No dia seguinte, Sofia acordou cedinho, abriu a porta do quarto do pai e não viu ninguém. Provavelmente ele saiu para beber e jogar e perdeu a hora mais uma vez. Então, a pequena entrou no quarto do irmão, constatando que ele estava dormindo.
Sofia - Pedro?
Chamou baixinho, mas o menino só fungou e trocou de posição. Sem mais alternativas, desceu as escadas para o andar debaixo. Iria chamar a babá, mas se lembrou que Júlia estava na casa. Então, ela adentrou o corredor em passos leves, se encaminhou até a última porta e girou a maçaneta bem devagarinho.
Entrou no quarto e se aproximou da cama, tocando o rosto da Júlia esperando que ela despertasse. Mas não foi bem assim que aconteceu. O ser humano sente presenças mesmo de olhos fechados, então não seria diferente. Ao abrir os olhos, Júlia pulou da cama e caiu sentada do outro lado.
Júlia - Meu Deus... Você me assustou!
A menina continuava parada perto da cama com uma pequena manta sobre os ombros.
Júlia - O que você quer? Não pode aparecer assim do nada e assustar os outros.
Ela coçou os olhos sonolenta.
Sofia - Estou com fome!
Júlia - Vá pedir para o seu pai, sabe que horas são?
Ela pegou o celular que estava em cima do criado-mudo e constatou.
Júlia - São 5 da manhã!
Sofia - Meu pai não está em casa!
Júlia - Como não? Você olhou direito? Volte lá e veja!
A menina deu de ombros e Júlia se deitou novamente, se enrolando até o pescoço. Estava tão gostoso ficar na cama que ela não queria sair. Mas Sofia continuou no mesmo lugar.
Júlia - Não é possível!
Ela bufa e abre os olhos, e se ajeita virando o rosto para o outro lado.
Júlia - Chame a babá!
Sofia - Queria que fosse você!
Júlia ignora e fecha os olhos tentando dormir novamente, mas não consegue por se sentir observada. Dá um impulso abrindo o lençol e senta-se bruscamente na cama, olhando para a menina sentada na poltrona com o rosto deitado sobre a almofada.
Aquela cena derrubou Júlia, que se dá por vencida e sorri de lábios fechados, quase imperceptível.
Júlia - Ok, o que você quer comer?
Sofia - Mingau na mamadeira.
Júlia - Ótimo, vamos lá!
Ela pega a menina nos braços e se encaminha até a cozinheira, a coloca em cima do balcão de pedra e olha para todos os lados tentando entender onde estavam as coisas.
Júlia - Mamadeira, onde está?
A menina aponta para o armário, e Júlia segue as instruções da pequena.
Júlia - Ok, agora o leite!
Ela abre a geladeira e pega uma garrafa de vidro cheia de leite fresco e enche até a metade da mamadeira.
Júlia - Prontinho, pega!
A menina começa a rir, mas não diz nada se era assim que ela tomava o leite ou não. Então, toma assim mesmo e Júlia a observa tomar com tanto gosto que deu vontade de tomar também.
Júlia - Bom, presumo que esse leite foi tirado do peito da vaca, né? Aquelas da fazenda?
A menina balança a cabeça confirmando.
Júlia - Ok, vamos provar isso!
Ela coloca um pouco no copo e experimenta.
Júlia - É leite!
As duas sorriem.
Sofia - É muito bom!
Nesse momento, elas escutam a porta da sala sendo aberta e fechando. Eduardo tinha acabado de chegar da noitada, passa as mãos nos cabelos e vai até a cozinha tomar água. Para surpresa dele, vê as duas tomando leite. Ele fica olhando aquela cena com um ponto de interrogação na cabeça.
Eduardo - Por que você está tomando leite na mamadeira? Sabe que já é bem grandinha para isso.
Ele se aproxima, beija a testa da filha e olha para Júlia com as costas escoradas no armário tomando leite. Ele acaba soltando um meio sorriso sem querer.
