Esse idiota acha mesmo que eu queria está aqui? Neste fim de mundo? Com um babaca violento? Quem diabos ia querer está nessa situação? Se eu pudesse, já estava bem longe daqui, mas tenho opção? Não posso ir embora, nem mesmo tenho como sair daqui. No contrato deixa claro que sair desta residência sem autorização conta como quebra de contrato e venda da minha mãe para um bordel. Tanto faz. Vou ignorar as birras dele, assim como fazemos com crianças. Ele vai cansar em algum momento se eu não der atenção demais. Vou fazer a minha parte como cuidadora.
— Já está anoitecendo. Na ficha que o doutor Robson me passou, diz que você costuma jantar às 19h, vou descer e preparar algo. Tem algo em específico que queira comer, senhor Magnus? — Perguntei forçando um sorriso. Minha vontade mesmo era socar a cara dele.
— Que um minion com a voz irritante vá embora da minha casa. É pedir demais? Você não ouve as outras pessoas? Eu estou falando que não quero você trabalhando aqui. — Magnus acabou de me chamar de minion? Ah! Que idiota.
— Se eu não puder ajudar em nada mais, peço licença. — Falei antes de ir em direção. Vou ignorar. Preciso ignorar. Não posso cair na pilha dele.
— Desista e vá logo embora, anã de jardim! — Magnus gritou.
Respirei fundo. Xinguei ele mentalmente de tudo que veio na minha mente para extravasar o ódio que estava correndo dentro de mim. Um pouco mais calma, fui para cozinha. Ela era bastante equipada, tudo era bem baixo, o que me deixou muito feliz, normalmente tenho que subir em algo para ficar da altura certas dos armários e bancadas. Sim, sou um pouco baixa, não vou mentir. Tenho 1.56, mas não precisa exagerar, né?
Na ficha não tinha dizendo exatamente o que fazer para ele comer, apenas o que não poderia consumir. Sem saber muito o que fazer e sendo péssima na arte da cozinha para piorar, decidi fazer um misto quente com suco de laranja. Deixei alguns preparados para mim, eu estava morrendo de fome.
Subi com a comida em uma bandeja que estava em cima da mesa. Ela tinha umas pernas. Creio que seja para colocar em cima da cama. Entrei no quarto, esperava que ele tivesse me gritando, mas parecia está ouvindo algo no fone de ouvido. Só se deu conta da minha existência quando me aproximei dele com a comida.
— O que você acha que está fazendo? Acredita mesmo que eu vou comer essa merda? Você não tem cérebro? Acha que qualquer besteira que fizer de forma preguiçosa eu vou comer. Não quero o lixo da sua comida. — Magnus gritou. Pude sentir o cheiro de bebida de longe. Me pergunto onde ele conseguiu.
— Me desculpe. Eu não sabia exatamente o que você gostaria de comer. Prefere algo como um omelete? — perguntei. O cheiro de bebida nele lembrava o meu pai, o que me deixava ainda mais irritada. A forma que Magnus me tratava me trazia péssimas lembranças. Que eu preferia muito esquecer.
— Você não entendeu ainda? Já vejo que seu cérebro é proporcional ao tamanho do seu corpo, nanica. Eu não irei comer nada feito por você. Não quero e nem preciso de ninguém. Me deixe em paz e vá logo embora. Não entendeu que apenas é um grande incômodo? — Magnus falava. Enquanto isso, eu me imaginava esbofetiando ele, para tentar evitar fazer de verdade.
— Bem, se você não quer comer. Morra de fome, se é isso que você quer. O problema é seu! Vou quebrar minha cabeça com birra não. Sem tempo, irmão. Você é pior que criança mimada. Vou jantar em paz lá embaixo. Faça o que você quiser. Se precisar de algo, aperta o botão. — Explodi. Ao menos me controlei o suficiente para não bater nele.
— Você sabe com quem está falando? — Magnus perguntou irritado.
— Com um homem de cerca de trinta anos, mas tem a maturidade emocional de uma criança. Eu não me importo com o que você quer ou não. Vou fazer meu trabalho. Fui contratada para isso. Não vou perder minha paciência com uma rebeldia que não dará em absolutamente nada. Apenas gasto inútil de energia. Se me der licença, irei comer as minhas deliciosa torradas. Tenha uma boa noite. — Acho que meu juízo fugiu. Tenho certeza. Deve ter concluído que eu não poderia sair daqui, mas ele sim, então foi embora e me deixou com o idiota.
Bati a porta com raiva. Vou acabar sendo demitida. No contrato não tinha dizendo nada sobre demissão. E pelo que entendi, não foi exatamente ele que pediu uma cuidadora nova. Vou deixar que faça o que quiser, farei minha parte como fui orientada. Se ele não quer fazer a dele, não é problema meu.
Jantei assistindo televisão na sala. Uma paz que fazia tempo que não tinha. Eu sempre evitava ao máximo ir para casa ou ficar de bobeira fora do quarto, para não ter o risco de esbarrar com meu pai. Minha casa também nunca era silenciosa a noite, sempre tive que me manter de fones de ouvidos para a sanidade ficar intacta, acho que não foi muito eficaz.
Quando o filme que eu assistia terminou, aproveitei para dar uma olhada no ser abominável que morava naquela casa. Era uma das minha funções. Verificar os sinais dele antes de dormir. Ele tinha algo como um relógio que mostrava seus sinais. Entrei no quarto devagar, por sorte, estava dormindo. O whisky deve ter o derrubado. A garrafa estava jogada na mesa. Com um cuidado enorme me aproximei dele, para não ter risco de acordar e ouvir mais abobrinha, mas infelizmente, eu era desastrada. Acabei chutando a lixeira, espalhando todo conteúdo dela pelo quarto.
Desesperada, olhei na direção dele com medo ter de o acordado. Por sorte, nem sequer se moveu. Deve ter um sono muito pesado por conta da bebida. Enquanto recolhia o lixo, encontrei uma cartela de remédios vazia. O desespero tomou conta de mim. Será que é o que estou pensando? E se não for? Pode ser que esteja apenas bêbado, certo? O que eu faço agora? Não tenho ideia do que fazer.
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Atualizado até capítulo 108
Comments
Euridice Neta
Eita que tomou a cartela inteira de remédios, misericórdia perdeu o gosto da vida...
2025-02-10
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Blenda Clara
oia! o jeito que tu fala, tu tá falando de comida viu nojento!
2025-01-27
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Blenda Clara
nam mulher, tu é mais alta que eu
2025-01-27
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