Capítulo 20

Romano observou Sabrine virar-se e o encarar. Os seus olhos engrandeceram ao ver os orbes da garota ruiva brilhante, e em um tom ainda mais forte e feroz. Então percebeu que não era totalmente ela que estava no comando, e sim a loba. Não soube distinguir o motivo que a loba branca tenha a dominado, mas reconhece que talvez seja por um bom posicionamento. O alfa não deu passos ou ousou se pronunciar, apenas continuou encarando-a, mostrando confiança pelo olhar. A loba sorriu, e em seguida o brilho que se destacava nos olhos sumiram e o corpo de Sabrine decaiu ao chão. Em rapidez, o Alfa correu até ela, a carregando.

Romano a carregou, levando-a para dentro da casa novamente. Em minutos o sol do amanhecer iria se manifestar, e o dia se iniciaria. Romano apesar de ser bastante sábio e inteligente em vários aspectos, não soube identificar o porquê da Loba de Sabrine se manifestar de forma tão violenta como fizera. Pode até mesmo ser por instinto, pois as escritas condizem em suas ações. Entretanto, tomar por inteiro, ainda mais com todas as suas energias e forças, um corpo humano despreparado poderia trazer danos para a humana que vem a aguardando.

Romano lembrou da primeira vez que seu lobo o incorporou por completo: sendo certo que o lobo e o corpo humano, no caso, são conectados. Então, de qualquer forma, ambos sem um ao outro, não adquire o mesmo poder, sendo completamente impossível sobreviver e existir. O alfa lembra que estava no lugar onde estudava, junto aos outros lobos de sua idade. Quando um alfa ainda é menor, ele não é considerado o que é hoje, ele é apenas visto como um lobo comum. Um alfa só pode se transformar em um, através de suas ações envolvidas geralmente a alcateia qual faz parte ou, envolvida ao heroísmo em si, com a alcateia ou quaisquer outros lobos.

Nem todos os lobos conseguem ser alfas, somente aqueles que têm ligações com antigos alfas ou que tem o heroísmo de um alfa, sem ascendente mesmo que não seja por sangue. Romano reconhece que tinha apenas seus dez anos de idade, e que não tinha muitos amigos, fazendo-o consequentemente ser excluído por outros pequenos lobos. No entanto, sempre teve um coleguismo ultrapassado com os dois garotos gêmeos e a garota Patrícia, essa que sua família é amiga da dele, em gerações.

Romano, embora sempre tenha preferido ficar quieto, ele sempre se enturmou com aqueles citados. Em atos de heroísmo, ele defendeu os gêmeos e Patrícia de um grupo de lobos maiores que eles: revelando as suas pontas presas, os olhos vermelhos de Alfa e seu alto ruído, que poderia ser escutado em quilômetros. E mesmo que ele tenha se revelado tão cedo, não poderia tomar um cargo que era seu por direito, por ser jovem demais, não adquirir a responsabilidade e maturidade que um alfa da alcatéia deveria ter, e também não ter conhecimento sobre as regras, leis, tradições e treinamentos básicos que todos os alfa deveriam saber.

E então, seu pai, Fred, continuou até os seus dezenove anos sendo o Alfa da alcatéia. Porém, assim que o lobo de Romano revelou que ele estava totalmente experiente sobre os dilemas, o cargo lhe foi entregue. Fred continuou sendo um alfa, pois um alfa nasce e morre sendo um, no entanto, ele não poderia continuar ocupando o cargo. O pai de Romano passou a ser apenas um alfa e também conselheiro junto a esposa que se tornou a conselheira do próprio filho, já que como regra, um alfa sempre tem que ter dois conselheiros para o orientar, mesmo que sua palavra seja a última. E então, Romano se tornou o Alfa Líder.

Romano pôs Sabrine na cama do seu quarto, cobrindo-a com o cobertor. Ele passou a mão nos fios ruivos, tirando-os do rosto da garota. Escutou cada batida forte do coração, e a respiração serena.

— Ruivinha… — Murmurou, fazendo questão de passar a mão por todo rosto de Sabrine. Assistindo cada traço do rosto pálido e cheio de sardas que ela contém. — Como pode ser tão linda assim? — Questionou, mesmo que não esperasse que ela lhe respondesse realmente, mas o questionamento foi para si mesmo.

De repente, ainda com os olhos fechados, Romano a viu puxar sua mão, segurando com firmeza, puxando-o para perto. Ele, por sentir a firmeza lhe puxando, deitou ao lado da garota ruiva adormecida. Preferiu manter a certa distância, por saber que os atos delas não são totalmente lúcidos, e ela podendo não gostar de vê-lo tão perto assim que acordar. Porém, a sua atitude de se manter longe foi embora assim que sentiu o corpo de Sabrine se aproximar de si mais ainda, jogando o corpo completamente em cima do seu e a sua única reação foi ficar quieto.

— Fique comigo, por favor. — Os lábios de Sabrine falaram, e Romano a fitou, mas ela ainda estava com os olhos fechados. Então ele concluiu que ela apenas está alucinando.

— Eu não irei para lugar algum. — Ele afirmou, sentindo-a abraçar seu corpo com total firmeza. — Ruivinha…

— Por favor… — Ela sussurrou, pedindo-o. Seu corpo foi ainda mais para cima do Alfa, e ele paralisou.

Romano suspirou fortemente, sabendo que se a garota ruiva acordasse, ficaria completamente envergonhada e talvez com raiva dele. Mas não conseguiu a afastar e afastar seus toques, sentiu o seu corpo aquecer com os comportamentos e mesmo que negue, gostou dos atos, mesmo que sejam totalmente lunáticos.

— Eu sempre estarei aqui, minha pequena ruivinha. Nunca irei te deixar, acredite em mim… Você é minha metade. — Romano murmurou, observando suspirar calmamente, aprofundada no sono.

Quando pequeno ouvia falar sobre predestinados e que eles são como a lua, mesmo que ela só tenha uma metade, a sua metade chegará - se preencherá -. E mesmo que tenha perdido as esperanças antes de encontrar sua metade, o seu coração transbordou felicidade quando a encontrou e fará de tudo para que ela se permaneça ao seu lado. Porque é o certo.

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