As chamas estava tão altas, que eu estava sentindo calor, mesmo em uma noite fria como aquela e com uma distância considerável do fogo. Busca ao redor algo que eu pudesse fazer para ajudar ele.
— Rafaela, é perigoso. Deveríamos sair daqui, vamos acabar feridos. Vamos no centro e buscar ajuda. A casa é mais afastada, está tarde, ninguém deve nem saber o que está acontecendo. — Enquanto Matheus falava encontrei uma mangueira, estava por sorte ligada na torneira externa da casa. — Você não acha que vai conseguir apagar todos esse fogo apenas com uma mangueira desse tamanho.
— O importante muitas vezes não é o tamanho, mas a habilidade de manuseio e saber valorizar seus aspectos positivos. — Falei antes de me molhar inteira com a água.
— Eu entendo que esteja quente, mas talvez seja mais seguro apenas nos afastarmos daqui, não acha? Vou pedir para que meu motorista avise as outras pessoas. — Matheus parecia nervoso.
— O tempo que vão demorar para chegar aqui, Magnus com toda certeza já estará morto. Não temos tem para isso. — Falei antes de prender meu cabelo em um coque e rasgar uma parte do meu vestido.
— O que você planeja fazer? Não me diga que você está pensando em entrar ali, né? Eu não vou permitir que faça isso. Entendo que você queria salvar ele, que não queria essa culpa, mas claramente você não pode fazer nada agora. Se você...— Matheus parecia realmente preocupado, mas eu só conseguia pensar em uma pessoa presa nesse fogo em uma cadeira de rodas.
— Eu não vou permitir que ele morra. Se for morrer, será pelas minhas próprias mão, de tanta raiva que vai me fazer ainda. — Eu gritei antes de colocar o pano que havia rasgado no nariz e correr para dentro do fogo.
— RAFAELA, NÃO! VOLTE AQUI. POR FAVOR! — Matheus gritou, mas eu estava bastante focada na missão resgate.
Havia labaredas de fogo por todo lugar. Não tinha me dado conta que toda casa era de madeira até perceber ela pegando fogo. Estava bem mais quente do que eu imaginei. Mesmo com vestido molhado e o pano no rosto, eu ainda estava com dificuldade de locomoção. Minha respiração já estava sendo afetada em poucos minutos andando pela casa.
Encontrei uma porta aberta. Não podia entender bem o que era aquele lugar, mas parecia ter um berço e alguns brinquedos infantis. Dei mais alguns passos entrando, Magnus estava jogado no chão, abraçado com um porta-retrato. Parecia ainda está consciente, felizmente.
— Vou para o inferno? Se pensar bem, eu mereço. Por isso a morte veio me buscar como ela? Meu último grande arrependimento... Depois do que fiz com ela, realmente mereço ir para o inferno. — Magnus falava baixinho, com dificuldade, abraçado com o porta-retrato.
— Vou te contar uma coisa. Essa será a terceira vez que vou salvar sua vida. Se não se importa com essa merda de vida, tudo bem, mas quem salvou ela fui eu, três vezes. Então ela não é mais sua. Tá ouvindo? Se um dia você for morrer, terá que ser pelas minhas mãos. — Gritei. Estava assustada. O fogo havia aumentado, não tinha como sair por onde eu vim.
— A morte é tão abusada como a real. — Magnus gargalhou. Deve ter inalado fumaça demais.
Olhei ao redor, encontrei um cavalo de madeira. Era bem mais pesado do que tinha pensado. Melhor assim. Comecei a bater com ele na janela. Que foi se abrindo aos poucos. O fato do fogo ter queimado uma parte dela, facilitou.
— Vamos. Hoje não é o seu dia de conhecer o inferno. — Respondi colocando ele na cadeira de rodas que estava ao seu lado. Empurrei com toda força que eu tinha, fazendo o bater na parede e voar para fora da casa pela janela que eu havia quebrado.
O fogo aumentou. Cobrindo a janela. Parecia até castigo. Salvava alguém que estava preparado para morrer e de brinde, perdia minha vida. Que fantástico. Isso parece combinar mesmo com minha história dramática de vida. Quando já estava me sentando, tonta com a fumaça, ouvi alguém chamando meu nome.
