No fim, não sei se estava realmente acordada ou no meio de um sonho. Só despertei de verdade, com a entrada de um médico no quarto. Magnus estava dormindo profundamente. Posso ter adormecido, já que estava sonolenta? Sim. A possibilidade que tenha sido um sonho de um lado meu que acredita que esse homem é gentil parece bem mais plausível.
— Licença. Bom dia. Me chamo Afonso e sou o médico responsável pelo paciente Magnus. Fui informado que a senhorita é a cuidadora de Magnus, está correto? — O médico por volta dos seus vinte e poucos perguntou com um enorme sorriso. Como posso dizer, ser cuidadora não é lá meus melhores atributos.
— Acho que sou eu sim — respondi com o total de zero confiança.
— Então, pela ficha dele, não é a primeira vez que ele tenta suicídio. O que antes eram ocorrência espaçadas, distantes e não tão perigosas, estão se tornando cada vez mais recorrentes e colocando ele cada vez em uma situação de perigo real. Imagino que com seu histórico, Magnus esteja passando por uma depressão severa. Índico fortemente apoio psiquiátrico. Com tudo que aconteceu, sua mente ficou bem mais ferida que seu corpo. Caso o tratamento não aconteça, um dia ele realmente consiga tirar a própria vida. Tenha bastante atenção nas atitudes dele. Aliás, você estão liberados. Vou pedir que as enfermeiras peçam um táxi para vocês. — Afonso não me deixou nem ao menos agradecer. Logo saiu. E quem diabos coloca as enfermeiras para pedir táxi? Os médicos desse lugar são estranhos.
Levantei da poltrona onde eu tinha adormecido, olhei para aquele homem enorme dormindo e para cadeira de rodas que estava ao lado da cama. Eu me perguntava como eu conseguiria mudar ele de um para o outro.
— Licença. Doutor Afonso pediu para que eu movesse o paciente para a cadeira, mas vejo que ele ainda está dormindo. — Um homem alto, forte, com uma camisa escrita maqueiro entrou na sala.
— Não, tudo bem. Já estou acordado. — Magnus disse jogando o lençol longe. Desde quando será que ele está acordado? Será que ouviu tudo que o médico disse? Faria alguma diferença se tivesse ouvido? Ele está dentro de um poço, sem ajuda não vai conseguir sair.
Com ajuda do maqueiro, Magnus passou para a cadeira de rodas. O maqueiro se despediu e saiu. Me aproximei para empurrar a cadeira de rodas, mas o idiota me olhou como se quisesse me queimar com o olhar.
— Eu não sou inútil a esse ponto, posso empurrar uma cadeira de rodas, sua nanica. — Magnus respondeu antes de sair porta a fora. A cadeira estava indo mais rápido que eu.
— Para! Assim eu não consigo te acompanhar. — Eu gritei e o hospital todo me olhou.
— Quem manda ter as patas pequenas. Vai ter que correr se quiser me acompanhar. — Magnus gritou sem diminuir a velocidade. No fim, eu tive que correr mesmo para alcançar ele.
— Você tem como hobby torturar suas cuidadoras? — Perguntei ofegante.
— Não, só aquelas que se metem onde não são chamadas e são nanicas. — Magnus estendeu a mão para um carro que passava.
— Senhor Magnus, o senhor por aqui? Não me diga que aprontou novamente. Não faça isso. Aliás, obrigado pelas cestas básicas que enviou no último mês. Com a praga que caiu sobre a minha colheita a família toda estava com dificuldades. Eu nem sei o que seríamos de nós sem você. Precisa se cuidar melhor. E quem é essa? A sua vítima atual? Não maltrata muito ela. Parece ser ainda uma criança. — O homem disse rindo enquanto colocava Magnus dentro do carro e guardava sua cadeira. — Pode entrar, senhorita. Magnus rosna, mas não morde.
— Eu só como comida de primeira, acha que eu iria sair por aí mordendo qualquer coisa? — Magnus disse enquanto colocava o cinto de segurança.
Acabei ignorando. Estava pensando sobre o que o médico disse. Tenho certeza que Magnus faz de tudo para afastar as cuidadoras. Ele está mesmo decidido a acabar com a própria vida. Isso é tão triste. Eu quero ajudar ele, não sei como, mas ao menos, nesses próximos seis meses, vou cuidar dele o máximo que eu puder. Não vou deixar que ele faça novamente isso. A vida é muito rara, mesmo que seja difícil e dolorosa. Darei o meu melhor para fazer com que esse idiota lembre disso.
— Chegamos! Aliás, minha sobrinha perguntou se você não precisa de outra massagem. Tenho até medo que tipo de massagem aquela garota sem juízo anda oferecendo ao senhor. — O homem disse enquanto retirava Magnus do carro. Eu fiquei de longe apenas observando.
— Avise que quando precisar ligarei para ela. Por enquanto, estou bem. — Magnus respondeu indo em direção da casa.
— Obrigada pela carona. — Agradeci ao senhorzinho.
— Menina, ele é difícil, mas é uma pessoa boa. Tenha paciência. Não desista como as outras. Ele precisa de alguém que insista nele. Vou indo. Precisar tem meu número na geladeira. — O homem gritou com o carro já saindo da prioridade.
Corri para dentro de casa, Magnus não estava na sala, meu coração apertou. Eu nem sequer conhecia a casa. Acabei indo de cômodo em cômodo, até encontrar com ele no escritório.
— Farei o pix no valor que você quiser para você ir embora daqui agora. Não estou com paciência para mais uma enviada dele. O quanto que você quer? Todo mundo tem um preço e pessoas como você, são ainda mais baratas. — Magnus perguntou me entregando papel e caneta. Me senti um lixo, insultada. Ele realmente achou que poderia me compra com dinheiro. Idiota.
— Não quero o seu dinheiro. — Respondi sentindo um nó na garganta se formando.
— Não adianta se fazer de boazinha, me fala logo o que você quer para ir embora daqui. — Magnus insistiu.
— Eu quero que você me deixe cuidar de você. Pelo menos, nos próximos seis meses. Pensando bem, eu vou fazer isso você querendo ou não. Nem que eu tenha que colocar fita adesiva na sua boca para que deixe de falar besteira. Eu não vou embora. — Gritei. Eu sei, não deveria está preocupada com uma pessoa que me trata assim, mas... Eu não consigo ser a pessoa que vira as costas para alguém que está assim. Quero ajudar. Se eu fosse embora, ele acabasse conseguisse sucesso nas suas tentativas, eu me sentiria culpada para sempre.
— Quem te... — Magnus foi interrompido pela campainha.
— Eu vou abrir a porta. — Falei antes de sair correndo, não queria deixar ele sozinho muito tempo. Assim que abri a porta, o choque tomou conta de mim. O que ela faz aqui? O que aconteceu?
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Atualizado até capítulo 108
Comments
Erlete Rodrigues
ela é uma criatura boa e também tem os motivos pessoais dela né ela tá pensando na mãe dela
2024-09-16
1
Nil
Magnus não adianta tentar subornar a Rafaela, pois é determinada. e vai te salvar.
2024-05-31
3
Maria Izabel
Rafaela coloque as piranhas no devido lugar não permita que ninguém te humilhe
2024-05-18
1