Não havia maneira fácil de dizer, Augusto tentava encontrar as palavras certas, algo que pudesse dizer que amenizasse o impacto da notícia. Mas nada que dissesse, tornaria fácil para aquela garota, que o cativava a cada segundo.
— Emília, meus seguranças foram até a casa da sua tia, e... eu sinto em dizer, que ela não está em boas condições...
— Eles a encontraram, não foi?— Emília o interrompeu com lágrimas nos olhos.
Augusto assentiu e estendeu a mão, para alcançar a dela.
— Ela está viva?— Emília perguntou entre as lágrimas.
— Está. Mas em estado grave na UTI do hospital. Parece que está em coma.— Augusto respondeu sincero, acariciando o dorso da mão de Emília.
— Eu preciso vê-la!— Emília se levantou chorando desesperada.
— Emília, não é seguro ir sozinha, posso oferecer meus seguranças para acompanhá-la.— Augusto sugeriu.
Emília parou diante dele, limpou as lágrimas com o dorso da sua mão, e fitando seus olhos, alcançou a mão dele, e segurou.
— Sr. Augusto, só Deus sabe a gratidão que mora no meu coração. Estará em minha preces todos os dias. Mas não seria justo eu me aproveitar do senhor. Como pode ver, eu não tenho nada, tudo que me resta é uma dívida impagável, e a sentença de viver à mercê daqueles agiotas. O senhor já fez muito, terei uma dívida eterna.— Emília argumentou com um sorriso grato.
Augusto levantou.
— Emília, não me deve nada, se te ajudei, foi por uma gentileza. Não vou deixar que saia sozinha desse hotel, e volte para a casa da sua tia. Não é seguro. Não me perdoaria, se soubesse mais tarde, que algo ruim lhe aconteceu. Me diga, menina, quanto deve? E como pretende pagar? Eles deram um prazo de 24 horas.— Augusto a encarou preocupado.
Emília suspirou e meneou a cabeça em negação.
— Eu posso te ajudar! Me fala, menina!— Augusto insistiu.
— Eu não posso fazer isso...— Emília falou cabisbaixa.
Augusto a olhou ternamente, tocou o queixo de Emília, e a forçou fitar seus olhos.
— Se não confia em mim, eu te digo quem sou. Ninguém sabe, exceto o gerente desse hotel, mas eu sou o dono desse hotel, e outros exatos 53 espalhados pela Europa. Sou Augusto Coimbra da Gama. Qual é a sua dívida? Posso fazer um empréstimo.— Augusto insistiu outra vez.
— Qual a vantagem, senhor? Deixo de dever para agiotas, e fico devendo para o senhor. E como vou pagar? Vou continuar sem poder juntar esse dinheiro. Não quero ser um prejuízo para o senhor, não merece isso.— Emília respondeu entristecida.
Augusto a encarava incrédulo. A garota estava decidida a recusar sua ajuda. E ele se perguntava porque insistia tanto. Porque estava se envolvendo com a história dessa garota? O que ele tinha á ver com a vida dela?
Com outra garota, nem chegaria a tanto, mas Emília carregava algo especial, que mesmo indo contra seus princípios de vida, não conseguia desistir dela. Sentia-se ofendido, será que ele não provou ser diferente dos agiotas?
Será que não passou em sua mente que poderia ser melhor dever á ele, do que aqueles agiotas perigosos?
Ele suspirou profundamente, ela não cederia, e já estava sem argumentos gentis. O jeito foi deixar seu lado frio e negociador falar mais alto.
— Há um ano, procuro uma barriga de aluguel, tenho um contrato milionário para a mulher que atender minhas exigências.— Augusto foi até sua pasta, e retirou alguns papéis, e entregou a Emília.— Pode ler com calma, e se achar que pode cumprir com os requisitos, fazemos os exames médicos necessários, e assim que tiver apta para receber um embrião, posso pagar meio milhão de euros, e a outra metade, quando seu contrato for devidamente cumprido.
