Capítulo 17

— Espera, você é a predestinada do Tio Romano? — A garotinha perguntou, totalmente eufórica.

— É mesmo! — O garoto pareceu lembrar.

— Escutei a mamãe falando que o nome da predestinada era esse.

Sabrine arregalou levemente os olhos.

— Sou sim, mas não precisam ficar na formalidade ou algo do tipo. — Sabrine os informou, pedindo.

— Nossa, você é tão legal. — Comentou.

— Sim, e eu amei os cabelos ruivos… Nossa, você tem muitas sardas! — A garotinha completou a fala do irmão, expressando estar animada.

— Obrigada, queridos. — Sabrine apelidou, carinhosa. Sentiu-se acolhida com as crianças, pelo jeito fofo de que agem e totalmente verdadeiro. — Mas já que vocês vieram querendo os livros, podem pegá-los.

As crianças ficaram caladas de repente, e Sabrine estranhou o comportamento.

— O quê foi, crianças? — Questionou preocupada. — Podem me dizer, não precisam ficar com medo ou envergonhadas.

— É que não sabemos ler… — O garoto começou, mas se mostrou envergonhado para terminar.

— Nos gostamos das cores, dos desenhos e das letras… — A garota começou, completando: — Você poderia ler para a gente? — Pediu.

Sabrine levantou-se, deixando o livro que pegou em cima da mesa.

— Claro, será um prazer. — Sabrine os falou.

As crianças sorriram animadas, e ambas sentaram nas pequenas acomodações.

Já Sabrine, caminhou até a estante novamente e apanhou um livro infantil.

— Esse livro se chama Olhe para o céu! — Começou, notando o olhar das crianças brilharem. — "Me disseram que toda estrela é um sorriso do impossível, de que o céu era uma pintura viva e infinita. E que tudo isso está longe demais para poder tocar. Eu acreditei nisso, por pouco tempo.

Sempre morei em uma cidadezinha tão pequena que era até difícil ver a casa do vizinho de tanto espaço que tinha entre uma casa e outra. Toda vez que quero ficar sozinho eu corro para o quintal, tudo bem... Não é um quintal, é muito mais que isso. Toda vez que deito na grama macia, olho para cima, e fico imaginando quando vou chegar lá.

Sou quieto, não dou trabalho para meus pais e tento evitar problemas. Não sei bem porquê sou assim, mas eu sou. Hoje estava olhando para o pôster do meu filme favorito, e fiquei pensando no que estava escrito lá...

As pessoas por aqui não acreditam nesse tipo de coisa, dizem que é bobagem. Hoje peguei o pouco de coragem que tenho e resolvi fazer isso. Fui até o quintal, corri um pouco para longe de casa enquanto mamãe não estava vendo, olhei para o céu e disse: Eu quero ir para a lua.

— Eu quero ir para a lua.

— Eu quero ir...

— Para...

Cansei de tentar, sentei na grama, continuei olhando para o céu, sussurrando meu pedido. Sem perceber caí no sono. Quando acordei a lua brilhava muito mais forte do que o normal e estava grande, muito, muito grande. Parecia que estava na minha frente olhando para mim.

Tentei pela última vez:

Eu quero ir para a Lua.

Do nada apareceu um degrau flutuando na minha frente! Parecia ser feito de vidro, é largo e espaçoso. Quando percebi apareceu mais um, e outro, e outro, e outro, no fim todos levavam até um só lugar.

Aquela grande meia lua.

Fui subindo um por um. Tive muito medo de cair, os degraus eram transparentes e se mexiam um pouco. Aos poucos fui percebendo que a lua estava perto demais, como se o céu fosse muito mais baixo que parecia. Além do mais os degraus eram feito do mesmo material da lua, eles brilhavam mais e mais. Quando cheguei no último percebi que a lua era toda feita de diamante, o brilho dela parece que vem de dentro. O mesmo brilho que via do meu quintal estava vendo ali, não importa quanto longe estivesse da lua o brilho é o mesmo.

O mais engraçado é que a lua não estava redonda, era realmente uma meia-lua.

Eu andei de um lado para o outro, quando cheguei na ponta percebi que o chão estava diminuindo, se desfazendo e virando um pó. Foi então que escutei a voz:

Fiquei com muito medo, mas mesmo assim aquele lugar era tão bonito que fiquei calmo muito rápido.

— Quem... Quem está aí?

— Eu sou a luz da lua. Escutei o seu pedido e te trouxe aqui. Todas as noites eu ilumino a escuridão do mundo, ouço o que as pessoas têm a dizer para mim, inclusive o que você disse.

— Com licença... Você é feita de diamante?

— Sim. E uma vez você também me perguntou por que eu às vezes sou redonda e às vezes parece que levei uma mordida. A verdade é que eu me renovo sempre.

— É por isso que você está sumindo?

Então ela deu uma risadinha.

— Não estou sumindo, estou me desfazendo para que vire pó de estrela. Tudo que sai de mim vai para o espaço e viram desde cometas até estrelas. Daqui um tempo vou sumir e voltar aos poucos até atingir a lua-cheia, depois vou me desfazer de novo e assim vai. Você acreditou no impossível, então te trouxe até aqui. Agora está na hora, feche os olhos que vou te mandar de volta. E lembre-se, quando achar que algo é impossível, olhe para o céu. Nunca se sabe quando uma estrela vai te dar uma resposta.

Senti um sopro e estava de volta no quintal, deitado no mesmo lugar da grama.

Meu nome é Gustavo, tenho dez anos e hoje eu fiz o impossível."

Ao terminar de ler, ouviu repetidamente as palmas vindas das crianças. Sabrine soltou um suspiro, com os olhos brilhante diante da alegria alheia. Seu sorriso demonstrou que poderia rasgar sua face, de tão forte e radiante que se mostrou.

Ao sentir uma observação, encarou o lado, notando a presença de Romano no lugar. Ela não soube decifrar o olhar que ele estava lhe direcionando, mas sentiu ser um olhar carinhoso e seu coração amou sentir isso, como nunca antes.

Romano estava a fazendo se sentir feliz, amada e acolhida, e isso não tem preço algum. E essa sensação, jamais trocaria por qualquer outra coisa.

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***