— Rafaela, segue minha voz. O extintor é pequeno. Sou vou conseguir diminuir o fogo por alguns segundos. Assim que eu disser já, você precisa aproveita para pular essa janela. Está me ouvindo? — Matheus gritou. — Por favor, preciso que você sobreviva. Seria como perder minhas irmãs duas vezes da mesma forma.
— Estou ouvindo. — Era difícil falar. Me mover também.
— Graças a Deus... Vamos lá. 3...2... 1 — Matheus gritou.
Foi tudo tão rápido, vi algo branco surgindo, o fogo diminuiu por questões de segundo, pulei e cai nos braços de Matheus. Que me abraçou com força.
— Graças a Deus você está bem. Quer dizer? Você está bem? — Matheus me perguntou.
— Acho...que... não. — Meus sentidos estavam se esvaindo. Devo ter inalado mais fumaça do que era considerado saudável.
Sonhei com uma linda mulher brincando com uma pequena criança. Pareciam felizes. Tinha impressão que já havia visto aquelas duas pessoas antes, mas não lembro direito.
— Acordou, bela adormecida. — Anderson me olhava com um sorriso debochado.
— Não, tenho certeza que é um pesadelo. — Respondi me remexendo inquieta na cama. — O que você quer?
— Eu? Vim visitar meu humor que se feriu gravemente no incêndio e agora está na UTI, ainda está bastante instável. Uma pena, né? Aproveite para passar e ver como estava. Matheus disse que você foi a grande salvadora da noite. A heroína. — Anderson se aproximou segurando meu queixo — Entretanto, espero que você faça apenas o trabalho que foi destinado a você. Nada mais que isso. Preciso lembrar do contrato? Acho que não, né? Não faça nada do tipo novamente. Tenho certeza que não vai querer me ver irritado.
Anderson estava apertando forte meu queixo, estava realmente doendo. Não consegui responder ou gritar. Eu dava em pânico. A porta se abriu. Na mesma hora ele se afastou de mim.
— Anderson, o que faz aqui? — Matheus perguntou entrando no quarto com um buquê de rosas imensas.
— Apenas vim agradecer a salvadora do meu irmão. Quem diria que alguém tão pequeno poderia salvar um homem daquele também. Não podia deixar de agradecer. Aliás, não sabia que vocês dois se conheciam. Ela é a sua nova namorada? Soube por aí que está havendo uma enorme disputa para quem se tornará sua esposa. — Anderson sorria, mas parecia absurdamente falso.
— Gosto de manter o mistério sobre meus assuntos pessoais. Espero que compreenda minha posição. — Matheus respondeu de forma áspera. — Talvez seja melhor você visitar seu irmão e ficar longe de Rafaela. É só um conselho, Anderson.
— Isso é uma ameaça? — Anderson se aproximou.
— Não, como disse, foi um conselho. Se você não fosse o irmão de Magnus, com toda certeza, estaríamos tendo outro tipo de conversa. Por favor, se retire. — Matheus tinha um ar totalmente diferente daquele da noite passada.
— Cuidado. Pode acabar se arrependendo de se levantar contra mim. — Anderson disse já da porta.
— Você não entendeu, não estou me levantando contra você. Sabe muito bem que sempre estive em cima. Nesse momento, estou olhando para baixo e espero não ter que olhar uma segunda vez. — Matheus parecia alguém bastante perigoso vendo agora. A porta se fechou com muita força. Algo me diz que quem irá sofrer as consequências disso tudo serei eu. — Desculpa a cena, Anderson pode ser inconveniente. Como se sente?
— Como uma carne mal passada — Respondi fazendo careta.
— Seria ruim se fosse bem passada. Seria problemático. Rafaela, posso te fazer uma pergunta? Saiba que pode se negar a responder se for desconfortável. — Matheus me olhava sério.
— Acho que posso. — Concordei.
— O que é o tal contrato que Anderson estava falando e porque você tem marca de dedos em seus rosto? — Matheus perguntou. Não imaginava nunca que a pergunta séria essa. O que devo fazer?
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Atualizado até capítulo 108
Comments
Erlete Rodrigues
conta a verdade Rafaela
2024-09-16
1
Nil
Rafaela conta para ele, sinto que ele pode te ajudar. E também se não puder já tá na lama, lambuzar mais um pouco não dá nada.
2024-06-02
4
Maria Das Dores
fala pra Ele Renata
2024-03-20
6