Emília saiu do hotel completamente atordoada. Não sabia o que pensar, o medo ainda corria em seu sangue, mesmo estando naquele carro luxuoso e brindado, o terror ainda permanecia em seu coração. Era certo que Augusto havia evitado um estrago maior, pois aqueles homens não haviam consumado o ato perverso, mas ainda assim havia sido violada novamente, e depois de tudo que passou, não tinha esperanças de que algo mudaria. Tudo que sentia, era dor e mais dor...
Sua tia, a única que podia ajudá-la, agora estava à beira da morte em um hospital, tudo por sua culpa.
O que restava para si?
Aceitar que não poderia pagar aquela dívida em 24 horas e se entregar ao seu destino, uma escrava sexual.
Ou...
Um suspiro profundo saiu de Emília. Ela olhou os papéis do contrato em sua mão e pensou á respeito.
Uma barriga de aluguel, daquele CEO misterioso?
Não conhecia Augusto o suficiente, mas podia afirmar que ter um filho por ele, parecia menos cruel do que ter sua vida na prostituição.
— Chegamos ao hospital, senhorita.— o motorista afirmou olhando pelo retrovisor.
— Obrigada, senhor.
Emília sorriu e desceu do carro. Olhou a fachada do hospital e suspirou entristecida. Se identificou, e logo estava na UTI, observando sua tia respirar com ajuda de aparelhos. O rosto estava tão inchado e cheio de hematomas, que nem a reconhecia. Sem poder segurar, Emília chorou amargamente.
Porque sua vida era tão dura?
"Oh, meu Deus! Até quando vou suportar?"
O corpo de Emília doía, mas o coração parecia estar sendo arrancado a sangue frio, e isso doía muito mais do que seu corpo desonrado...
Ela se sentia literalmente no fundo do poço, no maior abismo, sem luz, sem chance, só escuridão e dor!
Qual o sentido da sua vida?
Frustrada, Emília saiu do quarto, sentou na recepção do hospital e refletiu sobre sua vida.
Não tinha ninguém, para quê estava servindo no mundo, a não ser para sofrer e sofrer?
Reclinou na cadeira, fechou os olhos e a imagem da sua mãe veio à memória.
"O que faria, minha mãe?"
O versículo de Salmos 30:5, se repetiu na sua mente novamente, como se sua mãe a relembrasse disso constantemente.
"O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã".
Mas que noite comprida seria essa?
Parecia interminável!
Dores, atrás de dores!
Emília jogou a mochila no assento ao lado, indignada. Os papéis do contrato caíram no chão. Ela olhou as folhas esparramadas no chão.
Seria essa a solução dos seus problemas?
As opções eram claras: prostituta; barriga de aluguel.
Se inclinou e pegou as folhas do chão e começou a ler cada item, cláusula, exigências ...
"(…) a barriga solidária deve morar com o pai da criança, se alimentar e praticar exercícios conforme o profissional orientar(...) o parto vai ser de escolha dos profissionais e pai da criança(...) após o nascimento a barriga solidária deverá amamentar o bebê por dois anos(...) após o prazo, a barriga solidária não terá nenhum vínculo com a criança, e nunca deverá exigir direitos sobre tal(...)"
Ser "barriga solidária" era melhor do que ter uma vida condenada a ser uma escrava sexual, mas não poderia ser mãe, só por um curto período, era cruel demais para seu coração.
O que aquela criança pensaria dela?
Que a mãe foi uma interesseira?
Se de um lado chovia, do outro molhava...
Aceitar ser barriga de aluguel, envolvia uma vida inocente, estaria condenando uma criança a dores e dificuldades, nesse mundo cruel! Sem uma mãe presente... e sabia como os pais faziam falta na vida de uma pessoa, ainda mais uma criança.
Seus pensamentos se voltaram à Augusto, se ele procurava uma mulher que fosse incubadora de seu filho, se ela não aceitasse, certamente procuraria outra, ele não desistiria da ideia.
Precisava do dinheiro; não tinha ninguém para despedir, se não a sua tia desacordada no hospital. Poderia provar da alegria de ser mãe nesses três anos, e talvez deixar algo bom no mundo, uma vida, em meio a tantas perdas. Daria o melhor de si, mas ela também teria suas exigências.
Emília levantou da cadeira, colocou a mochila nas costas, decidida a fazer o fim da noite, estava na hora de amanhecer na sua vida. Conversou com o médico, sua tia estava com traumatismo craniano, e só o tempo diria se ela teria retorno do coma. Ela voltou ao quarto, segurou a mão da tia, beijou a testa inchada e quente.
— Me perdoe, tia. Eu vou dar um jeito de pagar a dívida e quando acordar, poderemos viver tranquilas e felizes, se aventurando pela Europa!
Emília saiu do hospital, foi para casa, e se surpreendeu por estar em perfeito estado, arrumada e limpa.
— Augusto...— falou para si mesma.
Ele estava a poupando do que podia. Quem mais faria isso?
Um homem riquíssimo, apesar da cicatriz no lado esquerdo, de uma beleza ímpar! Por que ele se importava tanto com ela?
Seria um anjo?
Emília sorriu e olhou para o céus.
"Obrigada, Deus! Aceito Sua maneira!"
Emília acreditou, que Augusto era um anjo enviado pelo céus. Quem mais seria tocado pela sua história? Ou pela sua vida?
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Atualizado até capítulo 91
Comments
Joceli Maria cavalcante
Querida autora Angélica vc escreve muito bem,essa história estar com um desenrolar muito bom,e eu estou cada vez mais gostando de ler cada capítulo.E falar versículo da Bíblia estar sendo algo lindo e gratificante,pois a história retrata sofrimento,mas pra DEUS nada é impossível e ele envia anjos para ajudar os que nele confia e o Augusto foi DEUS,quem colocou no caminho da sofrida Emília,não só para ajudar ela mais também para o ajudar a encontrar uma pessoa sincera e que saiba o amar e a Emília é a pessoa certa,para tornar a vida do Augusto mais colorida com a sua existência.😃🥰😉
2023-10-19
6
Tânia Principe Dos Santos
entendo Emília e espero realmente que tudo corra bem. Emília merece ser feliz
2025-02-26
0
morena
Estou gostando, não consigo parar de ler
2024-10-28
0