Ele sentia o olhar de Emília queimar seu corpo, não saberia dizer o que significava, mas mesmo sem fitá-la, sabia que era intenso. Era um daqueles momentos que não arriscava olhar para ela. Estava por um fio de agarrá-la, a apertar em seus braços, e poder desfrutar do calor daquele corpo perfeito. Como não era do tipo que faz o que quer, sem pensar nas consequências, ou se ela consentia com seu desejo, continha seus impulsos. Além do mais, não achava que ela iria gostar de ser tocada inesperadamente, devido aos abusos que sofreu.
Uma dor invadiu seu peito, ao imaginar que um dia, como o passarinho que ela soltou, e saiu voando livre, ele teria que deixá-la ir. Chegou a pensar em oferecer outro contrato, para ser mãe por cinco anos, mas isso era insano, não podia comprar o amor, isso teria que vir pela conquista.
Seria capaz de fazê-la se apaixonar?
Augusto ousou olhar para Emília, que ainda o encarava cheia de mistérios nos olhos. Aqueles cabelos negros, desenhando a face suave e tão delicada.
Ele não podia resistir... queria sentir a pele alva em suas mãos, qual seria a textura?
Devagar, ele alcançou o seu rosto, e fitou os olhos pretos e brilhantes, querendo decifrar suas reações. Brandamente deslizou o dorso de seus dedos pela bochecha. Pele tão macia, que chegava a ter um toque aveludado.
Observou Emília suspirar profundamente, e conforme seus dedos resvalavam a pele dela, suavemente ela fechou os olhos, e num gesto de aprovação, segurou a mão dele, como se não quisesse que suas mãos saíssem dali.
Uma esperança cresceu no coração de Augusto, talvez ele tivesse a chance de conquistar aquele coração inocente. Era um risco que teria de correr, sabia que se existisse alguma chance de tê-la em seus braços, por vontade própria, seria um caminho difícil para si. Pois conhecia de antemão a intensidade que se envolvia emocionalmente com quem se apaixonava. Talvez fosse por isso que se protegeu tanto, e não se envolvera com mais ninguém.
Aquela brisa marítima, misturando a fragrância floral de Emília, era o cheiro perfeito. Pegou uma mexa dos cabelos que pincelavam sua mão, e levou até o nariz. Inspirou fundo, ficou inebriado, o cabelo escorria sedoso entre seus dedos. Emília colocou a cabeça de lado, e suavemente tocou minha mão com seu rosto.
Poderia beijá-la, mas não tinha pressa, queria conquistar cada parte de Emília, e para isso seria paciente e carinhoso. Ela merecia ser tratada como uma dama, e não ia deixar seus hormônios adormecidos por tantos anos, controlarem seu corpo. Faria do jeito certo. Ia mostrar que por baixo daquela cicatriz, daquele homem frio, existia um homem capaz de amar e fazer uma mulher feliz.
Beijou a testa de Emília, e com um sorriso se afastou.
— Antes do almoço, ainda tenho uma reunião. Com licença.— Augusto assentiu e saiu do terraço.
Era surpreendente como conseguia ficar no terraço e sacada, ainda não sabia como obteve essa mudança tão inesperada. Uma auto análise, revelou que aquilo que não saía de seu coração, o amor quebrado, que tantas vezes quis evitar tê-lo sentido, e nunca conseguia se livrar, o que parecia mais uma obsessão, agora parecia algo fútil, e um sentimento novo e intenso ganhava vida em seu coração, que fazia todos os medo que vinha guardando, se tornarem tão insignificantes, que nem acreditava que tivesse alimentado essas melancolias.
Participou da reunião sobre um dos hotéis que ficavam na Inglaterra. E quando deu horário de almoço, encerrou a reunião. Antes não se importava com horários, mas agora tinha uma garota que era sua companhia diária em todas refeições. E era sempre um prazer imenso tê-la por perto.
O dia foi ocupado até a noite, como todos dias. Não era um CEO que ficava em escritórios e tal, mas em sua casa trabalhava constantemente.
Já pronto para dormir, ele foi até a cozinha fazer um chá para ir deitar, e de longe observou Emília no terraço. Era admirável como ela não enjoava de ficar observando o mar daquele lugar.
Fez duas xícaras de chá e foi até o terraço.
— Não se cansa desse lugar, não é mesmo?— Augusto indagou com um sorriso.
Ela se virou surpresa, e sorriu.
— Não... acho que é impossível enjoar.
— Trouxe chá, sei que gosta.— ele falou oferecendo uma xícara.
— Obrigada, senhor.— ela respondeu aceitando.
Augusto tentou enxergar alguma coisa lá fora, mas tudo que vi era uma lua nova e um céu estrelado, enquanto bebericava seu chá.
— Não consigo ver nada. Enxerga alguma coisa?— Augusto perguntou.
— Além da lua e das estrelas? Não vejo nada. Mas não preciso, basta fechar os olhos, ouvir os sons, e minha imaginação sabe exatamente o que tem lá embaixo. E é o suficiente para criar a imagem perfeita. É como ver Deus.— Emília falava sorrindo.
— Você consegue ver Deus?— Augusto perguntou curioso.
— Você não?
Augusto apenas meneou a cabeça em negação.
— Ele está em todo lugar, Augusto. É só querer enxergá-lo. Quem mais teria o poder de criar essas belezas? Eu vejo a mão de Deus em cada estrela, na lua, no som do mar... e toda natureza... nas pessoas...
— Está certa. Provavelmente Deus estava inspirado no dia que nasceu, porque tem uma beleza que excede toda natureza e muitas pessoas. É perfeita!
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Atualizado até capítulo 91
Comments
Monica Maria dos Santos
Linda obra. Embora tenha início com violência extrema
, se torna ao longo da narrativa, tão linda, cativante, sublime. Parabéns autora. Estou relendo e novamente apaixonada por este lindo casal.
2025-03-14
1
Tânia Principe Dos Santos
😍😍😍😍 impossível não se apaixonar por Emília
2025-02-26
0
Maria Aparecida Alvino
/Angry//Angry//Angry//Angry//Angry/
2024-10-28
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