Capítulo 04

Romano adentrou o quarto com os irmãos gêmeos, Kleber e Kaique, e imediatamente percebeu que os olhares deles pousaram sobre Dandara, sua meia-irmã. Ele sempre se incomodava com o jeito como os gêmeos a observavam, mas não disse nada. Disfarçadamente, desviou o olhar, concentrando-se na garota pálida à sua frente, deitada na cama. Sabrine, com sua pele clara como um véu branco, os cabelos longos e ruivos, e o corpo delicadamente sinuoso, capturava toda a sua atenção.

Romano nunca imaginou que sua predestinada apareceria de maneira tão inesperada. Tudo aconteceu após um episódio de rebeldia de Musk, uma das lobas mais indisciplinadas da alcateia. O lobo dentro de Romano havia se manifestado de forma intensa, como se soubesse que algo grande estava prestes a acontecer. O mais surpreendente para ele foi que seu lobo escolheu uma mulher tão jovem, uma criatura muito diferente do Alfa de dezenove mil anos que ele era.

Foi difícil para Romano explicar aos outros membros da alcateia que sua predestinada havia sido revelada de maneira tão abrupta. Muitos não ficaram satisfeitos com a notícia. Os lobos mais velhos, que há muito tempo planejavam que suas filhas mais velhas pudessem ser escolhidas como a futura esposa do Alfa, mostraram descontentamento. As senhoras da alcateia foram especialmente intolerantes, pois acreditavam que Sabrine era jovem demais e, aparentemente, sem a experiência necessária para ocupar tal posição. No entanto, todos sabiam que os predestinados não podiam ser rejeitados. Romper esse vínculo significaria a morte certa, tanto para o lobo quanto para seu companheiro.

Os lobos eram governados por regras severas, e suas almas eram profundamente ligadas a seus predestinados. Quando o vínculo era feito, o lobo dominava tanto a mente quanto o corpo de seu hospedeiro, tornando impossível ignorar o chamado.

Para Romano, encontrar sua predestinada era uma surpresa, mas também um motivo de felicidade interna. Ele já havia perdido a esperança de encontrar sua parceira depois de milênios de espera.

— Ela está bem? — Sua voz ressoou, enquanto ele se dirigia a Dandara, sua irmã.

— Está, como pode ver — Dandara respondeu, com um sorriso no rosto. — Mas você poderia perguntar diretamente a ela, já que está aqui.

Romano, pela primeira vez em séculos, perdeu as palavras. Algo naquela situação o deixava desconcertado. Talvez fosse o olhar confuso de Sabrine, ou o peso de saber que ela ainda não tinha noção de quem ele era e do que aquilo significava. Dandara aproveitou o momento de silêncio para sair do quarto, levando consigo os gêmeos, que sempre estavam à sua volta.

Agora, a sala estava em silêncio, e Romano caminhou lentamente até a cama onde Sabrine estava. Ele manteve uma distância respeitosa, mas não podia deixar de sentir a energia que parecia pulsar entre eles.

— Como está se sentindo? — ele perguntou, sua voz baixa e suave. Sabrine, ao ouvi-lo, sentiu seu corpo reagir de maneira estranha. Era como se suas emoções estivessem à flor da pele. Havia algo nele, algo que ela não conseguia explicar, que fazia seu coração bater mais rápido e sua garganta secar.

— Bem, embora muito confusa — ela respondeu, sua voz ligeiramente trêmula. Romano notou a fragilidade na fala dela.

Ele se levantou e caminhou até uma pequena cômoda do quarto, onde encontrou uma jarra de água. Com movimentos precisos, ele serviu um copo e, em seguida, se aproximou de Sabrine, estendendo-lhe o copo.

— Beba — disse ele.

Sabrine hesitou por um momento antes de pegar o copo. Quando seus dedos tocaram os dele, ela sentiu uma onda de calor percorrer seu corpo. Com timidez, levou o copo aos lábios, percebendo que Romano a observava atentamente enquanto bebia.

— Obrigada — disse ela, baixando os olhos.

— Não precisa agradecer. Faz parte do meu dever — respondeu ele, calmamente.

"Dever?" — Sabrine pensou, tentando entender o que ele queria dizer.

