Matheus me olhou como se eu tivesse enlouquecido, o que faz total sentido, já que eu simplesmente estou pedindo para voltar para casa do homem que me tratou como um lixo e me jogou em uma estrada escura sem qualquer receio.
— Você quer mesmo isso? — Matheus parecia temeroso em me levar.
— Se você soubesse, que a vida de alguém estava em perigo. Que você poderia fazer algo. Mesmo que gostasse ou não da pessoa, você não faria nada? Ok. Se eu escolher não fazer, como me sentirei depois? Eu deixei que uma pessoa morresse por meu ego? Orgulho? Não vou querer levar a culpa da morte dele nas minhas costas. Ele não vale tudo isso. Irei salvar, mas será por mim, não por ele. — Expliquei para Matheus. Não sei se consegui explicar, mas não queria mesmo me sentir culpada da morte dele. Com toda certeza, hoje havia sido uma noite estressante para ele de várias formas.
— Bem... Acredito que você esteja certa. Me parece que seria uma grande injustiça deixar uma moça tão doce como você lidar com um sentimento tão negativo quanto esse. Vou conseguir o endereço dele direitinho e vamos. — Matheus concordou.
Matheus passou exames trinta segundos mexendo no celular e voltou com o endereço. Por isso que dizem que contato é tudo. Se fosse eu, teria que passar horas buscando no Google e era capaz de nem encontrar. A vida de pobre e suas injustiças.
— Deve demorar alguns minutos para chegar. É bem longe mesmo a casa. Sabia que ele tinha se isolado, mas não pensei que era tanto. Ele era bem diferente. Quase irreconhecível as atitudes de Magnus. — Matheus disse parecendo preocupado.
— Você conhecia ele? — Perguntei surpresa. Não esperava um semblante triste ao falar de Magnus.
— Éramos amigos. Daqueles que sempre estavam juntos, mas até ele se apaixonar por Cristina. Magnus era aquele tipo de cara pegador, mas ao conhecer ela, parecia que nada mais importava, apenas a felicidade dela. — Matheus contou olhando pela janela. Parecia distante. Um pouco nostálgico.
— Vocês não são mais amigos? Algo aconteceu? — Questionei. Matheus falou " Éramos", certo?
— Não aconteceu nada. Apenas a vida afasta as pessoas. O namoro de Cristina e Magnus não foi bem aceito na família dela, nem mesmo na dele. Era caótico para eles. Então Cristina engravidou. Eles ainda estavam no ensino médio. Magnus decidiu parar os estudos e trabalhar, disse que manteria a sua família. Cristina decidiu sair da escola. Argumentou que era injusto apenas Magnus abrir mão. Ela faria a parte dela cuidando da casa e dando toda suporte. No dia que decidiram isso, foram em um cartório, apenas eles dois e casaram. Bem maluco, né? — Matheus riu. Na verdade, achei a história linda. Eles lutavam e ajudavam um ao outros. Mesmo que isso fosse bater de frente com sua família.
— Como ele saiu do ensino médio, casou, começou a trabalhar, deve ter sido difícil mesmo manter o contato com ele. — Fazia sentido agora a distância criada entre eles.
— Não apenas isso. Eles viviam em guerra com as suas famílias. Que insistiam para o fim do casamento. Pelo menos, era dito isso nas todas de fofoca. No dia que Cristina morreu, eles estavam voltando da casa da mãe de Magnus. Não sei ao certo até hoje o que aconteceu, mas fui ao enterro, ele gritava chamando por ela e a filha. Pedia desculpas. Que não conseguiu proteger elas. Tiveram que dopar ele e tirar do local. Depois disso, ele se isolou. Cristina era a cor na vida de Magnus. Antes dela ele não se importava com nada. Tudo era um enorme tédio. Depois dela, ele começou a valorizar cada segundo. Ela o ensinou a amar e apreciar a vida. — Matheus disse suspirando.
— A pessoa que eu estou "cuidando" não se parece em nada com a sua descrição. Tem certeza que ele não foi trocado? — Perguntei. Não tem como alguém ficar tanto amargo.
— O que acontece com uma caixa belíssima, onde se guarda um diamante valiosíssimo, se a pedra que ela protegia for roubada? — Matheus me questionou.
— Nada. Basicamente, ela perde a função e fica vazia. — Respondi.
— Normalmente, até mesmo jogam fora. Que utilidade teria guardar algo assim, certo? Acho que é exatamente assim que Magnus se sentem. Foi tirado dele, aquilo que fazia ele ser melhor. O que fazia ele sentir vivo. Agora, naquela casa isolada, existe apenas uma caixa vazia de uma jóia sem igual. A dor dele é imensa. — Matheus explicou. Enquanto ele falava, senti lágrimas saindo do meu rosto. — Não falei isso para te fazer chorar, muito menos perdoar a forma que ele te tratou, apenas queria mostrar que as pessoas são transformadas pelas situações e nem sempre é para algo bom.
— Não tem nenhuma forma de ajudar ele? — Acho que Magnus se sente tão vazio, inútil, que não sente mais qualquer vontade de viver ou interagir com ninguém. Ele só quer por fim a sua dor em companhia da sua solidão.
— Se você descobrir, pode me contar? Talvez eu compreenda ele por ainda está de luto pela minha irmã. Parece que nada mais faz sentido. Tudo perdeu um pouco do brilho, do sabor. — Matheus confessou.
— Talvez seja normal se sentir assim, mas... Você não deve deixar que esse sentimento tome conta. Sua irmã deve ter o mesmo carinho que você tem por ela. Acha mesmo que ela ficaria feliz assistindo ver você caindo? Claro que não. Ela deve está assistindo anima e ansiosa que você prospere. Não é errado sentir falta, na verdade, só mostra que era especial. Talvez o erro — Estava falando quando fui cortada pelo mortorista.
— Senhor, a casa que você me falou é aquela? Parece está pegando fogo. — O motorista disse ao parar o carro bruscamente.
Meu coração disparou. Havia fogo por toda a casa. Desci o carro correndo, indo em direção ao lugar. Parecia uma enorme fogueira de São João. Não havia mais ninguém para ajudar. Nem mesmo tentando apagar o fogo que apenas aumentava. Será que esse realmente é o fim daquele homem? Eu sei que ele é um idiota, mas... Não parece justo.
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Atualizado até capítulo 108
Comments
Erlete Rodrigues
Será que foi ele que pôs fogo ou colocaram fogo com ele dentro
2024-09-16
0
Maria Das Dores
😭😭😭😭😭Não Magno Vc não fez isso porfavor Aurora não deixe q Ele morra
2024-03-20
11
Ana Alice
Misericórdia, que loucura essa história....🙈😭😭
2024-01-29
5