O domingo na fazenda amanheceu ensolarado, o gado pastava da vasta grama verde, os funcionários tiravam alguns cavalos dos estábulos para dar banho e escovar as crinas.
Lógico que Pedro estava cedinho presente nos estábulos, gostava de acompanhar, até ajudava os peões na parte da escovação. De longe se ouvia um barulho de veículo se aproximando levantando poeira e parando de frente o casarão.
Francisco - Parece que chegou visita, patrãozinho.
O menino estica o pescoço para ver na direção.
Pedro - Verdade, vou lá!
O homem sorri e o garoto corre em direção a casa. Uma mulher muito bonita descia do carro, tirando os óculos escuros visualizando toda a extensão do lugar com uma certa curiosidade.
Dona Odete - Antes tarde do que nunca, demorou mas Júlia retornou ao seu país de origem.
Falou do alpendre, sentada na cadeira de balanço de pernas cruzadas.
Júlia - Quanto tempo, dona Odete!
Ela sobe os degraus e as duas se abraçam.
Júlia - Sinto muito pelo o que aconteceu com a Sílvia! Eu não consegui vir logo em seguida quando fiquei sabendo do falecimento dela, eu cancelei as passagens e tudo mais.
Odete - Tudo bem, foi tudo tão rápido que chega a ser muito difícil entender os propósitos da vida.
Júlia - O que ela tinha?
A mulher engole o choro e olha para cima tentando segurar as lágrimas. Pedro acaba respondendo do nada.
- Ela estava com aquela doença!
As duas olham para o menino em pé fitando o chão.
Júlia entendeu perfeitamente, e não se prontificou em perguntar mais nada na frente do menino.
Odete - Esse é o Pedro, filho dela.
Júlia - Tudo bem pestinha?
Júlia fecha o punho e estica o braço o cumprimentando, o menino sorri meio sem jeito.
Pedro - Tudo, você é engraçada!
Júlia - Sou? Bom, devo admitir que sou uma palhaça às vezes.
Odete - Você nunca muda! (risos)
Júlia arqueia as sobrancelhas olhando para a mulher.
- Não me diga que você é filho daquele chato?
Pedro - Ham?
Odete - Menos Júlia, tá!
Nesse momento a Sofia aparece de pijama coçando os olhinhos bocejando, olha para a visita e sorri com o estilo inusitado, roupas pretas e botas. O estilo de mulher que não leva desaforo para casa, inclusive estava sendo admirada pelos funcionários da fazenda.
Júlia - Oi pirralha?
Sofia - Oi... Você é bonita! Parece uma artista de televisão.
Júlia - Obrigada, pelo elogio! Você também é bonita, parece sua mãe.
A menina fica um pouco envergonhada e corre abraçando a avó.
Odete - Crianças, essa era uma grande amiga da mãe de vocês!
Pedro - Legal!
O menino se empolga e senta no sofá rústico da varanda. Era novidade para ele isso, e também gostou bastante do comportamento da Júlia, era bem acessível nas conversas e de fácil entendimento. Começaram um bom papo sobre o passado, ela pôde relatar alguns episódios que ocorreu com as duas, arrancando muitas risadas das crianças e da dona Odete.
Pedro - Sabia que temos uma égua prenha? Ela tá prestes a dar a luz.
Júlia - Sério? Que interessante.
Ela tentava ser a mais gentil possível, apesar de não conseguir esconder que detestava fazenda, isso não pegou ruim. As crianças se divertiram demais com as caras e bocas dela tentando parecer gostar, mesmo eles sabendo que a realidade era outra.
Odete - Vamos entrar? Tomar um delicioso café da manhã de fazenda?
Júlia confirma com a cabeça e entra, as crianças trataram de mostrar todo o casarão para ela se familiarizar com o ambiente, em seguida sentaram à mesa e tomaram café da manhã. Como Eduardo chegou tarde, com o sol já amanhecendo, provavelmente acordaria próximo ao horário do almoço.
