Capítulo 07

— Agora vamos, quero te mostrar onde as mulheres daqui se reúnem. — Dandara falou sorridente, a puxando. Parecia animada para mostrar os lugares dali.

— Onde as mulheres se reúnem? É um tipo de conselho? — Sabrine brincou.

— Tipo isso. As mulheres que fazem a maioria dos serviços aqui. Claro, os homens ajudam, mas eles preferem ir caçar, proteger a alcateia e até mesmo afastar os caçadores que nos procuram.

— Se eu pudesse, preferia ir caçar. — Sabrine falou, sendo sincera.

— Não sei se vai deixar, as regras aqui são claras e mesmo que você seja consequentemente a escolhida do meu irmão, ele não vai ceder tão facilmente.

— Por que diz isso? — Arqueou uma das sobrancelhas.

— Porque já tentei, muitas vezes. Tem uma história até engraçada sobre isso. — Relatou, pensando sobre.

— Quero saber sobre essa história.

— Foi há cinco anos atrás. Os gêmeos foram com Romano caçar, umas três horas da manhã. Fiquei implorando para meus pais e para eles que eu fosse junto a eles, porém, por causa das regras que já estão citadas aqui, eles obviamente não permitiram. Só que todos me conhecem, sou teimosa demais. Quando chegou o momento, fingi dormir e assim que eles partiram, eu fugi de casa e fui também.

— Mentira que você fez isso? — Sabrine gargalhou, atraindo alguns olhares.

— Eu fiz! Mas as coisas não deram tão certo assim. Lutei com um urso de sei lá quantos metros e tenho a cicatriz até hoje.

— Então não tem parte boa dessa história.

— Quer dizer… Tem. Eu consegui matar o urso e trouxe a maior caça de todos os tempos daquela vez. No entanto, ainda fiquei de castigo e recebi belas palmadas da mamãe. — Fez um bico. — Não gosto nem de lembrar.

— Pelo menos você matou o urso e mostrou às mulheres que elas podem fazer o mesmo. Além dos homens, que com certeza acham que só eles podem.

— Não é bem assim na verdade, Sabrine.

— Por que? — Perguntou.

— Muitas das mulheres aqui me criticaram, porque fui desobediente e me coloquei em risco. Todos ficaram desesperados me procurando. A verdade é que elas gostam de viver assim, seguir as regras ou foram colocadas desde crianças para isso e acabaram ficando acostumadas com isso, entende? Os lobos machos daqui simplesmente até pode ser que ficaram surpreendidos, porque consegui trazer o maior alimento daquele ano, mas eles não gostam de mulheres teimosas ou traquinas, a não ser os gêmeos que correm atrás de mim.

— Ah, nossa. Que chatice.

— E também tem o fato de que nem todos têm capacidade para caçar. Mas talvez você consiga, com o treinamento.

— Quem sabe. — Sorriu o mínimo.

— Só não se preocupe, aqui tem várias funções que você poderá fazer.

— Quais? — Questionou.

— Professora dos pequenos lobinhos caso goste de crianças, cozinheira caso tenha experiência na cozinha, você pode ficar na horta de alimentos caso goste de plantar, como ajudante da senhora Josy que é a costureira do lugar.

— Eu gosto de crianças.

— Já conviveu com muitas? — Indagou, mas lembrou que ela era presa, como todos os considerados Órfãos. — Ah, desculpe-me… Eu esqueci.

— Sem problemas, Dan. — Tranquilizou. — Não convivi tanto na verdade, mas eu às vezes via as crianças de lá… Sempre tive interesse de ficar perto delas, era doloroso ver as crianças órfãs sofrendo enquanto as outras vestiam do melhor, comiam fartamente e brincavam.

— Nossa, Sabrine. Deve ser bastante triste.

— Realmente, é muito triste.

— Vamos, chegamos ao Conselho das mulheres. Algumas são nojentas, mas não ligue para elas. — Dandara explicou. Sabrine assentiu em aceno.

Adentrando, elas podiam ver várias mulheres dentro daquela casa, estavam em conversas paralelas. Assim que sentiram a presença de ambas, viraram para as encarar.

— Vejam, a predestinada do Alfa está aqui. — Uma garota jovem, aparentando ter quinze anos, comentou.

Sabrine percebeu o incômodo de algumas mulheres ali com sua presença, mas outras estavam apenas curiosas.

— Você tem quantos anos?

— Nossa, seu cabelo é bastante vermelho, você pintou?

— É óbvio que é natural. — A outra respondeu.

— Seu corpo é bem magrinho, vou fazer algo para você comer, gosta de quê?

— Faça macarronada com carne, ela pode gostar.

— Acho ela muito jovem para Romano, ele precisa de uma mulher mais velha e experiente.

— E que saiba seus gostos. — Outra completou.

— Essa mulher não vai ser nenhuma de vocês.

— Ei, vocês podem parar? — Dandara falou. — Vocês estão a deixando constrangida.

— Não é como se ela fosse uma rainha. — A mulher morena retrucou.

— Mas ela será a mulher do Alfa, respeite-a. — Dandara ordenou.

— Será, mas ainda não. Então tenho chances. — A morena supôs.

— Você só terá se o Alfa falar que você tem, na verdade. — Sabrine replicou. — E se ele não falou, você não tem. Além de que ele pode morrer se me rejeitar e eu também posso morrer se o rejeitar. Então nessa relação, você é apenas uma pessoa inoportuna.

— Como ousa falar isso para mim?

— Eu não deveria? Mas é isso que você pediu a partir do momento em que fica resmungando igual a uma vadia.

Sabrine a observou encher os olhos de lágrimas, estufando o peito, suspirando fundo e se retirando do lugar, no passar tombando em si. Viu a amiga, possivelmente, da mesma correr atrás dela.

— Você arrasou, Sabrine. Pôs ela em seu devido lugar.

— Só não aguentei escutar besteiras, sabe? Porque não acredito que Romano a queira.

— Até porque ele te quer. — Dandara soltou, observando-a ficar na cor do cabelo. — E você sabe bem, sua safadinha.

— Ele é bastante atraente, não nego.

— É? — Provocou.

— É. O corpo dele é grande.

— Tudo é grande. — Dandara falou, fazendo ela arregalar os olhos. — Não que eu tenha visto, Céus! Só digo porque ele é o Alfa, sua estrutura corporal é a maior de todos os lobos daqui. E com certeza em forma de lobo, ele deve ser grande, literalmente. — Riu no final.

— Não me faz pensar coisas.

— Você é uma baita safada, isso sim.

Ambas riram.

Naquela tarde elas ficaram conversando entre si, sobre diversos assuntos. Elas de fato perceberam que uma bela amizade se formaria, pelo jeito de ambas pensarem e as comunicações compreendidas.

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