Conhecer o quarto que dormiria nos próximos anos, foi surreal para Emília. O cômodo era maior do que as casas que já havia morado. Piso em madeira, assim como a estrutura cama, que possuía um dossel. Uma lareira em pedras, e acima uma TV pendurada, um baú de madeira ao pé da cama, duas poltronas de tecido xadrez azul claro, mesa de cabeceira em madeira com um abajur, uma porta de correr em vidro emoldurada em madeira, que dava para a sacada.
A primeira atitude de Emília, foi largar a mala e correr para abrir a porta. Segurou no parapeito da sacada, olhou para baixo, era tão alto, que chegou a deixá-la tonta. Mas não desistiu de visualizar aquela beleza das águas do mar batendo nas rochas. Era tão lindo! Nunca se cansaria de admirar!
Voltou ao quarto e andou a passos lentos, tocando as estruturas de pedras e as madeiras envernizadas. Foi então que observou uma porta, entrou curiosa e ficou boquiaberta com o tamanho do banheiro. Não conseguia acreditar que estava vendo uma decoração tão atraente e aconchegante daquelas, pessoalmente. Uma espécie de casinha de pedras, abrigava a banheira, e como se não fosse suficiente a TV e a lareira do quarto, outra no banheiro. Um armário, mais à frente um box de vidro, com chuveiro. Nem mesmo o quarto que dormiu na sua tia tinha esse tamanho. A iluminação amarelada e brilhante, era surpreendente. Emília saiu do banheiro e se posicionou em frente ao espelho. Fitou sua imagem refletida, rabo de cavalo, os olhos estavam mais vívidos, as olheiras escuras e melancolia já não transpareciam. Num instinto, colocou a mão no ventre e se perguntou: estaria pronta para ter três anos maravilhosos e depois largar tudo como se não houvesse existido esse tempo?
Suspirou acariciando a barriga, deixar um pedacinho de si para Augusto não era um problema para ela, sabia que ele tinha os recursos e sentimento para amar um filho, viu nos olhos dele... o problema estava se ela seria capaz de desapegar da criança e até de Augusto, pois sentia que tinha uma dívida eterna com aquele homem.
Um toque na porta, a fez sair dos seus devaneios.
— Entre.
Augusto se aproximou.
— As acomodações estão do seu agrado?— ele perguntou.
— São Maravilhosas! Posso me perder aqui!— Emília respondeu com um sorriso largo.
— Que bom que gostou. Qualquer coisa que precisar fale com Laura, ou comigo. Fique à vontade. Cuidado com a sacada, se por algum descuido cair, é fatal!— Augusto advertiu um tanto assustado.
— O parapeito é alto, para acontecer um acidente, eu teria que subir nele, e só um louco faria isso!— Emília exclamou.
Augusto ficou pálido e sua expressão de assustado, mudou para aterrorizado.
— Está tudo bem, senhor?— Emília se aproximou.
Os olhos de Augusto estavam fixos na sacada, e a cabeça parecia bem distante. Ela alcançou a mão de Augusto e segurou. Ele saiu do transe e olhou para Emília.
— O jantar será em meia hora. Te aguardo.— Falou frio, soltando a mão de Emília, e saiu do quarto.
Ela assentiu, e tentou decifrar porque aquele homem era tão instável? No mesmo instante que estava sendo gentil e sorria, ficava sério e frio.
"Quais suas dores, Augusto? O que esconde?"
Emília abriu sua mala, escolheu uma roupa e foi tomar um banho. Em meia hora ela andava pela casa, tentando lembrar onde era a cozinha daquela casa cheia de repartições e cômodos. Andou e andou, estava perdida?
De repente um som lindo de violino soou em algum canto da casa, Emília foi guiada por aquele som de "A Thousand Years", a famosa música tema da série de filmes "Crepúsculo". Embalada por aquele som envolvente e bem afinado, ela andou em direção a música, até que por uma porta de vidro identificou Augusto de pé, a cabeça inclinada no instrumento, com um arco na mão direita e a esquerda tocando as cordas. Estava de perfil, podia ver os olhos fechados, e o corpo levemente embalado pela música.
Os olhos de Emília brilharam, de "Crepúsculo", ele passou a solar "Beethoven's 5 Secrets". A visão que tinha dele tocando o violino, o som harmonioso e romântico, a deixou com o coração derretido, cheia de sensações prazerosas. Ficou paralisada diante da porta, não queria invadir a privacidade de Augusto, por isso observou afastada. Ele intensificou o manejo do instrumento e as emoções que a música causava em Augusto, transpareciam em seu corpo, em algum momento, Emília notou que algumas lágrimas escorriam do rosto dele, e isso a fez sentir uma profunda compaixão de Augusto. Ali estava o homem sensível, que pagou um preço alto para que ela não ficasse à mercê daqueles agiotas, ali estava o homem que por algum motivo, enxergou nela alguém que valia algo. Emocionada, Emília deixou que as lágrimas rolassem, sentia algo por aquele homem, e não era só gratidão pelo o que ela havia feito, tinha mais em seu coração, um sentimento que ganhava força a cada dia, que a envolvia ternamente.
"Augusto..." sussurrou para si mesma.
Inesperadamente Augusto virou-se e encarou os olhos de Emília, que sem pensar, saiu correndo dali.
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Atualizado até capítulo 91
Comments
Neiva Ina
Sera q vai ser gêmeos ? 😍😍♥️♥️
2023-10-05
173
Tânia Principe Dos Santos
aí que lindo
2025-02-26
3
Rosa Maria
história emocionante 💖
2024-11-11
0