebidas chegaram com os aperitivos. Mas algo chamou a atenção de Eduardo. Júlia estava voltando aparentemente do banheiro e sentando-se em uma banqueta próxima do bar. Como ela estava distraída e aparentemente alterada pela bebida, não o notou.

Júlia - Uma dose de vodca, agora!

Barman - Tem certeza que quer misturar?

Júlia - Sim, quero!

Ela apoia a cabeça sobre os braços dobrados e fecha os olhos. Um homem que estava há horas flertando com Júlia se aproxima e senta-se ao lado dela.

Homem - O que está bebendo?

Júlia - De tudo!

Respondeu com a voz abafada pelos braços, sem erguer a cabeça. O homem apenas sorriu e pediu uma dose de vodka para ele também.

Homem - Estava admirando sua beleza de longe, você é uma mulher extraordinariamente bela!

Júlia - Obrigada!

Respondeu ainda na mesma posição. Eduardo já não conseguia se concentrar na conversa com Carina. Não parava de olhar para Júlia e o homem cortejando-a, querendo se aproveitar de seu estado.

Carina - Vai dormir na minha casa hoje, Edu?

Eduardo - Ham?

Carina - Nossa, o que há com você? Nem parece que está presente aqui, só seu corpo.

Eduardo - Eu, eu estou bem! O que disse mesmo?

Tomou um gole de uísque e voltou a olhar para frente, visivelmente incomodado com o que via. Enquanto isso, o homem passava a mão alisando as costas de Júlia. Ela acaba levantando o rosto para olhá-lo com clareza, e ver quem era o dono da voz macia. Ela fica confusa e um tanto tonta depois de beber mais uma dose de vodka.

Júlia - Tá tudo girando!

Homem - O quê, meu bem? Quer sair daqui e ir para um lugar mais aconchegante? Garanto que não irá se arrepender pela manhã.

Ele coloca os braços na cintura dela tentando um beijo, mas ela vira o rosto para o lado. Não satisfeito, segura o queixo de Júlia forçando um beijo.

Júlia - Não, eu vou embora!

Ela sai desorientada e o homem vai atrás.

Barman - Espere moça, você não pagou a conta!

Eduardo dá um soco se levantando bruscamente da mesa, que com a velocidade derrubou dois copos e meia garrafa de cerveja no chão, quebrando-os.

Carina - Onde vai?

Eduardo - Volto já!

...

Júlia sai correndo do bar para tomar um ar, para ao lado de uma espécie de beco sem saída onde o dono do lugar armazenava os garrafões de cervejas vazios para troca.

Homem - Ei, delícia, está fugindo de mim?

Júlia - Sai de perto de mim, seu otário!

Homem - Como é? Você passou a noite todinha me dando mole para mandar uma dessas do nada, sua vadia! Você vai para o motel comigo sim.

Eduardo - Solta a moça, porra!

O homem o olha encarando com raiva.

- O que você quer, cara? Não se meta!

Eduardo - Toca nela mais uma vez que eu quebro a tua cara!

O homem sorri e encara Eduardo como uma afronta, empurrando Júlia, que cai sentada no chão. Eduardo, em uma reação de fúria, avança sobre ele socando-o.

Com o barulho, alguns frequentadores saem para ver o que está acontecendo, inclusive Carina, que fica chocada com as mãos sobre a boca pedindo para pararem.

Conseguem apartar a briga e, claro, Eduardo leva a melhor, saindo sem nenhum arranhão, já que treinou boxe por muitos anos e outras lutas de autodefesa para manter o corpo.

Júlia estava extremamente tonta, o barman a ajuda a se levantar e a leva para dentro do bar novamente.

Carina - O que foi isso?

Eduardo - Perdão, Carina. Fica com meu carro. Vai para casa dirigindo-o. Amanhã eu mando pegar.

Carina - Quem é aquela moça?

Eduardo - É uma longa história. Depois eu te explico!

Ele dá um beijo nos lábios dela e entrega a chave do carro. Carina fica sem saber o que dizer, apenas concorda, já que ele prometeu explicar depois. Eduardo se aproxima de onde Júlia estava no balcão.

- Cadê a chave do teu carro? Vou te levar para casa!

Barman - Senhor Eduardo, a conhece?

Eduardo - Sim! Quando ela tá devendo?

Ele tira o cartão do bolso e pede para passar a conta dele e da Júlia juntos. Depois de pagar, ele pega-a nos braços como se fosse uma noiva.

Júlia - Minha bolsa!

Resmunga baixinho, quase dormindo.

Eduardo - Tá aqui comigo!

Ele sai do bar com Júlia nos braços, procurando o carro dela que tinha deixado mais embaixo.

Eduardo - Não tinha uma vaga mais aqui em cima?

Reclama descendo a rua com ela. Abre a porta do carro e coloca-a dentro no banco do passageiro. Ele dá a volta e entra, ligando o carro.

Eduardo - O que deu em você? Não sabe beber?

Ela apenas resmunga e tomba o rosto para o lado do vidro, sonolenta. Eduardo fica observando-a por um tempo, depois volta a se concentrar na estrada, já que estava escura.

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