Capítulo 19

Depois de terminar os afazeres, os veterinários foram embora. Eduardo entrou na casa e para a surpresa dele as crianças já estavam sentadas à mesa bastante animadas relatando o dia para a Emília que se acabava de rir da pequena aventura dos pequenos até a fazenda.

Eduardo - Hum... Vejo que o assunto tá bom! Posso participar da conversa?

Perguntou ele com animação, adentrando o cômodo.

Sofia - Papai!

Os olhos da menina brilharam quando viu o pai e correu pulando nos braços dele.

Eduardo - Tudo bem, minha vida?

Sofia - Muito! Tomamos sorvete e voltamos escutando rock!

Ele não se conteve e sorriu.

Eduardo - Rock? Conte-me mais!

Ele se aproximou e deu um beijo no topo da cabeça do filho.

Eduardo - Tudo bem, meu filho?

Pedro - Estou muito bem! Papai?

Ele vira-se o olhando esperando o que o garoto iria falar.

Pedro - Obrigado!

O menino soltou essa e baixou a cabeça.

Eduardo - Obrigado pelo o quê, meu filho?

Pedro - Por ter permitido que a Júlia fosse buscar a gente na escola, foi muito maneiro!

Ao ver o sorriso fácil e espontâneo nos lábios do filho, Eduardo sentiu uma imensa felicidade por dentro. Somente sorriu de volta e assentiu com a cabeça. Colocou Sofia sentada na cadeira e se retirou por um instante, subindo até a sua suíte. Lavou as mãos e ficou parado de frente para o espelho fitando seu reflexo de aparência confusa. Era notório que já se encontrava em conflitos por dentro, um mix de sentimentos que se intensificava a cada dia que se passava com a presença da Júlia na fazenda. Depois de mais alguns minutos, desceu novamente, se juntando à mesa com os filhos.

Eduardo - Cadê a Júlia?

Perguntou virando-se para o lado olhando Emília.

Emília - Foi tomar banho, senhor!

Eduardo - Ok, estão vamos espera-la!

Sofia - Papai, papai...

Eduardo - Hum?

Sofia - O Pedro tá dizendo que eu sou sardenta!

Eduardo - Ham?

Pedro - É sim!

Sofia - Sou não!

Eduardo - Filha, você não precisa ficar chateada por causa disso, cada um tem sua maneira de ser! E sua mãe tinha sardinhas.

Sofia - Sério?

Eduardo - Sim, você não lembra?

A menina faz sinal negativo com a cabeça.

Eduardo - Então! Porque vocês não me contam como foi a vinda da escola? Percebi que gostaram bastante.

Pedro - Sim!

A menina levantou a mão.

Sofia - Eu, eu conto primeiro!

O garoto revira os olhos.

Pedro - Então conta primeiro menina véia chata!

Eduardo - Por favor, filho!

Ele olha o repreendendo.

Pedro - Tá bom! Pois conte primeiro, menina linda!

Ele refez a frase em tom de deboche, Eduardo se segurou para não rir.

Os três conversaram por mais um tempo até Júlia aparecer no cômodo. Usava uma calça jeans escura e uma camiseta branca e botas. Isso chamou atenção de todos.

Emília - Senhora, está usando outras cores?

Júlia - Sim! Decidi dar uma variada no meu guarda-roupa. O que acharam?

Pedro - Maneiro!

Sofia - Tá linda!

Os demais olham o Eduardo que trata de tirar o foco dele no mesmo segundo.

Eduardo - Vamos almoçar!

Júlia senta-se e todos começam a fazer seus pratos. Pedro comia com tanto gosto e vontade que Eduardo até estranhou, mas não falou nada para não inibir o filho.

Eduardo e Júlia evitavam a todo custo se olharem, algumas das vezes não conseguiam e acabavam se encarando sem querer em determinados momentos, durante o almoço. Finalizaram com a sobremesa e depois pai e filhos subiram para a varanda no segundo andar. Lá continha umas cadeiras de madeira rústica com almofadas.

Júlia por sua vez preferiu se recolher e descansar no seu quarto. Abriu a janela para entrar um ar refrescante de pós chuva.

Júlia - Hum... Bem melhor!

Falou de olhos fechados puxando o ar puro para dentro de seus pulmões. Depois abriu seu notebook e dedicou um tempo para responder alguns e-mails de clientes e sócios de Paris, haviam algumas propostas no qual ela ficou um tempo parada pensando se aceitaria ou não.

Júlia - E agora, o quê eu faço?

Pensou mais um pouco e fechou o notebook sem responder. Deitou na cama e ficou encarando o teto em branco, virou o rosto e fitou a janela. Estava ventando lá fora, as árvores se balançavam emitindo um som relaxante de folhas se chocando uma nas outras, isso foi a deixando bastante sonolenta, acabou adormecendo.

...

Eduardo - Vamos crianças! Vão descansar um pouco, mais tarde vão fazer suas tarefas escolares.

Pedro - Posso brincar de videogame?

Eduardo - Uma hora!

Pedro - Oba!

O menino correu para seu quarto, e Eduardo levou Sofia para o quarto dele, ligou a televisão e colocou o desenho animado preferido da menina.

Sofia - Minha manta papai!

Ele vai até o quarto dela, pega e retorna a entregando.

Eduardo - Volta já, filha!

A menina só confirma tudo bem com a cabeça e se aconchega nos travesseiros, colocando a manta pertinho do rosto. Eduardo desce as escadas e fica parado no meio da sala uns segundos. Olha para o corredor e adentra em direção ao seu escritório.

Já estava abrindo a porta quando parou novamente e olhou para a última porta, onde Júlia estava hospedada. Suspira e caminha lentamente até lá, com grandes dúvidas se abriria a porta ou não. Na realidade ele não sabia porque estava fazendo isso.

Desiste e vira o corpo, mas para novamente e gira logo a maçaneta abrindo a porta do quarto dela. Júlia se encontrava dormindo, ele fita a janela aberta entrando ar fresco, parecia tão aconchegante e convidativo esse quarto, a cama…

Eduardo - Meu Deus! O que está acontecendo comigo? Tenho que me controlar, isso não tá certo!

Ele se puniu em pensamentos, seu corpo era incapaz de dar um passo para trás. Era como se estivesse hipnotizado pela beleza dela. Tudo naquele quarto era bom e agradável: O cheiro, a cor da mobília, e principalmente a presença de Júlia nele, que deixava o ambiente acolhedor e romântico com pitadas quentes de luxúria.

Eduardo já estava com a respiração pesada de um desejo incontrolável, então balança a cabeça e sai daquele transe.

- Merda!

Um pouco desorientado, sai do quarto e sem querer bate a porta, acordando-a que praticamente pulou da cama sonolenta sem entender nada. Olhou para a janela e entendeu que tinha sido o vento que fez a porta bater.

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