Sofia - Você tá com bigode de leite!
A menina sorri e Júlia trata de limpar imediatamente com o antebraço, colocando o copo na pia em seguida. Eduardo coloca um pouco de água no copo e toma.
Júlia - Bom, ainda bem que seu pai chegou! Agora você é todinha dele, eu libero, tá?
Ela passa por eles, mas Eduardo a segura no braço e cochicha baixinho próximo ao ouvido dela.
Eduardo - Você sabe que precisamos conversar.
Júlia - Sobre o quê?
Eduardo - Você sabe muito bem.
Júlia - Não quero desenterrar um assunto que não faz mais sentido.
Eduardo - Você é uma egoísta mesmo.
Júlia - Eu não quero falar daquele assunto, isso já faz muito tempo.
Eduardo - Para você não importa, né?
Júlia - Você está dentro de mim para saber? Eu era uma adolescente, simples assim!
Eduardo - Nunca irei te perdoar, nunca!
Ela dá um tapa nele, soltando-se.
Júlia - Não estou aqui atrás do seu perdão, eu não me importo com você.
Eduardo - Ótimo, então somos dois!
Ela olha para a menina, que continuava tomando o leite, e se retira da cozinha. Eduardo suspira e fecha os dois punhos, se apoiando no balcão.
Sofia - Papai, posso dormir na sua cama hoje?
Eduardo - Por quê?
Sofia - Tem um monstro embaixo da minha cama!
Eduardo - Isso não é verdade, você tem que parar com essas coisas, filha!
Sofia - Mas o Pedro disse que tinha!
Eduardo - É mentira do seu irmão, ele está brincando com você. E daqui a pouco vocês vão para a escola, tem só meia hora para dormir. Vamos!
Ele tira a mamadeira da mão da menina e sobe com ela para o quarto, deita a filha na cama e, em seguida, entra no banheiro para tomar um banho. Não deu tempo nem da pequena pegar no sono, pois a babá já estava procurando por ela para se arrumar e ir para a escola.
Emília - Pedro, já tá na hora!
Pedro - Ah, só mais um pouquinho, Milia!
Emília - Não, agora. Já são 6:00 da manhã!
Nesse momento, Eduardo sai do quarto com a menina nos braços e a coloca no chão.
Sofia - Me banha, Milia!
Emília - Claro, florzinha, vamos!
Eduardo - Vamos, Pedro, está na hora!
Exclamou, dando batidinhas na porta do quarto, tira os fones dos ouvidos do filho e coloca em cima da escrivaninha.
Eduardo - Vamos, filho!
Pedro - Droga! Por que temos que ir para a escola todos os dias?
Eduardo - Simples, porque não quero menino burro na minha família!
O menino se levanta reclamando e entra no banheiro. Logo depois, Eduardo desce e sai de casa. Francisco já estava esperando com o carro em frente ao casarão.
Francisco - Bom dia, patrão!
Cumprimentou o homem tirando o chapéu da cabeça.
Eduardo - Bom dia!
Ele coloca as mãos na cintura e fica olhando o céu com as cores esplêndidas do amanhecer, que só dá fazenda poderia ter tal privilégio da natureza.
Eduardo - As crianças descerão daqui a pouco para levá-las para a escola, vou deitar um pouco.
Francisco - Bom descanso, patrão!
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Atualizado até capítulo 100
Comments
Tania Cassia
Voltei lá no primeiro capítulo para ter certeza se era o Eduardo que seria o grande amor dela.E acho que é ele mesmo 🥰
2023-05-04
85
Ester menezes
não diz pq ele casou se com a amiga dela
2024-04-22
0
Ana Maria
Ai ai 🤔🤔🤔🤔🤔🤔🤔🤔🤔🤔🤔🤔🤔🤔🤔🤔🤔😏
2024-04-04
0