CAPÍTULO 5

As duas jovens garotas caminhavam lado a lado e nos olhos do Conde e de seu filho, parecia estar tudo bem.

Sorrisos eram mostrados uma à outra, apesar de não falarem uma única palavra. Era um lindo jardim com diversas flores, umas mais lindas do que outras, mas as que chamaram a atenção de Astin foram as lindas azaleias que se destacavam das restantes.

Assim que as duas saíram do raio de alcance dos olhos dos dois, a farsa acabou e os sorrisos foram substituídos pela seriedade.

— O que você veio fazer aqui?

— Prazer em vê-la também, minha querida amiga. — Respondeu Cleavens. — Por um leve momento em seu olhar, eu pensei que tinha se esquecido do que fez comigo.

— Como eu poderia esquecer? — Astin não fazia a menor ideia do que ela falava, mas não podia deixar ela perceber. — Por isso perguntei. O que está fazendo aqui?

— Você estragou meus planos. Agora vou estragar os seus.

— Do que está falando?

— Não se finja de sonsa, Astin. Eu sei o que você pretende. Você sempre quis dinheiro e poder.

— Não me confunda com você.

— Astin, você não me conhece. Não sabe do que sou capaz.

— Aí que você se engana. Eu conheço você, Cleavens, muito mais do que imagina. Aliás, estou curiosa. Como sabia que eu estaria aqui? Não foi coincidência você aparecer.

— Astin, minha querida. Um passarinho me contou. Eu adoro pássaros, adoro a natureza.

— Isso não importa. O motivo de eu querer ficar a sós com você era apenas para saber os reais motivos de ter vindo.

— Eu só vim até aqui para te avisar que estou de olho em você. E para dar um recado.

— E qual seria?

— Fique longe do filho do Conde.

— E se eu me negar? Vai fazer o que? Contar para o Conde de Wisdow. — Astin sorria despreocupada.

— Tenho outros meios.

— Está me ameaçando?

— Sim.

A conversa entre as duas foi interrompida por Lys, uma das empregadas da mansão dos Wisdow que apareceu subitamente, calando as duas mulheres.

— O almoço vai ser servido. O Conde de Wisdow solicita a presença de ambas, agora.

Cientes que não poderiam continuar a discussão na frente da empregada, as duas mulheres trocaram olhares ameaçadores. Cleavens tomou a frente e com passos apressados tomou distância sendo seguida de longe por Astin e a empregada.

Quando Astin chegou na sala mostrada pela empregada, viu que Cleavens já estava sentada ao lado de Ewan, o que causou uma pequena pontada no coração. Do outro Lado estava sentado o Conde, que já tinha seu prato cheio de comida, e ao lado dele uma cadeira vaga, que ela deduziu que seria seu lugar.

Seus olhos então passearam pela mesa grande e comprida cheia de comida. No centro dela havia uma enorme bandeja com um enorme porco assado e em sua boca havia uma maçã. Definitivamente parecia ser muito suculento.

Ao redor do que parecia ser o prato principal, várias outras bandejas menores eram os adereços que enfeitavam o maravilhoso almoço. Purê de batatas, ervilhas e milho davam um colorido bonito, além de diversos outros tipos de carnes e algumas garrafas de vinho com taças cheias de água ao lado de outras vazias.

Era um verdadeiro banquete para apenas quatro pessoas. Quando Murdoc percebeu a chegada da futura esposa a chamou para sentar.

— Senhorita Boulevard, venha! Junte-se a nós. A comida está deliciosa.

O Conde mordia um pedaço de carne e em sua boca escorria gordura, o que fez Astin sentir um pouco de nojo e a cogitar não sentar ao lado dele na mesa, no entanto ela não podia declinar ao convite, já que seria a futura Condessa de Wisdow, seria indecoroso qualquer reação negativa, sem contar que Cleavens não perdoaria nenhum deslize.

Tentando manter o foco no almoço sem olhar muito para seu futuro marido, Astin sentou-se no seu lugar e rapidamente uma das empregadas veio lhe servir.

— Experimente esse leitão assado, está divino. — Falou o Conde com a boca cheia, enquanto tomava um pouco do vinho. — Drianne, sirva ela.

A empregada começou a pegar um pouco de tudo fazendo Astin interrompê-la.

— Está bom. Eu não estou com muita fome.

— Você está muito magra. Precisa comer mais, por isso desmaiou mais cedo. Quando estivermos casados, pessoalmente cuidarei de sua alimentação.

— A senhorita desmaiou? — Perguntou Cleavens, arqueando a sobrancelha.

— Sim. Mas agora estou bem.

— Eu concordo com o Conde. Você está tão magra. Pensando bem, está até um pouco pálida e com olheiras. Não acha? — Sua pergunta fez Murdoc olhar para o rosto de Astin fazendo uma careta e balançando a cabeça de forma negativa.

— Gostaram do jardim? — Perguntou Ewan para Cleavens, mudando o assunto. — Tem diversas flores exóticas de diversos cantos do reino.

— Sim. Eu achei maravilhoso.

— E vocês duas conversaram bastante sobre os assuntos de mulheres? — Indagou Murdoc enquanto mordia um pedaço de pão.

— Sim. A senhorita Boulevard é uma mulher encantadora.

— Tenho certeza que ela pensou o mesmo de você, não é?

— Claro. A senhorita Le Louvre é tão encantadora quanto este vestido que ela está usando. Aliás, ele combina até com o sousplat. — Astin sorria olhando para uma espécie de prato de apoio em tom pastel que estava debaixo dos pratos.

— Esse tecido usado no meu vestido é tão caro que daria para comprar pelo menos 5 vestidos iguais ao seu, mas não falei isso para constranger você. Sei que seu tio não tem facilitado muito na questão financeira… Temos que nos virar com o que temos, não é?

Cleavens sorria enquanto cortava delicadamente um pedaço de carne com o talher em sua mão, colocando em seguida na boca. Atacar Astin era muito mais saboroso que a própria comida.

— Seu tio está com problemas financeiros? — O Conde tinha seus olhos arregalados, mostrando total surpresa pelo o que tinha acabado de ouvir.

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