Capítulo 2 Emília

Ouvir a voz daquele homem desconhecido foi tão aterrorizante, que as pernas de Emília fraquejou. Ela engoliu em seco, e tentou inspirar fundo, para preencher seus pulmões de oxigênio, e ver se sua respiração desacelerava.

— Vou direto ao ponto: me deve 373 mil reais.— Matias falou brandamente.

Emília piscou os olhos incrédula. Estava claro que se tratava de dívidas de seu pai, mas não imaginava estar tão grande.

— Eu não te devo nada.— Emília arriscou responder, e sua voz saiu um tanto fraca.

— Você é filha de Paulo Freitas Borges, herdeira de tudo que seu pai tinha. Uma pena que sejam apenas dívidas.— Matias afirmou sério.

— Eu não tenho esse dinheiro! Sabe disso!— Emília protestou.

— Isso não me interessa, lindinha! Quero meu dinheiro, $50 de juros ao dia. Tem exatos 30 dias para me pagar.— Matias respondeu.

Um gesto com a mão, o agiota deu sinal para retirarem a toalha que envolvia o corpo de Emília. De forma brusca, e com olhos de lobos famintos, os dois capangas tiraram a toalha de Emília, expondo o corpo de pele alva e curvas perfeitas. Num gesto automático, ela tentava cobrir o seios e a intimidade, mas as mãos estúpidas dos trogloditas, segurou as suas, deixando Matias a olhar minuciosamente.

— Corpo belíssimo! Quantos anos tem?— Matias perguntou, ainda sentado, claramente fascinado com a visão.

Com as lágrimas rolando em seu rosto, se sentindo violada, Emília se mantinha olhando para o chão.

— 26...— ela respondeu fraco.

— Um pouco velha... uma pena que não deve ser virgem. Mas ainda assim, me renderia o dobro da sua dívida, no lugar certo.

Com o coração partido, totalmente exposta, Emília não sabia se contava a verdade sobre sua virgindade, ou se mantinha calada. Sem forças, optou pelo silêncio, que atrocidades aquele crápula poderia fazer com ela se contasse a verdade?

Um outro sinal de Matias, foi a sentença de Emília. Tendo a permissão do chefe, os dois capangas começaram a passar as mãos no corpo de Emília, com sorrisos perversos e olhos de um animal selvagem.

Entendendo a situação, foi agora que Emília começou a usar a força que tinha e lutar contra aquela situação.

Gritou.

Mas mãos grossas e fortes abafaram seus gritos.

Se debateu.

Chutou.

Mordeu.

Mas tudo foi em vão, e essas atitudes pareciam encher os olhos de Matias de prazer. Sem forças, Emília cedeu, e como uma boneca, sem vida, soltou seu corpo deixando que aqueles homens a violentassem incessantemente.

O desespero estava ali, o coração de Emília se despedaçava em mil pedaços, a cada investida do inimigo, que tirava dela toda sua honra, tudo que havia restado da sua vida, as lágrimas eram maiores, as esperanças que ainda tentava manter acesas dentro de si, foram se apagando, uma a uma...

Dores dilacerantes em seu interior, sentia que estava sendo rasgada por dentro. Fraca, sua cabeça pendeu para o lado, e a última coisa que viu, foi aqueles olhos insensíveis e animalescos, apreciando ver tudo que lhe acontecia.

— Precisava pagar meus funcionários.— Matias ironizou.

— Obrigado, chefe! A garota é a pütä de uma gostosa apertada!

Sentindo o corpo invadido por inúmeras vezes, ela desmaiou...

💔

Emília se viu num imenso abismo, caindo sem parar. Ao fundo começou a ouvir uma voz feminina lhe chamar, sentiu que estava sendo puxada pelos braços, e alguém a chamava. Estava desesperada, mas aquela voz parecia ser a solução, a luz no fundo do túnel.

— Emília, querida! Emília! Acorde!

Ela abriu os olhos devagar, e aos poucos foi visualizando um rosto familiar. A senhora de cabelos presos num coque, olhos preocupados e cheio de compaixão, foi criando uma imagem nítida, e logo Emília reconheceu.

— Tia Rita?— ela balbuciou.

— Oh, querida! O que aconteceu, meu amor?— Rita perguntou acariciando o rosto da sobrinha.

Rita obteve como resposta, o olhar entristecido de Emília, que logo se desmanchou em lágrimas. Compadecida da sobrinha, Rita a abraçou afetuosamente, a falta de roupas, o sangue no chão, proveniente de sua intimidade, o corpo coberto de hematomas, denunciava o ocorrido.

— Quem fez isso com você, minha filha?— Rita perguntou.

Emília não sabia falar, só soluçava, chorando copiosamente.

— Não importa... o estrago já foi feito...— Emília respondeu entre os soluços.

Rita pegou a toalha e embrulhou a sobrinha.

— Vamos ao hospital, e fazer um boletim de ocorrência. Não pode aceitar essa situação, tem seus direitos. Sabe quem fez isso, querida?— Rita falou indignada.

— Agiotas, tia! Meu pai deixou uma dívida de quase 400 mil reais!— Emília resmungou tentando se levantar.

Com dificuldade, ela se pôs de pé, tudo nela doía, cada parte de seu corpo. Embora não fosse fácil essa dor, não era maior do que a do seu coração, que estava em frangalhos.

A tia chamou o SAMU e a polícia, que logo chegaram. Emília teve o atendimento necessário. Fez o BO, foi encaminhada ao instituto médico legal para perícia, e depois recebeu um coquetel de remédios, contra doenças sexualmente transmissíveis e possível gravidez. Passou pela psicóloga e recebeu alta no outro dia.

Emília voltou para casa, e mesmo com sua tia ao seu lado, estava apreensiva daqueles homens voltar, e o tempo todo olhava em direção a porta.

Em um momento da tarde, Rita tentou conversar com Emília.

— Lia, querida, eu vim para o velório do seu pai, mas acabou que não encontrei vôo que chegasse a tempo. Eu tenho que voltar para Portugal, só peguei cinco dias de folga. Vêm comigo, Emília. Você não tem nada aqui. Posso te indicar ao meu chefe e arrumar um serviço de camareira no hotel que trabalho. É mais fácil você conseguir dinheiro lá, do que aqui. Eu posso ajudar, tenho uma reserva no banco, podemos fazer hora extra no hotel, um empréstimo no banco, e dar um jeito de pagar essa dívida. Além do mais, ninguém vai nos achar em Portugal, vamos sair em segredo.

Emília olhava a tia atentamente, uma solteirona que se mudou para Portugal, em busca de aventura e por lá ficou.

O que tinha a perder?

Nada mais!

E para ela, sinceramente, queria sumir daquele lugar!

Fugir com tia, era a melhor opção!

— Eu vou, tia! Mas eu lutarei para juntar dinheiro e pagar esses mercenários frios! A senhora não tem nada a ver com isso... seria muito injusto fazê-la usar seu dinheiro...

— Somos família, querida. Jamais deixaria você jogada ao léu! Eu vou te ajudar, meu anjo.

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Comments

Tânia Principe Dos Santos

Tânia Principe Dos Santos

quanto sofrimento Emília carrega😭😭😭

2025-02-26

0

Raýelle Ferreira

Raýelle Ferreira

Bando De Filho Do Coisa Ruim

2025-03-15

0

Vera Lúcia Vieira

Vera Lúcia Vieira

que horror quantas quanta falta de respeito ela tinha acabado de enterrar o pai nossa quantas maldade por dinheiro e por que não cobrou ele em vida aff não gosto de pessoas mesquinha que não vê o lado do outro

2025-01-17

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