Capítulo 10

A noite já estava ficando cada vez mais escura, e Sabrine decidiu ir dormir, mas, na verdade, estava nervosa. Não sabia ao certo por que estava tão nervosa; talvez fosse pelo fato de que iria dormir no mesmo lugar que Romano.

Ela foi para o quarto primeiro, e Romano percebeu o ato incerto. Ela tomou um banho rápido, mas com todos os cuidados. Acabou molhando o cabelo, deixando-o úmido. Vestiu-se com um vestido folgado, apropriado para dormir. Deitou-se na cama, deixando a luz acesa, enrolou-se no edredom e fechou os olhos, mas não conseguiu dormir.

Minutos depois, escutou a porta se abrir e Romano entrou. Ele foi até o banheiro, tomou um banho que não durou muito tempo. Sabrine sentiu a presença por trás de si, e o silêncio insuportável se instalou. Em um instante, os braços musculosos envolveram-na pela cintura, puxando-a para mais perto e fazendo-a sentir o peitoral musculoso encostado em suas costas. A respiração pesada bateu diretamente em seu pescoço, fazendo seu corpo amolecer, e ela se arrepiou completamente.

— Está com sono? — Romano indagou. Sabrine arregalou os olhos por ele saber que ela ainda estava acordada, e também pela pergunta inesperada. Sentiu seu corpo amolecer pelo tom rouco e vibrante da voz do Alfa perto do seu ouvido. Ela brevemente prendeu os lábios, impedindo-se de gemer em surpresa.

— Não — respondeu sinceramente.

— Eu também não, ruivinha — apelidou-a, provocando-a. Sua mão apertava com firmeza a cintura da garota, e pela pele pálida dela, sabia que deixaria marcas.

— Não aperte assim... — Sabrine pediu, com a voz falha.

— Assim como? — questionou ele, alisando e apertando a cintura. Em seguida, sua mão desceu lentamente até a nádega da ruiva, fazendo-a gemer alto.

Sabrine não conseguia entender o porquê de qualquer toque, atitude ou palavra fazerem seu corpo e ela mesma se tornarem completamente submissos. Não era uma emoção ruim, mas ela não sabia ao certo se isso era algo positivo. Sentia-se envergonhada por admitir até mesmo em pensamentos, mas era a pura verdade.

Romano aproximou mais seu rosto do pescoço de Sabrine, e, em apenas um suspiro, a ruiva sentiu suas entranhas se revirarem. Percebendo o choque que ela teve, o Alfa se encheu de satisfação. Com a mão, começou a apalpar com mais força a perna desnuda da mulher, notando-a vulnerável.

Com ousadia, Sabrine se virou, observando o olhar do Alfa. Ela se sentiu completamente perdida, como se estivesse numa floresta, mas, em vez de ser uma floresta sombria, era encantadora e cativante.

Aos poucos, Romano se aproximou do rosto da ruiva, encostando a ponta dos seus narizes um no outro. Instintivamente, os olhos de Sabrine se fecharam, e sua boca se abriu, esperando que a boca de Romano se colasse à sua. E então, isso aconteceu. A língua do Alfa adentrou suavemente, e em movimentos ritmados, ambas se movimentaram em sincronia.

Sabrine franziu as sobrancelhas, afastando-se bruscamente de Romano. Seu rosto, assim como os lábios, estavam avermelhados.

— Rápido demais — ela disse.

Romano se levantou, ligando a luz do abajur que desligara antes de se deitar.

— Sim, as coisas estão acontecendo rápido demais — concordou ele.

— Não entendo...

— O que não entende? — questionou.

— Não nos conhecemos, Romano. Essas são as nossas primeiras longas horas de convivência, e estamos parecendo dois cachorros no cio — Sabrine comparou, arrancando um riso do Alfa. Percebeu que consegue fazê-lo rir facilmente, e o Alfa notou que, como ninguém, ela o fazia sorrir.

— Não nos conhecemos nesta vida — afirmou ele. — Mas, em nossas outras vidas, com certeza sim, e é por isso que nos sentimos tão íntimos um do outro.

— É tudo muito confuso.

— Eu sei. Pode parecer assustador também, mas prometo que as coisas vão se esclarecer, e você vai se acostumar. Farei de tudo para que isso aconteça — ele garantiu. — Pode ser que nossos lobos estejam eufóricos, querendo coisas que não devem acontecer agora. Como já disse antes, podemos agir por impulso, mas, mesmo que não pareça, os sentimentos são verdadeiros.

— Eu acredito — Sabrine falou. — Mas você está invadindo meus limites, entende?

— Então é melhor eu dormir no outro quarto. Vai ser o melhor para nós dois — disse ele de repente, pegando um travesseiro.

— Não! Eu vou para o outro. O quarto é seu, e eu não quero incomodá-lo — Sabrine insistiu.

— Sem mais nem menos. Eu vou para o outro quarto — disse Romano, retirando-se do cômodo. — Boa noite, ruivinha.

Sabrine o observou sair do quarto, fechando a porta em seguida. Sentiu-se culpada por tê-lo tirado do conforto e do quarto que claramente era dele. Soltando um resmungo, deitou-se de vez na cama, enrolou-se na coberta e apagou a luz do abajur.

De fato, a noite foi difícil. Quase não conseguiu pregar os olhos e, sinceramente, não sabia se realmente chegou a dormir profundamente. Seu corpo estava cansado, completamente exausto, mas seus pensamentos pareciam lutar entre si, gerando um grande alvoroço em sua mente. Na manhã seguinte, ela quase não se levantou tão cedo. Romano entrou no quarto sem fazer barulho, pegou suas roupas e decidiu tomar banho no outro quarto, retirando o cansaço e o suor da noite passada.

Romano não estava confuso como Sabrine. Ele já estava se adaptando à nova realidade, com a companheira que esperou por tantos anos. Assim como todos os lobos, esperou que sua predestinada chegasse, e ela finalmente apareceu. Agora, seu objetivo era ajudá-la a se adaptar às novas situações ao seu lado, aos momentos bons e aos desafios que enfrentariam juntos.

Sabrine, por não conseguir dormir à noite, continuou dormindo pela manhã até a tarde. Romano, por sua vez, não fez questão de incomodá-la, saindo da casa e franzindo o cenho ao se deparar com uma confusão do lado de fora.

— O que está acontecendo aqui? — bradou ele, já totalmente irritado pela desordem. Todos presentes o olharam visivelmente assustados, afinal, o Alfa é, de fato, intimidador.

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