Augusto queria perguntar o que havia acontecido, mas teve pena da moça, então, apenas a levou para cama. Foi aí que notou que seu gerente estava desacordado no chão, e os dois homens haviam fugido. Ligou para recepção e solicitou os seguranças, polícia e ambulância.
— Polícia não, senhor... Por favor!— Emília finalmente falou.
— Porque? Foi claramente violentada, menina.— Augusto falou sem entender.
— Eles sabem onde eu moro, a essa altura podem estar na casa da minha tia, e sabe lá o que podem fazer com ela se souber que estou com a polícia...— Emília balbuciou preocupada.
— Me diga o seu endereço, e peço para policiais irem ver se sua tia está bem.— Augusto sugeriu.
— Não precisa... Eles sabem quem eu sou e fugi... Mas eles me encontraram... Estou perdida... Eles vão matar minha tia...— Emília chorava copiosamente.
Compadecido pela garota, envolveu seu braço em seu ombro e tentou tranquilizá-la.
Os seguranças chegaram, Augusto pediu para procurar a ficha da camareira e ir até a casa dela, ver se estava tudo bem. A encarregada quis cuidar da Emília, mas Augusto não queria largar aquela garota, então a levou para seu quarto até que ambulância chegasse. A deitou na cama, ela se encolheu, e olhou nos seus olhos ternamente. Augusto levou a mão no rosto, então se deu conta que estava sem a máscara, virou o rosto envergonhado. Então sentiu a mão da garota segurar a sua, e o puxar para sentar ao seu lado.
— Qual o seu nome?— ela perguntou com um sorriso fraco.
Sem querer encará-la, Augusto não sabia se respondia. Nunca dizia seu nome, não falava com estranhos, e agora estava ali, completamente vulnerável, diante dessa garota.
— Augusto.— ele respondeu frio.
— Lindo nome. Obrigada, Augusto. Nunca vou esquecer o que fez por mim.— Emília agradeceu.
Augusto arriscou olhar os olhos negros daquela moça, que o fitava, sem receio, nojo, ou qualquer repulsa. Pelo contrário, enxergou nela, olhos ternos e verdadeiramente gratos, por alguns segundos sentiu como se não houvesse aquela cicatriz horrível em seu rosto. Desceu os olhos para pequena mão, que segurava a sua com carinho, e um sentimento estranho, porém bom, tomou conta de seu ser. Mas não podia deixar isso ganhar força, então afastou sua mão da dela.
— A ambulância já está chegando.— ele falou sério.
Emília assentiu, e fechou os olhos.
No quarto de Augusto, os paramédicos prestaram todo atendimento, por sorte de Emília, Augusto impediu que houvesse penetração, quando bateu na porta do quarto. Mas ainda assim colheram material externo para análise. Sem danos físicos graves, não foi necessário ir ao hospital, então Augusto ia pedir para um dos seus segurança a levar para casa. Mas algo pior aconteceu, os seguranças que foram até o endereço que havia na ficha de Emília, encontraram uma mulher espancada, quase sem vida, e um recado escrito em sangue na parede.
"24 horas"
Prestaram socorro à mulher, mas Augusto não quis contar ainda. A garota mal havia se recuperado do susto, como falar algo ruim sobre sua tia?
— Fique aqui essa noite. Amanhã peço para meu seguranças á levar para sua casa.— Augusto falou assim que desligou o celular.
— Não posso, a minha tia vai ficar preocupada.— Emília respondeu se levantando.
— Ela foi avisada. Descanse, amanhã você fala com ela.— Augusto falou gentilmente.
Augusto podia ver o quanto aquela moça estava resistindo. Mas os olhos semiabertos, o corpo cambaleante, denunciava o efeito dos remédios e o cansaço do pequeno corpo frágil e violentado.
Cuidadosamente, Augusto a pegou pela mão e ajudou a deita-la na cama.
— Não vai resolver nada cansada, Emília. Descanse.— Augusto afirmou a cobrindo com o lençol.
Sem forças para protestar, ela assentiu e sorriu fraco. Bastou ela fechar os olhos para adormecer.
Augusto olhou aquela menina em sua cama, tinha algo diferente nela. E não era só a beleza estonteante, mas algo em seu interior que lhe atraía. Passou a noite inteira, velando o sono daquela menina, e de alguma forma, queria ajudá-la. Tudo que a garota falou, é que devia á agiotas, mas ela não parecia o tipo que faria dívidas sem uma necessidade grande. Em altas horas da madrugada, lembrou da sua procura por uma barriga de aluguel, o que estava sendo difícil, dado as exigências que pedia, mas agora, Emília parecia a garota perfeita para tal. Poderia ajudá-la, sem que ela se sentisse que ficaria devendo. Tudo que tinha que fazer, era esperar ela acordar e oferecer a proposta. Não deveria, mas a ideia o deixou cheio de esperança. Reclinou a cabeça no sofá, e acabou adormecendo.
Acordou pela manhã, com um sorriso no rosto, sonhando com um bebê em seus braços. Augusto piscou os olhos, levantou ligeiro e espantou os doces sonhos. Observou Emília, que dormia tranquilamente, então, foi até o banheiro.
Quando saiu, pediu para levarem uma mesa farta de café da manhã, e trabalhando em seu notebook, aguardou a garota acordar. A chefe das camareiras, havia deixado as coisas dela no quarto, como havia pedido, e mais tarde, Emília acordou assustada.
— Bom dia, Emília! Se sente bem?— Augusto perguntou se aproximando.
— Sim, obrigada.— ela se sentou na cama.
— Pedi para trazerem suas coisas.— ele falou apontando para uma mochila.
Emília se levantou, parecia tonta, mas firmou os pés no chão e pegou sua mochila, e já ia sair.
— Desculpa incomodar... Sr. Augusto, obrigada por tudo, agradeço de coração. Que Deus te recompense por sua bondade.— Emília agradeceu com olhos marejados.
— Calma, menina! Pode tomar um banho, e eu pedi o café da manhã. Se alimente, depois te levo para casa.— Augusto tomou a frente dela.
— Senhor, agradeço a gentileza, mas não vou atormentá-lo com minha vida complicada.— Emília o encarou.
Ela parecia decidida. Mas queria oferecer a proposta, e também tinha que contar o triste ocorrido com sua tia.
— Que tipo de homem eu seria, se deixar que uma moça saia sem um banho e alimentação, após o ocorrido ontem? Por favor, senhorita, aceite o meu convite.— Augusto apelou para honra.
Ela suspirou, e sem argumentos para protestar, aceitou o banho e se juntou com ele, para o café da manhã.
— Posso conversar com você?— Augusto perguntou após se alimentarem.
— É claro.
Augusto inspirou profundamente, e limpando a garganta, se preparou para dar a dura notícia.
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Atualizado até capítulo 91
Comments
Solange Maria Martins
como essea criminosos achou elas depois destrui a vida dela
2025-03-16
0
Tânia Principe Dos Santos
Emília não tem paz. é só sofrimento 😔
2025-02-26
0
Isabel Santos
Sofrimento dessa moça 😔
2024-11-12
0