— Não, não é seu dever cuidar de uma completa desconhecida. Por isso, eu agradeço — insistiu ela, um leve rubor subindo por seu rosto.

Romano a observou por alguns instantes antes de responder.

— Você realmente não sabe nada sobre quem você é, não é? — Ele perguntou, com um tom de curiosidade.

Sabrine franziu o cenho, confusa.

— Não faço a mínima ideia do que está acontecendo — admitiu ela, sentindo-se ainda mais perdida.

Romano suspirou profundamente, como se estivesse se preparando para revelar algo importante.

— Você é uma loba, das mais raras, inclusive — disse ele, observando a reação de espanto em seus olhos.

— O quê? Isso não é possível. Eu sou apenas uma órfã. — A ideia parecia absurda demais para ela.

Romano balançou a cabeça.

— A lenda dos Órfãos é uma farsa — ele explicou. — Foi criada por uma mulher que se apaixonou por um demônio, mas, como ele não a amava, ela espalhou essa mentira para se vingar. Você não é uma órfã, Sabrine. Nenhum daqueles que chamam de órfãos realmente é.

As palavras dele a atingiram como uma marreta. Toda a sua vida parecia uma mentira. As lágrimas começaram a escorrer por seu rosto, e ela não conseguiu conter a dor que sentia ao pensar em todo o sofrimento pelo qual havia passado sem motivo algum.

— Então... minha vida toda foi baseada em mentiras? — ela sussurrou, incapaz de controlar o choro.

Romano, percebendo a vulnerabilidade dela, sentou-se ao seu lado na cama e, com cuidado, começou a massagear suas costas em um gesto tranquilizador.

— Acalme-se, Ruiva. Eu sei que é muita coisa para processar de uma só vez, mas as coisas vão melhorar — disse ele, com um tom reconfortante.

Sabrine limpou as lágrimas, envergonhada por estar chorando na frente dele.

— Desculpe, eu... eu não queria chorar assim — murmurou ela, tentando recompor-se.

Romano assentiu, compreensivo.

— Há muito o que você precisa aprender. Mas, por enquanto, você deve estar com fome. Vou pedir para Dona Rita trazer algo para você comer. Depois, conversaremos mais — ele disse, levantando-se.

— Certo... — murmurou Sabrine, ainda processando tudo o que havia acabado de ouvir.

— Meu nome é Romano. Pode me chamar assim — disse ele.

— Seu nome é bonito — Sabrine disse, corando levemente ao fazer o elogio. — O meu é Sabrine.

— O seu nome também é bonito, assim como você — respondeu Romano, com um leve sorriso.

Ela sentiu suas bochechas esquentarem ainda mais e desviou o olhar.

— O que você gosta de comer? — ele perguntou, mudando de assunto.

— Qualquer coisa... Não tenho preferência — respondeu ela, com um sorriso tímido.

Romano assentiu uma última vez antes de sair do quarto.

Minutos depois, Dona Rita entrou no quarto, preparando um banho quente para Sabrine. A jovem obedeceu, mergulhando na água quente, enquanto tentava processar a enxurrada de informações. Quando terminou o banho, vestiu o vestido que lhe fora deixado e voltou ao quarto, onde encontrou várias bandejas com diferentes tipos de comida.

Com fome, Sabrine sentou-se e começou a comer. Enquanto comia, Dona Rita a informou de que o Alfa viria buscá-la para uma reunião com os conselheiros da alcateia. Sentia medo da nova realidade que se desenhava à sua frente, mas sabia que recuar ou rejeitar o que estava por vir seria um erro ainda maior.

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Comments

Joselia Freitas

Joselia Freitas

É o tipo de história que eu amo, parabéns Autora, estou começando a ler,16/11/23. 👏👏👏👏👏💋❤️🌹

2023-11-17

38

Maria Sena

Maria Sena

Eita, já li dois livros de vampiros, nas de lobos é o primeiro, que seja tão bom quanto o dos vampiros
Mas se tratando da Naira pode apostar que será mais um sucesso, com certeza. a nossa autora de bilhões é porreta.

2025-02-16

0

Nélida Cardoso

Nélida Cardoso

parabéns autora à Istoria tá incrível como eu gosto muito /Heart//Heart//Heart//Heart/

2025-03-19

0

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