Capítulo 09

Romano estava na cozinha há minutos antes de ir, e ele informou a Sabrine que estava preparando uma bebida para ambos. A garota ruiva questionou que bebida era aquela, mas ele disse que não diria, apenas para deixar a garota impaciente.

Sabrine estava sentada no sofá da sala, com as pernas cruzadas. Seu cabelo estava preso de maneira desengonçada, e ela usava roupas emprestadas por Dandara. Estava observando a decoração da sala, que não havia percebido antes, e adorou as cores utilizadas. De fato, tudo era luxuoso, mesmo que ninguém na alcateia vivesse em meio a luxos. Os sofás eram de couro preto, cortinas vermelhas em alguns lugares, e havia quadros com pinturas de lobos e pérolas. Uma mesa pequena de vidro ficava no centro da sala.

Ela se assustou ao sentir a presença de Romano, mas o mesmo lhe mostrou um sorriso.

— Está com frio? — Romano questionou, notando que o vento de fora estava adentrando na casa e que ela estava com os lábios e as mãos trêmulos.

— Só um pouco. — Mentiu claramente, e Romano, como um lobo e alfa, percebeu a mentira.

— Tome. Cuidado, está quente. — Entregou a xícara com um líquido verde dentro. Sabrine, sem conter a expressão, fez uma careta. — Pode beber sem medo, não é veneno.

— Tá. — Levou a xícara até os lábios novamente, sentindo o líquido quente inundar sua boca e descer pela garganta.

— Gostou? — Perguntou a ela, sentando-se no sofá ao lado.

— Sim, é bom. — Ela disse, ainda sentindo o gosto na boca. — Mas por que é tão ácido? O que você colocou?

— Álcool. — Romano disse, calmo.

— Álcool? Eu nunca bebi antes. — Sabrine falou.

— Então me dê. — Suspendeu uma das sobrancelhas, estendendo a mão na direção dela.

— Não, você fez para mim, então é meu. — Levou aos lábios novamente.

— Teimosa. — Riu roucamente, em tom baixo. — Como foi seu dia?

— Foi bom, sua irmã é uma pessoa legal e ela parece ter gostado de mim. — Sabrine comentou. — Mas muitas pessoas parecem não gostar.

— Como assim?

— Seu pai ficou me olhando com aquela cara de lobo selvagem. — Romano segurou o riso, mas acabou rindo pelo jeito que a ruiva falou.

— Ele é assim, é apenas o jeito durão dele. — A explicou. — Mas relaxe, ele vai se acostumar.

— Entendo. — Assentiu. — Aliás, você se parece muito com ele, sério. As expressões, possivelmente.

— Só nisso, de aparência, puxei um pouco mais a minha mãe.

— Sua mãe é muito bonita. — Ela comentou, e Romano sorriu.

— Está me elogiando então.

Sabrine paralisou.

— Não, estou elogiando sua mãe. — Sorriu astuta.

— Sei. — Engoliu o líquido por inteiro, colocando a xícara na mesa.

— Não tem receio de ficar bêbado? Dizem que quando se bebe bebidas alcoólicas rapidamente, fica-se bêbado.

— Já estou acostumado, acredite. — Garantiu. — E o chá não vai deixar que a bebida se intensifique muito.

— Chá e bebida alcoólica, nunca vi isso.

— Está vendo agora. Aliás, está bebendo.

— Quero a receita. — Falou espontaneamente.

— Depois lhe dou. — Prometeu.

Sabrine assentiu, voltando a beber a bebida preparada por seu predestinado. Predestinado se torna uma palavra muito nova em seu vocabulário, dias antes achava que era uma órfã, então descobriu que pelo menos essa lenda é uma mentira e que os humanos pregam ódio por simplesmente nada. Descobriu que é uma das espécies, especificamente a primeira criação das bruxas, a loba branca e que é predestinada do Alfa da alcateia. E, apesar de ser tudo muito novo aos seus olhos, não sente medo dessa nova realidade, como sentia medo da realidade que os humanos a colocavam.

No entanto, espera que seja forte o suficiente para aguentar as coisas que passará na alcateia por ser predestinada do Alfa, o que consequentemente implicará lidar com ele.

— Além de Steve, alguém mais a incomodou? — Romano a indagou.

— Sim... Na verdade, não vejo como incômodo.

— Quem foi?

— Não foi nada importante.

— Quem a incomodou, Sabrine?

Revirou os olhos azuis.

— Uma mulher de cabelos negros. Não vi totalmente como afronta, mas ela pareceu bastante incomodada com a minha presença, sabe? Achei que poderia voar em meu pescoço.

— Patrícia.

— Patrícia?

— Sim, o nome dela é esse. Ela se casaria comigo caso minha predestinada não se revelasse. — Romano explicou.

— Agora entendi a revolta dela. — Sabrine riu sem humor.

— Está com ciúmes? — Alfinetou.

— Por que eu estaria? — O provocou.

— Porque você é minha mulher. — Romano disse como se fosse óbvio.

— Não… Ainda não sou.

— Ainda. — Sorriu ladino.

— Não é como se eu fosse sua posse também, não fale desse jeito.

— Uma hora você vai querer que seja. — A provocou mais ainda, a observando ficar na cor do cabelo.

— Não diga besteiras! — Resmungou corada.

— Não estou dizendo besteiras, ruivinha. Apenas a verdade, aceite.

— Por que você é assim?

— Assim como? — Deu de ombros, seriamente.

— Provocador! É chato.

— Não sou provocador, você que se irrita facilmente. — Comentou. — Você tem que trabalhar nisso, principalmente se seu lobo ficar mais presente, se irritar facilmente não é bom, para você e nem para as outras pessoas.

— Por que? — Romano suspirou.

— Já viu um lobo descontrolado?

— Não.

— Um lobo descontrolado pode matar pessoas, Sabrine. O seu primeiro passo é controlá-lo e depois se controlar para também não o descontrolar. Qualquer irritação desnecessária pode causar alvoroço.

— Não sei se estou preparada para controlar um lobo, do jeito que você fala parece super difícil. — Ela falou sendo sincera.

— E é.

— Obrigada pela motivação. — Sorriu falsamente, fazendo careta em seguida.

— Depois você vai se acostumar com o difícil, te garanto. Inclusive você pode até fazer amizade com sua loba. — Romano revelou. — Inclusive nossos lobos conversam.

— Sério? — Perguntou surpresa. — Isso é possível?

— Sim, é possível. — Confirmou. — Mas meu lobo teimoso não me deixa escutar a conversa.

— Por que? — Ficou confusa.

— Pode ser que eles queiram privacidade. — Romano explicou. — Mas não deve ser nada demais.

— Agora estou curiosa. — Riu sem graça.

— Na verdade, eles nunca deixam escutar. Mas, podemos conversar com nossos próprios lobos.

— Quando poderei conversar com o meu? — Sabrine o indagou.

— Quando for necessário, ou quando ela quiser. — Romano explicou. — Lobos são teimosos, certeiros… Porém, depende de cada um.

Sabrine assentiu, ansiosa para conversar com sua loba.

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Comments

sandra helena barbosa

sandra helena barbosa

Está ótima 😍😍😍😍

2024-05-26

0

Celia Evarista Moreira

Celia Evarista Moreira

estou adorando está história

2024-05-17

0

Eva Meireles

Eva Meireles

bem legal a autora não fazer uma personagem Fraca! e sim linda e forte

2024-05-08

0

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