Não tenho certeza do que realmente aconteceu, pode ter sido whisky, mas a probabilidade que ele tenha se entupido com esse remédio é enorme. Acho que a função de uma cuidadora é manter o paciente vivo, certo? Acho que não sou muito boa nisso. Mal cheguei nessa casa e o homem já tentou suicídio duas vezes. Eu não sei mesmo o que fazer. Acho que o melhor que faço é ligar para Robson, mesmo que seja tarde. Não tenho como fazer nada mais.
Robson chegou rápido, para meu alívio. Examinou Magnus enquanto eu explicava o que exatamente tinha acontecido, bem, pelo menos a informação que eu tinha. Não demorou cinco minutos, Robson concluiu que precisávamos ir para o hospital urgente. Assim que o carro dele passou pelo portão, meu celular tocou, era do número que tinha no contrato.
* CHAMADA ON *
— Onde pensa que está indo? Pensei que era claro que você não tinha permissão de sair da casa sem autorização antecipada. Não estou a fim de graça. Volte agora ou vou agora mesmo buscar sua mãe. Abriu uma vaga nova no bordel, uma das vadias morreu. Vai ser uma mão na roda sua mãe agora. — O homem disse. Achei ter reconhecido a voz que falava comigo, mas não tinha certeza e nem tempo para tudo isso.
— Sua mãe deve ter uma vergonha imensa do que o filho se tornou. Cruz credo. E eu não não estou saindo por querer. O Magnus não está bem, chamei Robson e ele concluiu que ele precisava ir ao hospital. Queria que eu fizesse o quê? Deixasse ele morrer. — perguntei. Estava indignada com a forma que estava sendo tratada o dia inteiro.
— Não seria uma péssima ideia. Ele é apenas um problema. Não sei porque não dão fim a ele logo. Maldito atraso de vida. Que saco. Ah, mas tu é ruim como cuidadora. Puta que pariu. Não passou nem 24 horas com o cara, já é a segunda vez que ele precisa de atendimento médico. Ao menos você vai resolver o nosso problema matando dele. — O homem disse antes de desligar.
* CHAMADA OFF *
Na mesma hora o celular de Robson tocou. Foi impressão minha ou ele fez careta ao olhar o visor? Eu não sabia exatamente com que estava falando, mas tinha uma suspeita. Parecia irritado enquanto explicava a situação do Magnus e o motivo para levar ele para o hospital.
— Chegamos, Rafaela. Pode pegar uma cadeira de rodas para mim, por favor. O homem pesa uma tonelada, não posso levar ele nos braços. Preciso me dedicar muito a academia para conseguir esse feito. — Robson pediu. Quando estávamos vindo, ele também colocou Magnus na cadeira de rodas, depois de o colocar no carro, deixou a cadeira no porta-malas.
— Farei isso. — Desci correndo do carro, fui direto no porta-malas, tirei a cadeira e coloquei próximo a porta do veículo.
Com muita dificuldade, Robson colocou Magnus na cadeira de rodas, empurrou rapidamente até a emergência, eu apenas corri atrás, não tinha muito o que fazer. Acabei me perdendo deles dois no meio do hospital. Fiquei na recepção esperando alguma notícia. Depois de mais de uma hora, quando eu já achava que o idiota tinha batido as botas e me preparava psicologicamente para trabalha em um bordel, Robson me aparece.
— Aí está você. Rodei o hospital inteiro atrás de você. Vem comigo. Vou te levar até o quarto que ele está. — Robson disse com um sorriso falso. A cara dele gritava cansaço.
— Você está cansado. Desculpa te chamar está hora. Como está o Senhor Magnus?! — perguntei enquanto andava atrás de Robson, ele tinha passos tão rápidos. Também, as pernas dele eram quase do meu tamanho. Uma passada dele vale três das minhas.
— Veja por si mesma — Robson disse abrindo uma porta, Magnus na estava dormindo, com diversas máquinas ao seu redor, ligadas a ele. — Aqui está o menino arteiro. Você precisa ficar de olho nele constantemente. Ele gosta um bocado de aprontar quando encontra brecha. Eu sei que Magnus pode ser bastante irritante e babaca, mas ele não era assim. Antes do acidente era uma das melhores pessoa que eu já havia conhecido na minha vida. Ele era o tipo de pessoa que merecia a felicidade. A vida não é lá muito justa. Espero que um dia consiga superar toda a dor que o invade.
De certa forma, me senti culpada pela situação toda. Eu sei que não mandei ele fazer nada disso, mas se pensar bem, aquele homem perdeu tudo. Seu coração está ferido. O mundo se virou contra ele. Posso julgar alguém que passou por tudo aquilo, acabar odiando tudo e todos? Acho que até mesmo se odeia, não suporta sua existência, por isso as diversas tentativas de suicídio. Eu realmente quero ajudar ele.
— O que aconteceu com ele? Realmente foi uma tentativa de suicídio? — perguntei sentando do lado da cama de Magnus. Que ficava até bonito dormindo.
— Não sabemos exatamente se a intenção era o suicídio, mas a mistura do whisky e dos remédios para dormir, é uma péssima combinação. Porém, com o histórico dele, possivelmente se tratava de um suicídio, só saberemos quando ele acordar. Você pode ficar com ele? Eu preciso dormir, amanhã acordo cedo. Já avisei para aquelas pessoas tudo que aconteceu e que você terá que ficar aqui. Não se preocupe. Se acontecer algo, pode me ligar. — Robson respondeu antes de sair do quarto. Nem me deu tempo sequer de me despedir dele.
— Como será que eu posso te ajudar? — perguntei segurando a mão dele. Aquele homem enorme deitado naquela cama, parecia uma passarinho ferido, que tinha perdido o seu dom de voar e acabou parando de cantar de tanta tristeza.
Acabei adormecendo totalmente daquele jeito, escorada na cama. Eu estava cansada. Depois de um dia daquele, era impossível não sentir sono. Despertei sentindo alguém acariciando meu rosto, mas estava com tanto sono, que mantive meus olhos fechados.
— Mesmo com todos esses arranhões, ela parece bastante bonita. O que será que aconteceu para ficar assim? Tu tem cara de quem pode fuder minha vida. Que idiotice a minha. Quem se importa. Ela deve ser mais uma enviada por aquele maldito. Cheia de segundas intenções. Mesmo que segure minha mão parecendo realmente se importar comigo, deve ser mais uma mentirosa. Quem se importaria com um homem deficiente? Não vou me deixar ser enganado por você. Espero que você desista e vá logo embora. — Magnus disse. Fiquei na dúvida se estava sonhando ou se ele realmente estava falando aquilo.
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Atualizado até capítulo 108
Comments
Josene Maria Moreira de Oliveira
parabéns tô amando a história pô favor colocar fotos
2025-02-13
0
Erlete Rodrigues
o bandidão horroroso é irmão dele?
2024-09-16
0
Ubiranildes Pereira
deve ter sido seu irmão que deve ter matado a família dele
2024-06-07
5