Augusto observava Emília, e tentava decifrar; o que ela pensava nesse momento?
Estaria sonhando apaixonada, como ele?
Com o sorriso dela gravado em seu coração, ele reclinou a cabeça no carro, fechou os olhos e sonhou com Emília ao seu lado, numa manhã de verão, fazendo um piquenique na beira do mar, uma criança correndo para a água, outra fazendo um castelo de areia, e um bebê sentada na toalha, comendo uma maçã, que Emília raspava. A cena era tão perfeita, que sorriu, e mesmo sabendo que precisava abrir os olhos, não queria sair daquele sonho acordado.
Uma família!
Era tudo que sempre sonhou. Mas penosamente, tudo havia sido tirado dele. Agora tudo que podia fazer, era sonhar... e Emília encaixava perfeitamente no papel. Talvez poderia ser uma realidade, Emília tinha as qualidades e virtudes para ser mãe e uma esposa perfeita. Mas ela poderia amá-lo?
Talvez...
Para Augusto, se tratava de uma conquista diária, e teria exatos dois anos para ter Emília cedendo ao seu amor por ela, e quando isso acontecer, ele se livraria daquele contrato ridículo, e viveria pelo amor, somente pelo tórrido amor!
Levou Emília no restaurante do hotel, almoçou com ela, e a deixou no melhor quarto, ao lado do seu. Então foi cuidar dos seus negócios, pois já tinha toda a tarde marcada em reuniões presenciais.
Quando voltou, já um tanto tarde, seu gerente Marcos informou sobre o hotel, e falou que Emília passou a tarde ajudando as camareiras. Augusto assentiu e sorriu para si mesmo. Tinha a cara da Emília agir assim. Foi ao seu quarto, tomou um banho e antes de ir dormir, foi até o quarto de Emília e bateu. Quase que instantâneo ela abriu, e assim que olhou para ele, sorriu largo.
— Está tudo bem? Já jantou?— Augusto perguntou se apoiando no batente.
— Eu belisquei umas coisas com as meninas. E o senhor?— ela respondeu abrindo mais a porta e dando a visão do quarto.
Foi aí que Augusto observou que ela vestia um vestido novo, um que ele havia comprado por achar que ficaria lindo nela.
— Vou pedir alguma coisa.— ele falou olhando Emília com um sorriso.
Não era o vestido em si, (que era lindo) mas o fato dela ter a atenção de colocar um que ele havia gostado.
— Então... ficou bom?— Emília perguntou segurando uma ponta do vestido, que tinha um corte godê.
— Melhor do que imaginei! O que acha de descermos para jantar? Vamos aproveitar a noite.— Augusto sugeriu.
— Claro! Deixa eu pegar minha bolsa.
Ela saiu entre as inúmeras sacolas de compras e procurou sua bolsa. Quando achou, veio toda alegre e saltitante. Ele poderia procurar, mas não encontraria uma garota que transmitisse tanta paz, mesmo em meio a "guerra".
Como ela superou tão rápido?
Ele carregava suas dores há tantos anos, mas bastou ela chegar em sua vida, para pouco a pouco, com seu jeito doce e terno, fazê-lo entender que lamentar suas dores, era uma escolha. E ela, claramente, escolhia o lado bom da vida a todo instante, e de alguma forma, estava sendo inspiração para si.
"Tem Que Ser Você"
(Victor e Leo)
🎵🎶Um dia seus pés vão me levar
Onde as minhas mãos não podem chegar
Me leva onde você for
Estarei muito só sem o seu amor
Agora é a hora de dizer
Que hoje eu te amo
Não vou negar
Que outra pessoa
Não servirá
Tem que ser você
Sem porquê, sem pra que
Tem que ser você
Sem ser necessário entender🎶🎵
Durante o jantar, Emília falou um pouco sobre a cidade que morava no Brasil. E sua maneira de falar era tão cativante, que podia se sentir dentro das suas palavras. Gostaria de aprofundar a conversa, perguntar sobre seus pais, mas sabia que era uma via de mão dupla, se ela contasse, acabaria exigindo que ele se abrisse também, e não se sentia seguro para contar sua triste história. Então se limitou apenas em ouvir, e comentar sobre o modo de vida do interior do Brasil.
— Sente falta do Brasil?— Augusto arriscou perguntar.
— As vezes... mas eu não tenho mais nada lá... apenas lembranças, então não fico apegada a lugares...— ela respondeu brincando com o garfo no prato.
— As lembranças nunca morrem...— Ele confessou com um suspiro.
— As ruins podem morrer. Eu só me recordo das boas lembranças.— Emília respondeu.
— Como faz isso?— Augusto perguntou curioso.
— Matar as lembranças ruins e reviver somente as boas?— Augusto assentiu.— Bom, eu guardo elas no canto mais escuro, e não as alimento, as deixo morrer, aí ficam apenas aquelas que quero manter vívidas na memória. É claro que as lembranças ruins sempre estarão em algum lugar, e às vezes as circunstâncias, um cheiro, um lugar, pode revive-las, mas aí é só enterrá-las novamente e alimentar as coisas boas da vida. Se não fizesse assim, senhor, eu não sobreviveria. Quando alimentamos o que é bom em nós, automaticamente o bem vence.
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Atualizado até capítulo 91
Comments
Tânia Principe Dos Santos
Emília é tão sabia e madura. tem várias lições de vida para dar aparentemente
2025-02-26
1
Solange Maria Martins
que nos faz mao nao e bom lembra
2025-03-16
0
Akassia Pinheiro
Emília é uma lição de vida.
2024-12-11
0