Capítulo 8

Júlia acordou por volta das 9:00 horas. Tomou um banho frio, porque estava fazendo bastante calor. Olhou para a sua pele em frente ao espelho, cheia de picadas de mosquitos. Ela passou um produto e saiu do quarto enrolada numa toalha branca. Abriu as duas malas para escolher uma roupa, e a cor escolhida foi logicamente preta. Nesse momento, começou a lembrar da pergunta que Sofia fez sobre o porquê de ela somente usar uma determinada cor.

Vestiu uma calça jeans escura e uma camiseta regata preta, calçou umas botas e penteou os cabelos. Depois, saiu do quarto indo para a sala de jantar. Toda a casa exalava um aroma delicioso de bolo de fubá, e Júlia estava salivando. Quase teve um treco quando viu a mesa com infinidades de diferentes tipos de bolos, pães, frutas, queijos e muito mais.

Júlia - Uau...

Ela puxou uma cadeira e sentou-se, partiu um pedaço de bolo de fubá colocando no pratinho, depois colocou um pouco de café na xícara. Emília entrou bem na hora com uma jarra de suco de laranja.

Emília - Bom dia, senhora!

Júlia - Bom dia! As crianças já foram para a escola?

Emília - Sim, cedinho!

Ela cortou um pedacinho de bolo e levou à boca, fechando os olhos de satisfação.

Júlia - Que delícia!

Emília - A cozinheira se garante!

Júlia - Já tomou café da manhã? Sente-se para me acompanhar!

Emília - Eu já tomei café, senhora, e não me atreveria a sentar na mesa.

Júlia - Eu não tenho cerimônia!

Emília - O patrão pode não gostar!

Júlia - Quero que ele se lasque!

A babá arregala os olhos, surpresa, e sorri sem jeito.

Emília - A senhora é muito bonita, e se veste muito bem! Todos na fazenda comentam sobre a sua beleza!

Júlia - Ah, é? (risos)

Emília - Parece uma estilista!

Júlia - E eu sou!

Respondeu naturalmente, enquanto pegava mais um pedaço de bolo. A babá a olha com admiração.

Emília - Uau...

Júlia - E o seu patrão, sai todas as noites?

Emília - Sim! Quando ele não viaja a trabalho, sempre sai à noite e só retorna com o sol raiando.

Júlia - Hum, e ele gosta das noitadas na cidade?

Emília - Acho que sim! (risos) Mas eu acho que ele está namorando.

Júlia - Mesmo?

Perguntou com certo interesse.

Emília - Faz alguns dias que uma moça liga aqui para a casa, e logo em seguida ele sai e só volta pela manhã.

Júlia franze os lábios.

Emília - Acho que ela está ligando diretamente para o celular dele agora, percebi ontem. Eu estava levando as roupas limpas para guardar no armário do Pedro, o celular do patrão tocou e ele respondeu que já estava indo. Cinco minutos depois, desligou o videogame do filho e disse que já estava tarde e saiu de carro.

Júlia - Hum... É... Ele é viúvo e novo, natural querer se relacionar com alguém.

Emília - E bonito!

Júlia - Você acha? Sabe que nem acho.

Retrucou com uma careta de indiferença, tentando esconder que também o achava bonito.

Júlia - Quer saber, vou dar uma volta pela fazenda.

Emília - Tá bom!

Ela levantou-se da mesa e saiu do casarão, caminhou até os estábulos e olhou os cavalos.

Francisco - Bom dia, madame!

Júlia - Bom dia!

Francisco - Quer andar a cavalo? Escolherei um bem manso para a senhorita.

Júlia - Não hoje, estou só olhando a fazenda!

Francisco - Ah sim, está gostando?

Júlia - Tirando os mosquitos, até que não é tão ruim assim.

Francisco - A senhora se acostuma!

Ela sorriu e saiu dos estábulos e continuou andando. Foi até os pastos ver o gado e se divertiu vendo-os se aproximarem da cerca e ficarem a olhando. Mais à frente, tinha criação de galinhas no galinheiro e patos no pequeno lago.

Todos os peões da fazenda estavam olhando para ela, era inevitável por ser muito bonita. Ela sabia que a olhavam com malícia, mas não deu muita importância e seguiu para o rio. Pegou algumas frutas do pé e comeu, depois voltou para o casarão e sentou na cadeira de balanço no alpendre, colocou os óculos escuros e ficou ali observando o movimento.

Depois de quase quarenta minutos, Eduardo apareceu no alpendre comendo uma maçã, ficou parado olhando para frente e depois levou a visão a ela.

Eduardo - Bom dia!

Júlia - Bom...

Ele desce os degraus e Júlia revira os olhos.

Júlia - Imbecil!

Ela falou baixinho, só para si mesma. Ele foi para os estábulos, pegou um cavalo e saiu galopando pela fazenda. Entediada, Júlia tirou o celular do bolso e começou a ouvir música nos fones de ouvido.

Passou um tempo sentada ali, parecia ser o melhor lugar para relaxar e ter uma visão ampla dos arredores. Uma caminhonete parou e as crianças desceram correndo com as mochilas nas costas.

Francisco - Vão devagar!

Ele buzinou e saiu com o carro. Sofia foi a primeira a subir e abraçou Júlia, que retribuiu.

Sofia - Olha o que eu fiz para você!

A menina tirou a bolsa das costas e colocou no chão. Tirou um desenho e mostrou a Júlia, que pegou o papel e sorriu, tirando os óculos escuros para enxergar melhor.

Júlia - Essa sou eu?

Sofia - Sim, e essa sou eu segurando a sua mão.

Pedro finalmente chegou ao último degrau, tirou a mochila das costas e jogou na cadeira rústica de madeira, sentando logo em seguida.

Júlia - Adorei, achei lindo!

Pedro - Deixa eu ver, Sofia!

A menina pegou a folha e mostrou para o irmão, que ia comentar algo desagradável, mas desistiu e sorriu.

Pedro - Tá bonito!

Sofia - Sério?

Ela perguntou surpresa!

Pedro - Aham...

Emília - Ué, já chegaram? Nem me procuraram! (risos)

Sofia guardou o desenho dentro da bolsa e Emília pegou as mochilas deles e levou para os quartos de ambos. Logo depois, ela voltou.