Augusto observou Emília passar os olhos pelas folhas rapidamente, e em seguida encará-lo surpresa.
— Eu vou ler. Como faço para falar com o senhor?— ela perguntou.
— Vou estar aqui até quinta-feira de manhã, meu vôo saí às 14h.— ele respondeu.
— Certo.
— Um detalhe, srta. Emília, não diga á ninguém que sou o dono desse hotel. Prefiro manter minha identidade secreta.
Emília assentiu, colocou a mochila nas costas e abrindo a porta, saiu do quarto.
Augusto avisou seu motorista para levá-la onde quisesse ir, e sentou-se de frente ao seu notebook, em alguns minutos iniciaria um vídeo conferência. Tentou voltar sua concentração ao trabalho, mas algo o incomodava no peito. Não conseguia deixar de pensar se aquela menina estaria bem. Chegou a pedir para um dos seus seguranças ficar de vigia, mas disfarçado, para a garota não notar.
Porque estava fazendo tudo isso?
Augusto se perguntava o tempo inteiro.
Porque a segurança dela era importante para ele?
Quando foi que se importou com a vida alheia?
O que Emília tinha, que o atraiu demasiadamente?
Talvez fosse a maneira que ela o olhava, não lembrava quando alguém o olhou normalmente. Os gestos suaves e delicados? A beleza angelical? Ou talvez seu coração se compadeceu do sofrimento da menina?
Suas mãos subiram pelos cabelos, balançou a cabeça e tentou espantar Emília dos seus pensamentos, mas nada que fizesse a tirava da cabeça, e não era só porque tinha compaixão dela, antes de salva-la dos agiotas, ele já havia reparado nela, por isso pediu para trocar os lençóis na noite anterior, nem ligava para lençóis, mas queria ter a chance de apreciar a beleza daquela menina educada e simples, que exalava ternura em todo seu ser.
Durante a reunião, com 22 gerentes de seus hotéis, Augusto nem conseguiu prestar muita atenção, a garota conseguiu mexer com sua estrutura sólida e inabalável, que há vinte anos construiu e fortificou todos os dias.
O que mais o atormentava, era a dúvida cruel, estaria ela disposta a abdicar da sua vida pessoal por quase três anos? Seu contrato era generoso, mas um tanto exigente, por isso não havia conseguido uma mulher que o cumprisse à risca. Mas ainda assim, não abriria mão das exigências, não era um casamento, ou uma mãe solteira, ia pagar por aquilo, tinha direito de exigir.
Com tristeza no olhar, Augusto se sentiu péssimo por lembrar que teria que pagar para ter um filho. Isso era um tanto frio, com cara de negócio. Não queria pensar assim, mas onde encontraria uma mulher, que o aceitasse além de sua aparência, além do que seu dinheiro podia oferecer, e assim formar uma família de verdade?
Para Augusto, isso não passava de um romance de filmes. Inatingível! E a vida já havia provado isso para si.
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Atualizado até capítulo 91
Comments
Ana Shirly Amorim Lima
minha querida autora do meu coração eu sei que o seu livro já está todo escrito mas eu gostaria muito que o Augusto e ela chegasse a um bom consenso e se amassem de verdade sem ter outros meios e sim eles pudesse fazer amor e gerar a criança sem precisar de outros meios estão amando a sua história
2025-03-18
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Tânia Principe Dos Santos
Achei Augusto um pouco velho mas entendo suas acções. Não sei bem o que o contrato exige mas desejo que tudo corra bem.
Emília merece alguém que a respeite principalmente pois carrega muitas dores. espero k se livre da merda dos agiotas e que a tia Rita fique bem
2025-02-26
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Ireki Gaiwyko kaiabi
Eu não tenho paciência em ler a narração das autoras dos livros que leio, mas esse livro está sendo diferente de todos que já li. Muito bom, lendo cada palavra escrita. Parabéns pra você autora./Ok/
2025-03-19
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