Odete - Crianças, vão tomar banho, a Emília ajudará vocês!
Pedro - Você não vai embora agora, né?
Júlia - Não vou mentir, vim só para buscar minha carta. Então...
O menino fica meio triste e olha para a avó.
Odete - Uma carta deixada pela sua mãe, filho!
Júlia - Mas não se preocupe, antes faço questão de me despedir de vocês!
Os dois sorriem e sobe para seus quartos correndo e animados.
Odete - Cuidado, crianças! (risos)
A mulher leva a Júlia até o escritório para que as duas pudessem conversar com mais privacidade.
Odete - Fique à vontade!
Júlia - Obrigada!
Odete - Depois que minha filha faleceu, continuei morando aqui na fazenda dos Noronhas. Ainda bem que eu e o Eduardo sempre nos demos bem, não é todos que aceitariam a ex sogra em sua casa.
Júlia - Mas a situação mudou, ele precisa da senhora!
A mulher sorri.
Odete - Infelizmente terei que viajar por tempo indeterminado.
Júlia - E as crianças?
Odete - Temos vários empregados, vão ser bem cuidados.
Júlia - A senhora continua sendo durona. (risos)
Ambos sorriem...
Odete - Bem, vou direto ao assunto. Eu não sei o que tem nessa carta, porém minha filha escreveu no seu leito de morte, creio que tem algo muito especial escrito. Ela abre um livro antigo e tira o papel dobrado entregando para a garota, que fica visivelmente emocionada ao segurar. Fecha os olhos e sente uma lágrima escorrer pelo seu rosto.
Batidas na porta...
Odete - Entre!
Emília - Senhora, os membros do grupo de doações estão lá fora.
Odete - Ah... Já tinha me esquecido! Mande-os entrar, vou recebê-los na sala de visitas, prepare o chá com biscoitos quentinhos.
Emília - Sim, senhora, com licença!
Júlia guarda a carta dentro da bolsa e se levanta.
- Bem, vou indo!
Odete - Espere, não quer participar comigo da reunião do grupo de doações que ajuda aos animais abandonados?
Júlia deu de ombros e seguiu, afinal teria que se despedir das crianças ainda, então não via problema algum. Por outro lado, Eduardo acordou com uma tremenda dor de cabeça e mal humor
A reunião na sala estava acontecendo, quando Eduardo aparece e dá bom dia para todos, mas antes de se retirar da sala dona Odete se pronuncia.
Odete - Adivinha quem está aqui na fazenda?
Ele para e retorna a visão na mulher.
Odete - A Júlia!
Eduardo - Quem?
Todos os presentes sorriem com a expressão que ele fez, menos a Júlia que se manteve séria.
Eduardo - Você disse, Júlia? Aquela amiga insuportável da Sílvia?
A mulher fica branca de vergonha.
Odete - Ela...
Eduardo - Não suporto aquela garota!
Júlia amassa os lábios e cruza os braços olhando para a dona Odete.
Eduardo - Onde a palito está?
Odete - Palito?
Ela tinha esquecido que esse era o apelido que todos chamavam a Júlia na época que era adolescente, por ser muito magra. Eduardo sorri e olha para as pessoas sentadas no sofá segurando o riso e todo o constrangimento. Fita a bela mulher sentada perto da dona Odete e engole a seco. Realmente ele não a reconheceu até agora.
Odete - Bem, ela...
Júlia - Obrigada por lembrar do apelido de adolescente, não teria um momento melhor para recordar.
Ele olha para Odete e depois para a bela moça incrédulo.
Eduardo - Júlia?
Perguntou espantado com o que via.
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Atualizado até capítulo 100
Comments
Marineia Araujo
égua, ela recebeu a notícia que sua melhor amiga estava muito mal ,e só foi depois de um ano? credo 😮
2025-02-21
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Marineia Araujo
haha oi Júlia 🥴😬😳😲😑🤐
2025-02-21
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Marineia Araujo
haha oi Júlia 🥴😬😳😲😑🤐
2025-02-21
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