Se pensar bem, não é algo ruim. É só uma forma de pagar. Também será apenas fingir ser namorada de alguém. Não deve ser tão difícil, mas me pergunto o motivo dele não querer casar novamente. Será que ainda ama muito a esposa.
— Se pensar mais, sua cabeça vai explodir. Acho que estou vendo fumaça saindo dela. — Magnus brincou. Ele tem uma língua afiada.
— Você não gosta da sua noiva? Talvez sua mãe esteja preocupada com sua felicidade. — Um filho preso em uma cadeira de rodas, morando longe dela e que raramente faz contato, deve angustiar o coração de uma mãe.
— Não é da sua conta. De qualquer forma, você só precisa saber que eu não quero casar, independência do que pensem, eu ainda posso tomar minhas próprias decisões. E eu não quero casar. Você vai querer ou não ser minha namorada falsa? — Magnus disse irritado. Ele estava certo, ao mesmo tempo que não. Pode ser que possa tomar decisões, mas as últimas que eu vi não foram nada boas.
— Não vou falar nada sobre o assunto, mas apenas acho que você não toma boas decisões, talvez seja por isso que sua mãe quer se intrometer. E sim, eu aceito. Não tenho muita opção. Só tem um probleminha. Eu meio que ganhei uma sacola de roupa, mas todas básicas quando vim para cá. Parecem mais fardas. De qualquer forma, preciso conseguir uma roupa. Se for na capital, posso pedir emprestado a alguma amiga. Você disse que é uma festa de noivado, certo? — Não podia ir com uma calça de tecido e uma camisa de algodão.
— Não precisa. Compramos no caminho. Apenas se troque. — Magnus orientou.
— Quer que eu peça o carro? — perguntei. O motorista da última vez tinha me dito onde estava seu telefone, em caso de emergência.
— Não precisa. Posso dirigir. Só vai logo. — Magnus era um idiota.
— Não sei se você sabe, mas para dirigir você precisa usar os pés para acelerar e diminuir a velocidade. Como acha que pode dirigir, dono do mundo? — Questionei irritada pela forma esnobe e irritante que ele sempre falava.
— Você é muito tapada mesmo. Posso não mover as pernas, mas tenho dinheiro. E isso resolve muita coisa. Como por exemplo, posso dirigir por tem um carro adaptado para mim. Não sou o dono do mundo, ainda. Quem sabe um dia. — Magnus disse antes de sair da cozinha. Resumo: Eu fui uma idiota preconceituosa agora. Mereci essa.
Bom, me troquei, quando voltei Magnus já estava pronto. Pensando bem, toda a casa é basicamente adaptada para ele. Tudo é feito sob medida, bem mais baixo que o normal. O banheiro tem diversos apoios e estruturas para facilitar. Não sei qual minha função aqui, talvez fazer companhia? Basicamente, Magnus é independente. Talvez quisessem apenas ter alguém caso houvesse uma emergência. Não. Não é isso. Minha função aqui não é de cuidadora. Estou para vigiar ele. Não sei quem era aquele homem que fez o contrato comigo e sua ligação com Magnus, mas não parecia ser coisa boa.
— Já te disse que se você pensar demais sua cabeça explode, né? Vai encher o carro de fumaça. Não quero morrer. — Magnus disse quando já estávamos na estrada. O carro dele era uma 4x4, todo cheio de parafernalha que o ajudava.
Antes de sair, tive que enviar uma mensagem para o número misterioso, explicando o motivo da minha saída. Aparentemente, pareço uma refém, espiã, tudo... menos uma cuidadora. O Magnus parou em frente a uma loja de roupas mega famosa.
— Aqui. — Magnus disse entregando o cartão — Escolha o que gostar mais. Não demore muito. Estamos atrasados.
— Sim, mestre. — Brinquei.
— Gostei do mestre. Deve me chamar assim a partir de hoje. — Magnus falou rindo. O sorriso dele era belo.
— Eu passo. Já volto. — Respondi saindo logo do carro. Aquele sorriso com toda certeza era perigoso. Imagina, sei eu me apaixono pela fera. É masoquismo. Melhor evitar o sorriso dele.
Assim que entrei na loja, todas as funcionárias olharam para mim. Claramente estavam pensando que eu não teria dinheiro para comprar nada aqui. Bem, não estavam totalmente erradas, entretanto, eu tenho um cartão de crédito de um rico abusado e não tenho receio de gastar.
— Licença, pode me trazer o vestido mais caro da loja? — Pedi para atendente com menos cara de abuso. Me pergunto porque elas estão julgando, acham que porque trabalham em uma loja de rico, são? Tão iludidas.
— Senhora, me desculpe, mas o vestido que me pede custa dez mil reais. Tem certeza que é esse mesmo que procura? — A funcionária basicamente, em termos educados disse: Você surtou? Você não paga isso nunca. Me pergunto o que faz um vestido ser tão caro, mas eu quero fazer raiva aquele idiota. Gastar o dinheiro dele me parece uma boa.
— Sim, exatamente. Onde me troco? — Respondi. A funcionária que me atendia acenou concordando e me indicou onde era o trocador. Não disse mais nada. Entretanto, as outras começaram a cochichar. Era irritante.
Finalmente o vestido chegou. Parecia uma pedra preciosa. Ao mesmo tempo que brilhava, era delicado e simples. Me pergunto que poderia ter feito essa obra-prima. Com ajuda da funcionária, vesti. Pela primeira vez vez na minha vida, me olhei no espelho e me senti maravilhosa. O vestido era um preto longo, com enorme decote, seu tecido brilhava e havia uma fenda que permitia uma melhor movimentação.
— Que demora! Quanto tem... — Magnus me olhou surpreso ao me ver no vestido.
— Que foi? Minha beleza te deixou sem fala? — Brinquei com a surpresa dele.
— Surpreso que você possa até parecer apresentável. Agora paga logo isso e vamos. Estamos atrasados. — Magnus sempre seco, mas sabe... Acho que ele ficou por um segundo que fosse encantado comigo. Isso é divertido.
Concordei com ele, fui para fazer o pagamento. O cochichando aumentou. Agora não estavam mais falando de mim, mas de Magnus. Os homens, falavam que era um desperdício, uma mulher como eu, com alguém deficiente, faziam piada. Já as mulheres, julgaram que eu estava apenas usando Magnus pelo dinheiro. Eu não me importava com os comentários, o que dizem falam muita mais deles, do que de mim. Diferente de mim, Magnus estava a ponto de explodir de ódio. Isso não vai acabar nada bem.
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Atualizado até capítulo 108
Comments
Euridice Neta
Bando de fofoqueiros e preconceituosos...
2025-02-10
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Erika Sclaunick
podia ter fotos
2024-09-22
2
Erlete Rodrigues
eu acho que eles têm conexão que eles se entendem mesmo sem saber
2024-09-16
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