No dia seguinte, após uma noite recuperando as forças dos acontecimentos, mesmo estando com atestado médico, Emília foi trabalhar, no horário de costume. Queria encontrar com Augusto, antes de reencontrar os agiotas e ficar sem opções. Suas colegas não sabiam do ocorrido, apenas a encarregada, que gentilmente foi discreta e quis que ela retornasse para casa. Mas Emília recusou e trabalhou normalmente. Seu primeiro serviço foi recolher os lençóis e toalhas para lavar, quando chegou no andar de Augusto, ficou apreensiva, provavelmente ele não estaria presente, o número do seu apartamento estava na lista, e geralmente é quando o quarto está vazio, que trocam os lençóis, toalhas e limpam o local.
Como esperado, o quarto estava vazio, fez seu trabalho com toda dedicação, e quando terminou, pensou em como conversar com Augusto, sem parecer suspeito.
Emília foi até a escrivaninha do quarto, destacou uma folhinha do bloco de notas, e escreveu.
"Sr. Augusto,
Preciso conversar.
Att. Emília"
Saiu do quarto, e quando fechava a porta, um murmurinho no corredor, chamou sua atenção. Augusto vinha com sua comitiva, e de longe ele a observava.
— Senhorita Emília? Não deveria estar em repouso?— Augusto indagou preocupado, assim que se aproximou.
— Acho melhor assim... Distraio a mente e não fico me lamentando.— Emília respondeu.
Augusto a olhou admirado.
— Está tudo bem? Conseguiu dormir?
Emília assentiu.
— Viu sua tia? Como ela está?
— Eu vi... está na mesma... só aguardando sua recuperação.— Emília respondeu encolhendo os ombros.
— Eu sinto muito, Emília. Vou torcer para o melhor.— Augusto falou gentilmente.
Emília assentiu, e soltou um sorriso grato, porém ainda era triste.
— Deixei um recado, mas a hora que tiver um tempinho, eu quero conversar com o senhor.— Emília falou, sem conter a ansiedade.
Como se esperasse o anúncio de Emília, Augusto sorriu aliviado.
— Estou com tempo agora, entre.— ele falou abrindo a porta e pedindo para os homens que o acompanhavam ir almoçar.
Emília entrou apreensiva, mas nem por um momento hesitou na idéia que tinha. Ela passava a mão no uniforme incessantemente, até que ele ofereceu uma cadeira para ela sentar.
— Espero que o assunto seja sobre o contrato que ofereci.— Augusto comentou sentando na cadeira, de frente para Emília.
Ela assentiu.
— Eu li tudo, e posso aceitar suas exigências. Mas eu tenho três exigências para fazer.— Emília falou de uma vez.
Augusto a olhou admirado e surpreso.
— Diga, menina!
— Primeiro: Gostaria que fosse um óvulo meu, aceite como uma contribuição gratuita que posso oferecer.
— Sabe que se fizer isso, será como uma doação, não vai ter diretos sobre a criança.— Augusto advertiu.— Não vejo problemas em aceitar isso, continue.
— Eu sei dos termos, senhor. O segundo, seria após o término do contrato, o senhor deixar eu ver a criança, pelo menos uma vez ao ano. Não para ter contato físico ou conversa, mas de longe, apenas para acompanhar o crescimento dela.
— De longe, eu posso aceitar. Mas que fique claro, senhorita, qualquer tentativa de aproximação, sem a minha permissão, vai implicar por meios judiciais.
Emília assentiu cabisbaixa, sabia que seria assim, mas não deixava de ser doloroso.
— Qual é a terceira exigência?— Augusto perguntou curioso.
— Não quero seu dinheiro, apenas pague a dívida do meu pai, diretamente com o agiota. Devo 400 mil reais. Isso é tudo.— Emília concluiu.
Augusto ficou boquiaberto.
— Mas isso seria apenas 71 mil euros! Estou oferecendo muitas vezes mais, são 1 milhão de euros. Se voltar ao Brasil, pagaria sua dívida e ainda lhe sobraria 5 milhões de reais.— Augusto falou como um negociante.
— Eu não quero. Uma vida não tem preço, senhor. Se aceitei esse contrato, é porque a segunda opção é terrível. Agradeço por trazer a solução para meus problemas, mas quando tudo terminar, não quero viver desfrutando de um dinheiro que custou uma vida. Prefiro trabalhar, e adquirir as coisas com o meu próprio esforço.— Emília respondeu convicta.
— É uma mulher de virtudes, Emília. Agradeço sua disposição em doar uma parte dessa genética. Vou pedir para meu advogado fazer um novo contrato, incluindo suas exigências e a chamarei para assinar. Mas por minha palavra, já estou de acordo.— Augusto estendeu a mão.
Emília aceitou o cumprimento, e levantou. Saiu do quarto, continuou o seu trabalho, pensando no que viria a seguir, o que o futuro reservava.
No final da tarde, próximo de ir embora, Augusto a chamou, com o contrato redigido, e a presença do advogado. Ela leu tudo novamente e quando pegou a caneta para assinar, o advogado interrompeu.
— Lembrando, que se não tiver condições de ter um filho, ou por algum motivo não engravidar, ou perder o bebê por motivo de saúde, o contrato será cancelado e não vai receber o dinheiro.
Augusto olhou para o advogado com reprovação.
— Não importa, Emília. Se não engravidar, ou se perder o bebê, o dinheiro vai continuar contigo. Assim que assinar, me passe a forma que entra em contacto com os agiotas, e eu os pagarei. E mesmo que por força do destino, não possa carregar um filho, não exigirei que me devolva o dinheiro, tem minha palavra.— Augusto falou compreensivo.
Emília ia protestar, mas os olhos de Augusto a fitou sério, e, meneando a cabeça, ele calou Emília.
Ela assinou, Augusto assinou, o advogado assinou, e o destino foi traçado.
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Atualizado até capítulo 91
Comments
Ana Shirly Amorim Lima
minha querida autora do meu coração o que tenho para me falar é que estou amando a sua história sabe é uma história assim cativante que te prende para você querer é ir adiante da leitura você é muito sábia Deus lhe deu o dom da escrita e que você soube aproveitar que Deus lhe abençoe grandemente beijo no seu coração
2025-03-18
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Elizabeth Marques
nossa é uma história excelente tomara que acabe os sofrimento das duas é que venha o amor ❤️🌹
2025-03-18
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Tay
verdade deveria ser feito de forma natural, assim ele voltaria a vida feliz dele
2024-12-14
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